terça-feira, 25 de outubro de 2011

Rede Globo - Estupro, Homofobia e Preconceito: tudo a ver



Na História universal as grandes obras culturais serviram não somente como arte, para se admirar ou apreciar. Outras cumpriram outros papéis. 
Foi assim com Homero, em sua Odisseia e Ilíada, que mostram a perspicácia e capacidade do povo grego, os ensinam a adorar e respeitar os deuses.  Chaucer no seu livro “The Canterbury Tales”,  (Os Contos da Cantuária,) não só cria um estilo de escrever,  mas também unifica o Inglês medieval. Assim como Shakespeare vai ser como um padrão mais tarde nessa língua.
Dante, em a Divina Comédia, usa o céu e o inferno e unifica a língua Italiana.
Nos tempos modernos, porém, com os novos meios de comunicação, cada vez mais rápidos e abrangentes, é de se esperar que esses conhecimentos e atitudes fluíssem mais aceleradamente.
Foi assim como o rádio, em especial no Brasil. Ele serviu para alegrar e instruir, moldando a cultura nacional, criando celebridades, bordões. Programas de humor como PRK30, “Balança, mas não cai” e outros nos apresentaram personagens que até hoje em dia fazem rir, de situações tipicamente brasileiras ou universais. Esse caráter foi herdado pela televisão.
A Rede Globo de Televisão, líder de audiência desde a década de 70, tem ditado em suas produções, tais novelas, filmes, desenhos e programas de humor como o se portar, funcionando como formador de opinião, tendo um importante peso no processo de pensar e agir.
Infelizmente, a partir disso, vários preconceitos ficaram enraizados no consciente coletivo nacional. Só há pouco tempo começaram a aparecer personagens negros em papéis principais, como mocinhos, por exemplo. E mesmo em papéis secundários e figurantes, estes não são muitos. Algo que não reflete a realidade do povo que a Globo pretende retratar.
E não para por ai.Talvez você não perceba. Talvez até ache graça. Mas a violência contra as mulheres está sendo incentivada dentro da sua casa, de forma nada sutil, no humorístico Zorra Total. 
Todos sabem que este humorístico, transmitido pela Rede Globo, que nunca foi lá muito engraçado (e anda bem sem graça há tempos) tem apresentado quadros novos, onde vários personagens "tentam" fazer rir,  em um esforço de dar ao programa mais frescor e agilidade.  Por exemplo, o quadro “Metrô Zorra Brasil”, com as personagens: "Valéria” (Rodrigo Sant'anna), ex-Valdemar que operou e virou mulher e Janete (Thalita Carauta) - ambos do quadro "Lady Kate" do mesmo programa.
- AI COMO EU TÔ BANDIDA já virou um bordão. Segundo o ibope, Sábado (25) Zorra Total marcou 24.8 de média no mesmo horário, em comparação com a rede Record.
Na fórmula do roteiro, lá pelas tantas, em todos os episódios, um sujeito se aproxima, encosta e bolina a mulher de várias formas. No episódio do dia 9 de julho, o quadro mostrou a mulher sendo “tocada” em suas partes íntimas com a “batuta” de um maestro.
A mulher atacada, Janete (Thalita Carauta), cochicha com sua amiga Valéria (Rodrigo Sant’anna), que, ao invés de defendê-la, diz: “aproveita. Tu é muito ruim, babuína. Se joga”. Ouvem-se risadas automáticas.
É engraçado, mesmo, não é? Talvez não tanto para as muitas mulheres as quais sofrem com agressões sexuais no transporte público no nosso país. O metrô de São Paulo, sendo o mais lotado do mundo, é palco diário delas em suas composições. Impossível rir disso. 
Alguns meios de transporte coletivo no Rio de Janeiro reservam áreas ou vagões. Que funcionam como um refúgio,  para que as mulheres se sintam mais  vulneráveis, “babuínas” ou não.
Notoriamente a Rede Globo não se preocupa em ser uma emissora defensora das minorias, mulheres e/ou da diversidade. Recentemente o diretor-geral da emissora exigiu que os autores da novela “Insensato Coração” acabassem com comentários favoráveis às bandeiras gays, e recomendou menos ousadia nas cenas entre os dois personagens homossexuais que se percebe é que embora os cidadão homossexuais tenham conseguido várias conquistas ao longo dos anos, assim como os negros, isso ainda não se reconhece nas obras de ficção, muito menos naquelas desse canal.
Mas o Zorra Total foi longe demais. O quadro do programa incentiva a violência contra às mulheres e o estupro, de uma forma sistemática, já que o ataque é parte da estrutura permanente do texto. Ou seja, todas as semanas, a Rede Globo diz que as mulheres que sofrem abuso sexual devem “aproveitar” e “agradecer”, jogando contra, entre outras coisas, contra a autoestima das mulheres.
Todas as semanas nós recebemos em nossos lares a mensagem de que é natural abusar sexualmente de mulheres no metrô, nos trens, nos ônibus; naturalizando a violência contra a mulher, diminuindo a gravidade de um crime, tornando-o algo menor, sem importância.
   Como se já não bastasse o desserviço que o Zorra Total fazia à língua portuguesa com o “tô pagano”, do quadro "Lady Kate" do mesmo programa, agora há mais material para detonar essa z(p)orra. O Zorra Total agora diz pra mulheres aproveitarem enquanto são bolinadas em rede nacional e que ainda temos que rir disso.

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