domingo, 30 de junho de 2013

Marcha em Brasília denuncia violações e corrupção da Copa das Confederações

Manifestantes subindo a avenida Eixo Monumental
DE BRASÍLIA

Na tarde deste domingo (30/06), dia da final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha, um grupo de manifestantes em Brasília, seguindo a convocação do Comitê Popular contra a Copa no Distrito Federal feita na véspera no encontro da Assembleia Popular dos Povos do DF, para denunciar as violações aos direitos, corrupção e os gastos com a Copa das Confederações e Copa do Mundo de 2014.

A concentração começou às 14h na Rodoviária do Plano Piloto, com confecção de cartazes e distribuição de panfletos. Em seguida marcharam portando faixas subiram a avenida Eixo Monumental até o parque da Torre de Rádio e TV e a Feira de Artesanato. No alto do mirante da torre foi afixado um faixa com os dizeres "Copa pra quem?", enquanto os manifestantes circulavam em baixo cantando palavras-de-ordem.

Governo tem os recursos para atender os manifestantes, mas é preciso mexer nas empresas

ECONOMIA

R$ 115 bi adicionais até 2020 estimado por jornal para projetos na saúde, educação e mobilidade poderiam vir dos juros, superávit e desonerações. Porém, os manifestantes precisarão ir além de mais recursos, mas mexer nas empresas privadas de serviço público.

Mobilizações pelo Brasil exigem mais saúde, educação e
 transporte público
por Almir Cezar, de Brasília 

As grandes mobilizações das últimas semanas pelo Brasil exigem mais saúde, educação e transporte público. Os pactos anunciados esta semana pela presidenta Dilma são efetivados por projetos já em tramitação no Congresso Nacional. A grande mídia ataca que para atender às demandas dos manifestantes, a União teria que gastar a mais a R$ 115 bilhões até 2020.

Negando a lógica da matéria, existem os recursos públicos que cubram o valor levantado pelo jornal Valor Econômico. Poderiam vir do não pagamento dos juros da dívida pública, que apenas em 2013 consumirá mais de 8 vezes desse valor. Também poderiam vir do superávit primário, cujo valor representa 93% do montante de gastos previstos pelo jornal.  Por sua vez, apenas nos últimos cinco meses de 2013, as desonerações liberadas pela equipe econômica, mesmo com baixo resultado em aquecer a economia, somam R$ 9,134 bilhões.

A grande mídia e o governo fizeram suas escolhas, tanto agora como antes, ficando ao lado dos empresários, banqueiros e multinacionais, em detrimento do povo da rua. Porém, os manifestantes terão que ir além do que conseguir o aumento das verbas públicas para saúde, educação e mobilidade, mas exigir do Governo  e do Congresso mudanças sobre as empresas que prestam esses serviços públicos.

sábado, 29 de junho de 2013

Ativistas convocam ato nacional durante a final da Copa das Confederações, neste domingo

Arte de divulgação do ato disponível
na página do evento no facebook
Por Rodrigo Noel, de Niterói

   Amanhã (30) o Rio de Janeiro vai sacudir! Além da partida final entre Brasil e Espanha pela final da Copa das Confederações, ativistas do movimento social organizado estão convocando um grande ato para o mesmo dia. Para Julio Anselmo, estudante da UFRJ, está já pode ser chamada de "Copa das Manifestações".

   Sob o mote "Domingo Eu Vou Ao Maracanã", em alusão a famosa música de autoria de Neguinho da Beija Flor, os organizadores do ato vão cobrar dos governos mais compromisso com as necessidades do povo trabalhador e fim da submissão aos interesses da Fifa. Para Rafael Nunes, da CSP-Conlutas, os trabalhadores têm dado seu recado Brasil afora: "Os trabalhadores organizados em seus sindicatos, partidos e associações de moradores têm mostrado o custo social da organização desses megaeventos. Por isso, neste domingo vamos exigir o fim das remoções e despejos de comunidades, a imediata anulação da privatização/doação do Maracanã, entre outros pontos", disse.

Protesto reúne um milhão de pessoas no Rio de Janeiro

Após conquista da redução no preço da tarifa do transporte, manifestantes marcham pelo passe livre e por diversas outras causas na capital fluminense

Por Eduardo Araújo de Almeida, Myllena Cunha e Marina Schneider
Colaborou: Francilene Cardoso
do Rio de Janeiro, para Vozes das Comunidades

Cerca de um milhão de pessoas tomaram todas as pistas da Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio de Janeiro, no dia 20 de junho. A manifestação foi convocada oficialmente pelo Fórum de Lutas Contra o Aumento das Passagens, que defende o transporte público gratuito, mas as pessoas que caminharam da igreja da Candelária até a Prefeitura protestavam por diversas causas.

Os cartazes e palavras de ordem iam desde pedidos de mais investimentos do governo em saúde e educação e fim dos gastos com a Copa do Mundo até pedidos de “Fora Cabral”, “Fora Dilma” e “Fora Feliciano”. Moradores de favelas protestaram contra as remoções forçadas pelos governos e a violência policial, ao mesmo tempo em que jovens cantavam o hino nacional enrolados na bandeira do País e com os rostos pintados de verde e amarelo.
Av. Presidente Vargas no dia 20/06/13 |
 Foto: Pablo Vergara

Apesar das múltiplas vozes presentes, a hostilização a partidos políticos ficou ainda mais intensa do que na passeata da segunda-feira anterior (17/06) e se transformou em violência física. Vários militantes de partidos de esquerda e apoiadores que protegiam movimentos sociais organizados foram feridos. Para reprimir a manifestação e expulsar as pessoas das ruas, a polícia também agiu de forma extremamente violenta.

Os tumultos, que pareciam iniciados por pessoas mais interessadas em provocar a polícia e causar uma confusão generalizada, eram respondidos pelas tropas com muitas bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e outras armas ditas não letais. Centenas de manifestantes que tentavam voltar para casa foram perseguidos pelas ruas do Centro e da Lapa. Muitos também foram detidos pela polícia sem qualquer justificativa.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Copa? Falta cozinha, transporte, saúde, educação...

Pesquisador da Fiocruz Alexandre Pessoa analisa matéria em que governo, Fifa e CBF criticam manifestações. Ministro dos Esportes diz que forças de segurança vão garantir a realização dos grandes eventos.


Os pronunciamentos feitos pelos governos, CBF e Fifa revelam, ironicamente, uma espécie de “crise de identidade”, em que a CBF e Fifa incorporam uma postura de governo, e o poder público, por sua vez, se coloca como prestador de serviços a ambas. Entretanto, é perceptível, na retórica de todos, uma grande preocupação, decorrente do cenário atual de mobilizações em todo país, em especial nas cidades onde ocorrerão os jogos. Os megaeventos esportivos já vêm, há algum tempo, sofrendo denúncias de violações de direitos e do interesse público, por parte dos movimentos sociais e de setores da academia, com relação aos seus impactos socioambientais negativos. Dentre eles, destacam-se os altos custos bancados pelo orçamento público, as remoções forçadas de comunidades e as regulamentações arbitrárias para as áreas dos estágios.      

As construções ou reformas dos estádios sofreram sucessivos atrasos e aumentos de custos que favoreceram somente aos empreiteiros. Cabe relembrar que manifestações foram realizadas pelo fato de a Rede Globo ter recebido, do governo do estado do Rio e da prefeitura da cidade, R$ 20 milhões de dinheiro público para organizar o sorteio dos jogos da Copa das Confederações, que durou apenas duas horas. De acordo com o dossiê elaborado pelo Comitê Popular da Copa e Olimpíada do Rio de Janeiro, estima-se que cerca de 32 mil habitantes da cidade terão de deixar suas casas. A remoção violenta da Aldeia Maracanã teve repercussão nacional e internacional e várias comunidades, a exemplo da Vila Autódromo, sofrem com os riscos de expulsão, mas resistem. Diferentemente da fala do senhor Blater, pessoas estão sendo separadas de forma compulsória de suas relações de vizinhança e solidariedade, trazendo graves impactos à saúde.

Nota Pública contra a violência policial: após protestos polícia realiza chacina na Maré

   As favelas da Maré foram ocupadas por diferentes unidades da Polícia Militar do Estado do Rio (PMERJ), incluindo o Batalhão de Operações Especiais (Bope), com seu equipamento de guerra - caveirão, helicóptero e fuzis - ontem, dia 24 de junho. Tal ocupação militar aconteceu após manifestação realizada em Bonsucesso pela redução do valor da passagem de ônibus, como as inúmeras que vêm sendo realizadas por todo o país desde o dia 6 de junho. As ações da polícia levaram à morte de um morador na noite de segunda-feira. Um sargento do Bope também morreu na operação e a violência policial se intensificou, com mais nove pessoas assassinadas, numa clara demonstração de revide por parte do Estado.

   Diversas manifestações estão ocorrendo em todo o país e intensamente na cidade do Rio de Janeiro. Nas última semanas a truculência policial se tornou regra e vivemos momentos de bairros sitiados e uma multidão massacrada na cidade. No ato do último dia 20, com cerca de 1 milhão de pessoas nas ruas, o poder público mobilizou a Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ), contando com o Choque, Ações com Cães (BAC), Cavalaria, além da Força Nacional. A ação foi de intensa violência contra a população, causando um clima de terror em diversos bairros da cidade.

   Não admitimos que expressões legítimas da indignação popular sejam transformadas em argumento para incursões violentas e ocupações militares, seja sobre a massa que se manifesta pelas ruas da cidade, seja nos territórios de favelas e periferias!

As Manifestações de Massa e o Aparecimento Público do Fascismo

Por Carlos Serrano, em Revista Pitacos

Há um só amplo consenso político sobre as manifestações que se espalharam por todo o Brasil: elas pegaram de surpresa todos os campos políticos. Outra análise que, se não é consensual é majoritária, aponta – com valorações distintas, sejam positivas ou negativas – para o divórcio crescente entre a institucionalidade democrática burguesa e as massas brasileiras, que se materializam na rejeição ao sistema partidário. Para além disso, essas manifestações demonstraram a existência, até então desconhecida, de um campo fascista bastante organizado  em nível nacional.

Desde o início do primeiro governo Lula foram se definindo com clareza quatro campos políticos. Do lado burguês colocavam-se dois campos e do lado popular outros dois. É claro que os limites entre os campos variaram ao longo do tempo.

Como primeiro campo da classe dominante está a direita clássica, organizada em torno à oposição de direita ao governo (PSDB, DEM e outros) e tendo como órgãos oficiais a Veja, a Rede Globo e a Rede Bandeirantes (entre outros), de cunho abertamente neoliberal e conservador.

Coletiva convocada por ativistas da esquerda fluminense denuncia ataques de grupos de ultra-direita

por Rodrigo Barrenechea, do Rio de Janeiro

Foi realizada na manhã desta sexta, 28/06, na sede da CSP-Conlutas do Rio de Janeiro, uma entrevista coletiva convocada pelo PSTU RJ, e que contou com a presença da Assembleia Nacional dos Estudantes-Livre (ANEL) e de Aderson Bussinger, da comissão de direitos humanos da OAB-RJ, com o intuito de esclarecer o que realmente ocorreu nas manifestações do dia 20/06 passado. Segundo os principais meios de comunicação, teria ocorrido uma "briga entre os manifestantes", entre os militantes da esquerda e movimentos sociais, e os "sem-partido".

Cyro Garcia, presidente estadual do PSTU, foi categórico ao afirmar que houve, sim, uma "ação organizada por grupos de ultra-direita, que já tinham, na manifestação da segunda-feira anterior, tentado agredir militantes das organizações de esquerda", e que estavam se organizando para provocar e agredir os partidos da esquerda, especialmente por meio das redes sociais. Essa informação baseia-se, principalmente, no relato de um dissidente do assim chamado "Movimento Integralista", Márcio Hiroshi (não se sabe se esse nome é real), que teria exposto o "modus operandi" desse grupo, expondo fotos, nomes e procedimentos daqueles que estariam organizando os ataques à esquerda.

Enquanto jogava a seleção, BH foi pra rua protestar

DA REDAÇÃO

Na quarta-feira (26/05), Belo Horizonte sediou o jogo da semifinal da Copa das Confederações entre Brasil e Uruguai. A intensa convocação pela internet e redes sociais para um protesto por serviços públicos de qualidade e contra os altos gastos da Copa já deu desde antes ares de megamanifestação. Por outro lado, a se sabia que o movimento seria duramente reprimido pela política militar de Minas Gerais.

Cerca de 40 mil pessoas participam das manifestações em Belo Horizonte, segundo a Polícia Militar de Minas Gerais. A maioria do grupo seguiu, em clima pacífico, pela Avenida Antônio Carlos, em direção ao Mineirão, estádio onde a seleção brasileira de futebol irá enfrentar o Uruguai às 16h pela semifinal da Copa das Confederações. A passeata foi iniciada na Praça Sete e imediações, de onde saíram aproximadamente 15 mil pessoas e o número de participantes foi aumentando.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Educadores do RJ aderem a convocação de greve geral para o dia 11 de julho

Trabalhadores presentes a assembleia fizeram um
minuto de silêncio pelas vítimas do massacre policial
durante invasão ao Complexo da Maré
Por Rodrigo Barrenechea, do Rio

   Nesta quinta, 27/06, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação reuniu, em assembleia conjunta das duas maiores redes, Estado e Município do RJ, mais de 500 profissionais de educação, lotando o auditório da Associação Cristã de Moços (ACM), na Lapa.

   As mobilizações pelas quais o país passa nestes últimos dias formaram a pauta central das discussões. Nesse sentido, a greve geral do dia 11 de julho* foi o eixo das discussões, incluindo críticas às centrais sindicais governistas, que teriam uma pauta de reivindicações rebaixada e havendo a necessidade de construção de uma pauta própria, mais crítica aos governos Paes, Cabral e Dilma. Contudo, as reivindicações específicas da categoria também foram discutidas.

   Na rede estadual, a luta gira em torno à questão do "uma matrícula e uma escola" e da revogação ao corte aos dias parados em paralisações anteriores; na rede municipal do Rio, a luta passa por críticas a aprovação automática disfarçada, ao Plano de Carreira, Cargos e Salários e por um repúdio generalizado à gestão de Claudia Costin.

Na contramão: Povo quer mais gastos públicos, Dilma propõe aperto fiscal em pacto

ECONOMIA

por Almir Cezar, de Brasília

Para as principais reivindicações que brotam das ruas serem implementadas é preciso forte aumento dos gastos públicos.  A presidenta Dilma acena em sua proposta de "pacto nacional" anunciada nos últimos dias com o aumento de recursos públicos para o setor de transportes – ainda que sem citar qualquer fonte de financiamento. Contudo, ao mesmo tempo, Dilma apontou o compromisso com o aperto fiscal como o primeiro ponto do pacto que propôs ao país. 

Por sua vez, apenas nos últimos cinco meses, as desonerações liberadas pela equipe econômica somam R$ 9,134 bilhões, quase três vezes mais que o orçamento com reforma agrária (R$ 3,5 bi) para o ano todo. Desse total, 48,5% (R$ 4,43 bilhões) têm origem na redução de encargos sobre a folha de pagamento, que já é quase duas vezes maior do que a renúncia fiscal oriunda da Cide (R$ 2,23 bilhões), imposto criado para financiar transporte público e a manutenção de rodovias. 

Apesar disso, segundo o próprio Banco Central, a economia só deve crescer 2,7% esse ano. De acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula o PIB, a economia brasileira cresceu 0,6% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao último trimestre de 2012. Na comparação com o primeiro trimestre de 2012, o PIB brasileiro teve crescimento de 1,9%. No acumulado dos 12 meses, a economia apresentou um crescimento de 1,2%.

Polícia reprime nova manifestação em Brasília

Gramado do Congresso Nacional novamente lotado
Ato mostra que movimento ainda tem fôlego

DE BRASÍLIA

A nova manifestação em Brasília, no Congresso Nacional, levou uma quantidade de pessoas menor que a última grande manifestação, na quinta-feira passada. Cerca de 8 mil  marcaram presença. Mais uma vez a polícia impõe o toque de recolher e expulsa todos com gás lacrimogênio cerca de 22h. Apesar de não ter havido quebradeira, a polícia agiu ao final com forte violência, com vários presos e feridos. O ato mostra que movimento ainda tem fôlego.

O ato terminou com a Esplanada dos Ministérios virando uma praça de guerra. De repente desceu uma cortina de gás lacrimogênio, dezenas de bombas e houve muita correria entre os manifestantes. Policiais jogaram camburões a toda velocidade em cima das pessoas, que corriam pelo gramado e pelas calçadas. Algumas quase foram atropeladas. Prisões foram feitas indiscriminadamente.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Protesto na Maré contra a violência policial tomou a Avenida Brasil, no Rio

Por M Laureano*, do Rio de Janeiro

Na última segunda-feira dia 24 de junho, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, com seu Batalhão de Operações Especiais (o famoso Bope), tomou a Favela Nova Holanda, no complexo da Maré, em retaliação à morte de um policial militar em confronto naquele mesmo dia) houve uma manifestação na Av. Brasil, no meio disso, grupo aproveita e faz "arrastão". A Polícia interveio e povo todo fugiu para dentro da Nova Holanda, no Complexo da Maré. 

O Bope foi atrás deles e invadiu a favela a tiros, muitos tiros, além de bombas de efeito moral que caem dentro das casas. 

Cerca de 400 policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Batalhão de Choque (BPChq), Batalhão de Ações com Cães (BAC) e do 22º BPM (Maré), além de equipes da Divisão de Homicídios (DH) e da Força Nacional, estão na Favela Nova Holanda desde terça-feira.

Resultado:
 
- milhares de pessoas presas nos seus domicílios e lugares de trabalho;
- milhares sem luz nem telefone;
- milhares de crianças e adolescentes sem Escola nem Projetos sociais, fechados pela ocupação policial militar;
- um (01) adulto preso por flagrante de roubo de um celular durante o protesto e algumas crianças e adolescentes (sem passagem pelo SSE);
- oito (08) mortos a bala e dezenas de feridos, dos quais sete civis assassinados e um sargento do Bope (o único com nome na mídia);

Mais de 5.000 pessoas foram às ruas em Niterói, exigindo melhores condições de vida e mais direitos

Por R. Barrenechea, de Niterói

Neste último dia 25/06, Niterói realizou mais um ato da série que se iniciou contra o aumento da tarifa do transporte público, já revogado pela prefeitura. Cerca de 5 mil pessoas se concentraram na Praça Araribóia, próximo a Estação das Barcas, seguindo pela Avenida Amaral Peixoto, até a Câmara dos Vereadores. 

A pauta dos manifestantes, depois que o aumento caiu, ampliou-se, passando pela municipalização do transporte público sob controle dos trabalhadores, a oposição às remoções por conta da Copa e outros megaeventos, libertação dos presos políticos nas manifestações anteriores, até a recusa ao machismo, a aprovação de uma reforma política democratizante e por mais investimentos em saúde e educação.


O ato transcorreu pacificamente, sem grandes confrontos nem entre os manifestantes ou com a polícia, exceto quando um pequeno grupo atacou os próprios manifestantes com bombas caseiras, no que foram contidos pela PM, aplaudida a seguir pelos próprios ativistas. Chegou-se a ensaiar um bloqueio da ponte Rio-Niterói, mas a polícia, que contava com cerca de 200 homens, reprimiu a tentativa.

A luta deve continuar e ampliar-se, mas há a necessidade de uma pauta de reivindicações clara e comprometida com os movimentos populares, da classe trabalhadora e da juventude pobre, e que mantenha o respeito a todos, especialmente às organizações dos movimentos sociais, sindicatos, centrais e partidos da esquerda, que sempre estiveram presentes nas lutas e nada tem a ver com os desmandos e sujeira vinda dos governos e parlamentos.


Fotos: L.F. Nabuco

Mais crônicas de um Brasil "acordado"

Crônicas de um Brasil “acordado” 4

Túlio. Idade: 16 anos. No metrô de Brasília rumo a sua casa, em Águas Claras (bairro de classe média para quem não tem dinheiro de morar nas famosas asas) ele ainda veste a camisa contra a PEC 37. Está feliz porque ela foi rejeitada. Levou dois amigos. Sabe o que é PEC 37, cura gay, royalties do petróleo para educação, discursa como especialista. Quer se reunir com militantes depois das mobilizações, “mas nada se seja um grupo organizado”, diz ele. Acha um absurdo a violência policial: “não é só com os vândalos, o gás lacrimogênio é para quem está lá pacificamente”. Um amigo, com a mesma camiseta conta a PEC 37, comenta: “nos bairros centrais é bala de borracha, mas na periferia estão matando de verdade”. Será Túlio um fascista manipulado pela direita como muito militante "que já está acordado há muito tempo" diz? O que sei é que meninos como ele levou milhões na rua e dobrou o Congresso Nacional, coisa que muito militante sabichão, “quadraço”, como se diz, nunca sonhou em fazer.

Crônicas de um Brasil “acordado” 5

Rodoviária de Brasília sitiada. Paralização de rodoviários. Polícia dispersa a população na base de gás lacrimogênio, cassetetes e escudo. Vândalos e não vândalos apanham por igual. Gente se escondendo no banheiro. Enquanto a multidão ainda estava aglomerada, entoava as mesmas palavras de ordem das manifestações. “Você aí fardado, está do lado errado”. “Sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor”. Ninguém com cara da classe média manipulada pela mídia que alguns militantes sabichões denunciam.

Crônicas de um Brasil “acordado” 6

Santa Helena de Goiás fica a 250 quilômetros de Goiânia, no sul de Goiás. Os 35 mil habitantes vivem de atividades relacionadas à agropecuária. Até a bandeira da cidade tem um ramo de algodão, riqueza do lugar. Desde que surgiu, em 1937, nunca houve manifestação de rua ou de qualquer tipo. Não existem grêmios estudantis, sindicatos, associações de bairro, nunca existiram. No sábado, pela primeira vez, moradores locais se manifestaram por alguma coisa. 

terça-feira, 25 de junho de 2013

Profissionais de saúde se mobilizam contra Lei do Ato Médico

por Almir Cezar, de Brasília

Ontem (24/06), cerca de 100 profissionais da saúde do Distrito Federal se reuniram na Biblioteca Nacional de Brasília para discutir sobre o Ato Médico e seus prejuízos para cada categoria profissional e usuário do Sistema Único de Saúde. Nesta assembleia foi votada uma comissão composta por 14 categorias profissionais, com o objetivo de planejar e organizar as pautas e manifestações do movimento contra o projeto de lei que regulamenta o Ato Médico e redigir um manifesto exigindo que a presidenta Dilma vete o Ato Médico.  

O projeto de lei que institui o ato médico já está em tramitação no Congresso Nacional há mais de 10 anos e na última quarta-feira (19/06) foi aprovado pelo Senado, dependendo agora da sanção da presidenta Dilma para que se torne lei. O Movimento contra o Ato Médico pede que Dilma vete o projeto por completo,  pois segundo o movimento, vários de seus artigos vão de contramão a construção do trabalho interdisciplinar da saúde e invade a autonomia de vários profissionais, principalmente os fisioterapeutas, psicólogos e enfermeiros.

Entidades dos movimentos sociais organizados prometem paralisações nesta semana

DA REDAÇÃO

Sindicatos e entidades estudantis e populares ligados à CSP-Conlutas, central sindical que reúne PSTU, PSOL e outra correntes de esquerda, prometem fazer greves, paralisações e um dia de manifestação nacional na próxima quinta-feira, dia 27/06, em todo o país. E convidaram as outras maiores centrais para construir esse calendário.

Os organizadores do que está sendo chamado de "Dia Nacional de Luta" preparam as manifestações desde 21/06, quando a data foi confirmada. "Além das mobilizações que ocorrem com foco na redução da tarifa e qualidade do transporte público, é preciso que os trabalhadores entrem no movimento de forma organizada para cobrar também mais investimentos em saúde e educação, aumento salarial, combate a inflação e corrupção", disse à imprensa Zé Maria de Almeida, coordenador da central.

Novos manifestantes e militantes da esquerda devem se unir

por Ademar Lourenço, de Brasília

Parte da militância tem se mostrado preocupadas com as manifestações. Elas falam que é uma massa manipulada pela mídia e que o conteúdo das manifestações é fascista. Inclusive essas pessoas dizem que essa mesma mídia prepara um golpe contra a presidente Dilma.

Quem está indo para as manifestações, em sua maioria, é gente que nunca participou de atividades políticas. Uma geração que foi criada por vinte anos na passividade. Alguém acha que iria sair uma massa de duas milhões de pessoas já conscientes, prontinhas para assumir as bandeiras progressistas?

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Segunda-feira agitada em Brasília - manifestações em dois lados do DF

Em um dos vários protestos do dia, os rodoviários protestam
 na Rodoviária do Plano Piloto
Semana já começa agita na capital federal

por Almir Cezar, de Brasília

Novo dia agitado em Brasília, protesto de estudantes na cidade-satélite de Taguatinga fechou a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) neste fim de tarde, saindo da Praça do Relógio.

No outro lado do Distrito Federal,  no Plano Piloto, ônibus fecham faixas do Eixo Monumental durante manifestação de trabalhadores rodoviários, que pedem garantia de 100% dos empregos após a mudança de empresas.

Estudantes fecham a EPTG

Aproximadamente 500 estudantes se encontraram na Praça do Relógio, em Taguatinga, no início da tarde desta segunda-feira(24/6), segundo a Polícia Militar. Organizadores estimam que cerca de cinco mil pessoas devem participar da manifestação, que está prevista para passar pela comercial de Taguatinga Norte e seguir para a Estrada Parque Taguatinga (EPTG), avenida central na região entre o Pistão e a Avenida Samdu, em Taguatinga. Fechando a via a partir das 17h.

Quais os rumos das mobilizações depois da derrubada do aumento das passagens?

Da redação
 
Este foi o tema do debate do Programa Censura Livre do dia 22/06, na Rádio Aliança FM 98,7kHz, em São Gonçalo-RJ.

Para conversar conosco, participaram: por telefone, o historiador Demian Melo, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ); e, no estúdio, o vice-presidente do PSOL de São Gonçalo, Wendell Setubal, e o professor Manuel Faria.

Você, ouvinte ou internauta, também pode participar através do sites www.radioaliancafm.com.br ou www.radioaliancafam.org, pelo e-mail programacensuralivre1@gmail.com ou ainda pelos telefones (21) 2724-2263 e 2604-1553. Quem quiser acompanhar o programa (todo sábado, das 18 às 20h; reprise toda terça, das 20 às 22h) pelo celular pode baixar o aplicativo "Tune In".

domingo, 23 de junho de 2013

Assembleia dos Povos reúne centenas de ativistas do DF neste domingo


por Almir Cezar, de Brasília

Nesta tarde de domingo, centenas de ativistas dos movimentos sociais se reuniram, na ensolarada praça do Conjunto Cultural da República na Assembleia dos Povos do Distrito Federal, para organizar e pautar na região as manifestações dessa jornada de luta porque vem passando o Brasil nos últimos dias.

Democraticamente deliberaram pelo método de funcionamento e abriram para 20 falas de mulheres e homens de várias organizações, coletivos e independentes de todo DF para discutir a conjuntura nacional e dividiram a sistematização da pauta em cinco eixos temáticos, direitos humanos, Justiça e criminalização; reforma e participação política; mídia e comunicação; transformações estruturais e serviços públicos; além de Copa do Mundo,  conduzidos por grupos de discussão, para aprofundar as discussões e retomar a assembleia no final do dia, para consolidar então as principais propostas.

Marcha das vadias e marcha do vinagre marcam o sábado em Brasília


por Ademar Lourenço, de Brasília 

O sábado foi marcado por duas manifestações em Brasília. Nas ruas do centro da cidade três mil pessoas fizeram a marcha das vadias, que já estava marcada com antecedência. Próximo ao Congresso Nacional, um número parecido de pessoas fazia mais uma "marcha do vinagre", protestando contra a corrupção.

Além de diferentes demandas, a cara de cada um dos atos foi diferente. A marcha das vadias reunia a militância dos grupos de esquerda. Gente que já tem uma tradição de organização e luta. Como no mundo todo, a manifestação denunciou a cultura do estupro, que culpa a mulher que é violentada, e levantou as bandeiras históricas do movimento feminista.

sábado, 22 de junho de 2013

Crônicas de um Brasil "acordado"

Crônicas de um Brasil “acordado” 1:
Na rodoviária de Brasília, às 10 e 30 da noite, três pessoas se manifestavam sabe-se lá pelo que. Dezenas de pessoas estavam em volta. Acho que era por causa da demora do ônibus. A mesma demora de todo dia. Mas agora, um cara levanta um cartaz (ininteligível), outro fica com um apito, e um terceiro puxando palavras de ordem (também ininteligíveis). A polícia, claro, estava lá em peso.

Crônicas de um Brasil “acordado” 2:
Academia de ginástica. Todo mundo suando para ficar com um corpo sarado, ou pelo menos adiar a data do primeiro infarto. Começa o pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff. Toda a academia para. Até mesmo aqueles marombados que ocupam 90% de suas preocupações com os músculos. A menina toda moda fitness presta atenção em cada palavra.

Crônicas  de um Brasil “acordado” 3:

Não é só nos grandes centros urbanos. Notícias das redes sociais chegam de cidades de pouco mais de 30 mil habitantes, distantes a mais de 250 quilômetros da capital, que aderiram ao movimento. Em alguns casos, será a primeira manifestação de rua da história do município.  

Ademar Lourenço
de Brasília

Mídia brinca com fogo, amanhece molhada, e agora quer apagar o incêndio


Quem não foi às manifestações e acompanhou tudo pela mídia deve estar com vontade de se esconder debaixo da cama. Afinal, vândalos vindo de todos os lados estão quebrando tudo indiscriminadamente. Esse é o recado que a mídia quer passar. Não vá a manifestações, é perigoso. Você pode se machucar. Foi bonito se manifestar, mas já deu.

A relação da mídia com os últimos protestos teve três momentos. No início das mobilizações, os canais de televisão e os jornais defendiam a repressão. Um editorial do Estado de São Paulo pedia atitudes enérgicas contra os manifestantes.

Depois que a população começou a aderir, a mídia mudou de rumo. A repressão a jornalistas e a chance de desgastar o governo Dilma foram fatores que contribuíram para que os jornais e a TV passassem a “apoiar” as manifestações. Desde que, é claro, elas fossem despolitizadas e se limitassem ao combate a corrupção.

Agora a mídia espalha o pânico e quer que as pessoas voltem para casa com medo. Afinal, o grande problema do país são os vândalos que acabam com as manifestações. Não é a inércia do Poder Público em atender as reivindicações do povo. Não é polícia que reprime. 

As depredações não fazem sentido. De fato, desgastam a manifestação. Mas porque pautar as reportagens nisso? A mídia não poderia pautar as reportagens na postura dos governos, que até agora não ouviu a voz das ruas? As manifestações não interessam mais os grupos de mídia, pois a própria mídia começou a ser questionada.

Dilma usa pronunciamento para fazer propaganda. Quanto às reivindicações das ruas, nada.

por Ademar Lourençode Brasília

Dilma fez seu esperado pronunciamento nesta sexta-feira, às 21 horas. Foi bem claro o alinhamento da presidenta com a mídia no sentido de acabar com as mobilizações. Falou muito sobre vândalos e vandalismo, mas atender as reivindicações da população, nada.

A presidenta se comprometeu a enviar ao congresso uma lei que destina os royalties do pré-sal para a Educação. Também disse que está trabalhando em um Plano Nacional de Mobilidade urbana, sem dar detalhes de que melhorias o tal plano vai trazer. E propagandeou a vinda de médicos estrangeiros ao Brasil. Enfim, a mesma agenda de antes das mobilizações.

Sobre a tarifa zero no transporte, nada. Sobre a cura gay (que ela pode vetar se passar no Congresso), nada. Sobre o que os manifestantes exigiam nas ruas, nada. Alguns bordões sobre combate à corrupção, propagando do que o governo faz, e pronto. Sobre os gastos com a copa, explicações vazias.

Durante um tempo a presidenta falou como mera comentarista, dizendo que “as mobilizações são legítimas”. E aí? E as pautas do movimento, Dilma? Se o objetivo da chefe do Poder Executivo foi acalmar os ânimos e fazer com que as pessoas voltem para casa, o tiro saiu pela culatra. Pareceu mais uma provocação.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Chocando o Ovo da Serpente

Por Juzerley Santos
A frenética campanha da burguesia através da grande mídia e dos governos insuflando as pessoas contra presença de partidos e organizações sindicais e estudantis e suas bandeiras e faixas nas manifestações deu o resultado pretendido: agressões físicas aos militantes e ativistas e visibilidade política aos setores mais reacionários. O que vimos ontem foi a mobilização e a invasão de verdadeiros bandos fascistas a uma mobilização popular com o único intuito de hostilizar e agredir os militantes de partidos da esquerda socialista e de ativistas dos movimentos sociais e expulsá-los das manifestações.

Foi que ocorreu no Rio de Janeiro, onde após resistirem bravamente por mais de duas horas ao acossamento de neonazistas, pitboys de torcida organizada, marginais e policiais infiltrados os militantes do PSTU, PCB, PSOL, estudantes e sindicalistas independentes e até membros do PT, PCdoB e PSB viram sua coluna ser invadida e uma verdadeira batalha campal ser instalada.

Mas a escalada reacionária não se resumiu a ação destes bandos, o governo do estado do senhor Sérgio Cabral, com o aval político do prefeito Eduardo Paes, soltaram a focinheira das forças policiais e estas desataram violenta caçada repressiva contra todos os manifestantes, mesmo contra aqueles que já haviam se retirado dos locais de protestos.

20/06/2013: O Apocalipse Zumbi no Rio de Janeiro?

Por Juzerley Santos

Mesmo após o recuo de diversas prefeituras, dentre elas São Paulo e Rio de Janeiro, e que vem sendo seguidas por inúmeras outras em um verdadeiro efeito dominó novas manifestações de massa e intensamente radicalizadas ocorreram em mais de 100 cidades espalhadas pelo país.

De capitais como São Paulo, Recife, Manaus, Belém, Fortaleza, Brasília, Vitória e Salvador, passando por cidades médias como Campinas, Ribeirão Preto e Ilhéus, até cidade menores como Rio das Ostras-RJ, Catalão-GO e São José Ribamar-MA as pessoas tomaram as ruas para reafirmar que a luta não se resumia a 20 centavos e que tem de continuar por direitos básicos como saúde, educação, moradia e contra a gastança desenfreada dos megaeventos.

Em todas elas, radicalização e enfrentamento com as forças policiais foram uma tônica. Em Brasília ocupação do prédio do Itamaraty. Em Salvador ataque contra veículos e o hotel usado pela Fifa. Em Belém e várias outras vimos cercos a prefeituras, câmaras legislativas e prédios ligados públicos, além da depredação de agências bancárias e saques a lojas.

Mas no Rio de Janeiro, palco do maior ato deste levante até agora, com estimativas entre 300 mil a 1 milhão de participantes, o caldo entornou de vez e os setores conservadores que tentam se apropriar das manifestações perderam o controle.

Brasília toda na Esplanada nesta quinta-feira (20/06)


por Almir Cezar, de Brasília

Nesta quinta-feira (20/06) mais de 35 mil pessoas segundo a Polícia Militar encheram as avenidas de Brasília. Era possível ver jovens, idosos e famílias inteiras.

A marcha convocada pelo movimento Acorda, Brasília e divulgada espontaneamente pelas redes sociais. O ato comporia o dia de Jornada Nacional de Luta por todo o país. Começando pela Rodoviária do Plano Piloto e imediações do Conjunto Cultural da República, a manifestação seguiu até a Praça dos Três Poderes.

Espalhados pelo gramado do Congresso Nacional, barrados pela tropa de choque, os manifestantes cantaram gritos de protestos. A polícia reagiu com virulência lançando gás de pimenta e lacrimogênio. Com os ânimos acirrados, os manifestantes cercaram o Palácio do Itamaraty, vizinho do Congresso. A violência policial se intensificou, e parte dos manifestantes se dispersou, enquanto um parte voltou para frente do Congresso,

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Tarifa zero é possível

A chave para um transporte público, gratuito e de boa qualidade 
são as planilhas de custos e o orçamento público

Almir Cezar, do Limiar&Transformação - Assustado com os protestos, prefeito de São Paulo Fernando Haddad, anunciou suspender reajuste no preço das passagens, porém, ainda mantém o discurso fiscalista, e insiste em que o aumento do subsídio às tarifas de transporte urbano deveria compensado. Contudo, essa Prefeitura destina R$ 3 bi/ano a gasto financeiro, esse gasto com juro é 60% do passe livre. 

Porém, o problema do preço da passagem não está no baixo subsídio, mas em reajustes acima da inflação, mantendo ou ampliando a margem de lucro dos empresários rodoviários. No Rio a passagem, corrigida pelos custos, custaria R$ 2, e não R$2,75 tanto pela inflação, como pela qualidade do serviço. 

Por sua vez, gastos de R$ 7 bilhões com estádios seriam suficiente para executar projetos de 1,4 mil km de ferrovias, e apenas a diferença entre o orçamento inicial das arenas e a despesa final, daria para ampliar enormemente a rede de metrô nessas cidades.

Portanto, um transporte público, gratuito e de boa qualidade é possível

Haddad e Alckimin voltam atrás
A pressão sobre o prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin aumentou depois que governos de várias cidades do país reduziram os preços das passagens. Várias cidades já haviam anunciado a redução de norte a sul do país: Blumenau (SC), João Pessoa (PB), Foz do Iguaçu e Curitiba (PR), Recife (PE), Cuiabá (MT), Porto Alegre e Pelotas (RS).

Plenária convocada pelas redes sociais discutiu pauta das mobilizações em Brasília

por Almir Cezar, de Brasília

'Só estando lá para acreditar'. Mais de 100 pessoas discutindo temas importantes para o país, convocadas pelas redes sociais, durante um jogo do Brasil. Foi nesta quarta-feira, em Brasília, em frente à Biblioteca Nacional de Brasília (Conjunto Cultural da República). E vão se encontrar outra vez, nesse domingo, às 14h, no mesmo local.

 Ficou bem claro que o movimento não é só contra o aumento das passagens. As pessoas reunidas começaram a montar uma pauta para as mobilizações que estão tomando conta do país. Professor, bibliotecário, estudante, artista. Gente de várias profissões, em sua maioria jovem, se juntou para discutir temas que iam da demarcação de terras indígenas a diminuição da carga horária de trabalho.

Em vários casos as pessoas nunca participaram de um debate político. Isso não impediu que cada um falasse o que pensava. Um pente fino nos gastos da Copa do Mundo foi um dos principais temas. O Repúdio a proposta de cura gay aprovada no congresso ontem também. Na próxima reunião, o grupo pretende fechar uma pauta para ser levada ao Poder Público. 

Aberto à todas as bandeiras

Um dos pontos abordados foi a liberdade dos próprios manifestantes de se assumir como membro de um partido. “Devemos diferenciar os pequenos partidos de esquerda daqueles partidos que estão no poder”, disse um ativista, que não era militante de nenhuma organização. A maioria foi contra o aparelhamento, mas também repudiou a repressão aos militantes organizados. Se os jovens não têm uma direção definida, fica cada vez mais claro a simpatia pelas ideias de esquerda. Estatização do transporte público, reforma agrária, 10% do PIB para educação pública.

Denúncia Urgente! Vandalismo no Rio!

Denúncia Urgente!

Vândalos a serviço de partidos estão neste momento depredando patrimônio que pessoas levaram anos para construir no bairro de  Ramos, no Rio de Janeiro!

Suspeita-se que seja por mais do que R$0,20.

Vídeo da ocupação do Congresso Nacional (17/06)

De Brasília - Vídeo de um jogral ocorrido durante a ocupação do gramado e marquise do Congresso Nacional acontecido durante a manifestação de segunda-feira (17/06).

Hoje (20) os movimentos sociais organizados estão chamando atos simultaneamente pelas capitais e maiores cidades brasileiras, a Jornada Nacional de Lutas. Em Brasília a concentração será na Rodoviária do Plano Piloto.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

3 mil marcharam pelas ruas de Brasília exigindo tarifa zero nos transportes

Manifestantes seguem pela Via W3
por Almir Cezar, de Brasília

No fim da tarde de hoje (19/06) mais de 3 mil manifestantes em Brasília marchando pelas principais vias da cidade exigiam tarifa zero nos transportes, funcionamento 24 horas e serviço de boa qualidade.

O ato inicialmente foi convocado pelo Movimento Passe Livre-MPL, mas com adesão de outros grupos e espontâneas de milhares de pessoas.

O ato contou como nas demais manifestações com várias outras reivindicações, principalmente que envolviam mudanças políticas e melhorias nos serviços públicos, criticando especialmente a priorização dos gastos públicos com a Copa do Mundo e das Confederações e a violência policial contras as manifestações pelo país.

Líder estudantil Rafael Botelho fala sobre onda de protestos

Entrevista de Rafael Botelho, estudante da UFRJ, liderança da ANEL - Assembléia Nacional dos Estudantes Livre, ao Programa "Censura Livre" da  Rádio Aliança FM 98,7 - São Gonçalo-RJ que fala sobre a onda de protestos.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Ato contra aumento da passagem é duramente reprimido no Rio

Arte do chargista Nico
Por Rodrigo Noel*, do Rio de Janeiro

   No final da tarde de hoje teve início o ato contra o rejuste das tarifas de ônibus, promovido pelo prefeito Eduardo Paes. 
   O ato saiu da Cinelândia (tradicional palco de manifestações populares) em direção a Candelária, pela Rua 1ª de Março. Próximo ao Tribunal de Justiça, a Polícia Militar começou a reprimir o ato gratuitamente, pois o mesmo seguia de maneira pacífica pelas vias do Centro do Rio. Muitas bombas e gás de pimenta foram jogados nos manifestantes, pela truculenta polícia de Cabral. Um dos pm´s utilizou taser (arma de eletrochoque) em dois estudantes da UFRJ.

   Após essa repressão absurda e desmedida, os manifestantes seguiram em ato rumo a 5ª DP contra a prisão arbitrária de 30 estudantes. Os ativistas permanecem em frente a DP exigindo a liberação dos detidos sem o pagamento da fiança exigida pelo delegado.
*Colaboração de Leandro Santos

terça-feira, 4 de junho de 2013

Prostituição forçada vitima cerca de dez mil estrangeiras na Alemanha

Por Deutsche Welle Brasil

   Com medo de serem deportadas por terem status ilegal no país, mulheres traficadas não denunciam e continuam trabalhando para os algozes. ONGs lutam para que governo conceda direito de residência permanente.

   Todos os anos, entre 600 e 800 mulheres são resgatadas ou recorrem à polícia na Alemanha, declarando serem vítimas de tráfico humano. Mas esse número parece ser apenas a ponta do iceberg num país em que especialistas acreditam que, atualmente, mais de dez mil mulheres sejam alvo de prostituição forçada.

   Apenas poucas das vítimas conseguem fugir ou se livrar dos algozes. E, como a maioria delas reside clandestinamente no país, elas têm medo de denunciar os abusos e enfrentar a deportação.

   A maioria das mulheres traficadas vem da Rússia ou da Ucrânia, mas também da África – especialmente a Nigéria. De modo geral, as mulheres são atraídas para a Alemanha com falsas promessas de empregos, por exemplo em restaurantes ou hotéis, esclarece Anna Hellmann, da Terre des Femmes, uma instituição sem fins lucrativos que defende os direitos das mulheres.

As mulheres têm muito medo
de denunciar os agenciadores
   Hellmann explica que, quando as mulheres chegam à Alemanha, têm os passaportes confiscados pelos agenciadores. Em seguida, as vítimas sofrem pressão psicológica e física e são obrigadas à prostituição.

   Em alguns casos, as meninas são mantidas em cativeiro no mesmo quarto por dois ou três anos seguidos, diz a conselheira na organização Solwodi de direitos das mulheres Gerlinde Matusch, que mudou o nome para falar com a Deutsche Welle.

   Matusch não teme por si mesma, mas pelas garotas que acolhe, já que os cafetões podem, por ela, chegar às jovens que fugiram. "Essas mulheres são controladas o tempo todo", diz Matusch. “Durante o dia elas são obrigadas a receber homens em seus quartos, e à noite são levadas a bordéis, ou a clientes particulares.”

Denúncia e direito de residência permanente

   Depois do resgate, começa o segundo martírio das vítimas, já que, prioritariamente, as autoridades veem as mulheres como imigrantes ilegais que podem ser deportadas para o país de origem.

   Essa ameaça aumenta a pressão dos agenciadores, segundo acreditam os ativistas da Terre des Femmes: as mulheres acabam ficando em silêncio e permanecem submissas aos algozes. Por isso, a ONG luta para que o governo alemão conceda o direito de residência permanente às vítimas de tráfico humano e da prostituição forçada.
Criminosos usam magia negra para amedrontar nigerianas vítimas de tráfico humano

   Mas a lei de imigração impõe diversos obstáculos, destaca Anna Hellmann. "Elas são autorizadas a ficar na Alemanha até o final do julgamento apenas se concordarem em testemunhar formalmente contra os criminosos."

   Mas são poucas as mulheres que têm coragem de depor, diz Matusch, da organização Solwodi. Muitas das meninas que buscam aconselhamento na associação têm apenas 18 ou 19 anos, quase não falam alemão e aparecem totalmente intimidadas, afirma a ativista. Muitas vezes, as vítimas nem sabem o endereço onde foram mantidas em cativeiro.

   A ONG fornece apoio e orientação até que elas se recuperem. "Essas mulheres quase não conseguem admitir para elas mesmas o que aconteceu, então é claro que não conseguem falar sobre isso com outras pessoas. Demora até que elas consigam contar sobre o passado”, acrescenta Matusch. As organizações de direitos das mulheres também ajudam as vítimas com formalidades administrativas.

   A Terre des Femmes alega que o direito ilimitado de residência na Alemanha não ajudaria apenas às vítimas de tráfico humano, mas que isso ajudaria as autoridades alemãs a levar os traficantes aos tribunais. De acordo com Matusch, as mulheres só se dispõem a testemunhar no processo penal contra os culpados depois de se sentirem protegidas. Ela diz ainda que a Itália conseguiu bons resultados após implantar o direito de residência para as vítimas de prostituição forçada.

   Segundo a Terre des Femmes, se a Alemanha flexibilizasse as leis de extradição, estaria seguindo uma diretriz da União Europeia (UE) que exige uma proteção maior para as vítimas do tráfico humano e perseguições mais rígidas contra os criminosos. A organização teme que a rigidez da legislação alemã mantenha as vítimas ligadas aos algozes.

   Mas, por ora, o governo alemão ainda não implementou a regra europeia, cujo prazo já expirou há mais de um mês e meio. Procurado pela DW, o ministério alemão do Interior não quis se pronunciar sobre o assunto.

Medo de magia negra

   A organização Terre des Femmes também aponta que muitos dos agenciadores vêm dos mesmos países que as vítimas e tentam passar a elas a sensação de que são protegidas e compreendidas por eles no país estrangeiro. "Muitos dos criminosos são mulheres que antes eram prostitutas. Elas agora ganham uma fortuna fazendo com que outras mulheres trabalhem para elas”, expõe Matusch.

   A conselheira diz ter observado ainda que, nos últimos anos, muitas meninas africanas foram enviadas a partir da Itália para trabalhar como prostitutas na Alemanha. Matusch não sabe se esse fato tem relação com as novas leis de proteção a traficadas na Itália ou com o medo dos agenciadores de denúncias e testemunhos jurídicos das vítimas.

   De acordo com Matusch, da Solwodi, outro artifício usado pelos criminosos é explorar a fé das nigerianas, por exemplo, no poder da magia negra. "Antes de deixar a Itália, geralmente elas passam pelo ritual ‘Zuzu', durante o qual têm que fazer um juramento de que vão pagar as dívidas." As jovens teriam de pagar entre 40 e 60 mil euros aos traficantes. Se não conseguem, "os algozes dizem que ‘Zuzu' vai interferir e que elas ou alguém de suas famílias vai enlouquecer, ficar doente ou morrer.” O medo da magia negra faz com que essas mulheres paguem, acredita Matusch.

sábado, 1 de junho de 2013

O futebol ainda é esporte popular?

Partida foi realizada no dia 25/05, em Montevidéu.
Foto: Rodrigo Noel.
Por Rodrigo Noel, do Rio de Janeiro

   Há alguns dias tenho escutado a música "Vem pra rua" em algumas rádios aqui do Rio. A música, cantada por Falcão, é tema de uma ação de marketing de uma montadora de automóveis. Essa música me fez pensar sobre um assunto  que vem martelando e muito minha mente: a elitização do futebol.

   Não sou um especialista nesse esporte, mas acompanho com entusiasmo as notícias do meu time do coração. Desde o início do Campeonato Carioca eu acompanhava o preço dos ingressos, seja em clássicos ou em partidas do meu time contra os chamados "times pequenos" (ou "de menor expressão"). Os preços são um fator fundamental para uma maior presença do público ou não, sem excluir outros fatores como transporte, horário de realização da partida e localização do estádio. Mas, o que mais me chamou atenção foi a notícia relacionada ao jogo entre Flamengo e Santos (realizada no último final de semana, em Brasília, como evento-teste do estádio Mané Garrincha): os ingressos mais baratos custaram R$160!

   No vizinho Uruguai, uma partida realizada no mesmo final de semana do Torneio Clausura, no histórico Estádio Centenário, me chamou atenção. Foi entre o Progreso e Nacional. O Progreso lutava contra o rebaixamento, e o Nacional seguia com chance (ainda que remota) de conquistar uma vaga para a Copa Libertadores da América. O público presente não foi dos maiores, afinal a situação dos dois times não animava muito, mas o preço do ingresso era positivamente espantoso: 100 pesos (algo equivalente a R$10). Isso em uma partida da principal liga do país e em um estádio importante como o Centenário. Crianças, adultos, senhoras e senhores... pessoas de toda idade ocupavam as arquibancadas.

   Ora, se o ingresso aqui no Brasil custa o equivalente a 23,5% do salário mínimo, não precisa ser um gênio da pelota pra constatar que os jogos de futebol não são mais feitos para a presença do povo. Para o esporte que virou negócio lucrativo, é mais importante as cotas de patrocínio das tv´s do que a presença do público, seja o fanático pelo seu time ou por quem gosta de ver a bola rolar.

Expressão disso é o caso do Maracanã...

   Essa política de afastamento do povo dos estádios não vem de hoje. As seguidas reformas que ocorreram no Maracanã diminuíram o a capacidade de público do estádio e ainda acabaram com um setor popular, a geral. A geral era o local que contava com o ingresso mais barato de todo o estádio. Além do público que ia apenas torcer pelo seu time querido, tinham os personagens quase folclóricos, os chamados “geraldinos”.  Com a recente privatização do Maracanã, a tendência é essa situação de elitização dos jogos e encarecimento dos ingressos piorar.

   No refrão da música que citei ali em cima, Falcão diz: "Vem pra rua, porque a rua é a maior arquibancada do Brasil". Talvez Falcão esteja certo. O único local que ainda se pode torcer democraticamente é a rua. Se "a praça é do povo", como disse Castro Alves, é bom que a ocupemos antes que a privatizem também.