quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Pará: mais mortes no campo

por Wellingta Macêdo, de Belém do Pará


Mais uma chacina no campo coloca o estado  do Pará na liderança de mortes provocadas por conflitos agrários no país.


Em plena terça-feira gorda, 17/02, feriado de carnaval em todo o país, o Estado do Pará acordou com mais uma notícia de uma chacina bárbara e chocante e que fez o estado se tornar, novamente, manchete nacional. Seis pessoas de uma mesma família, entre elas 4 crianças, foram assassinadas na zona rural do município de Redenção, no sul do Pará, de maneira cruel e violenta. A "chacina de Redenção", como já ficou conhecida, chocou pela forma sangrenta em que os corpos foram encontrados num rio do município e revelaram um nível extremo de violência. As vítimas, Washington da Silva, Leidiane Sousa Soares, Matheus de Sousa Barros, Sâmia Letícia de Sousa Muniz, Wesley Washington Sousa Muniz e Júlio César Sousa, foram todas torturadas, antes de serem mortas. A família assassinada tinha acabado de ocupar um assentamento disputado por dois irmãos, que são acusados de serem os mandantes do crime.

Redenção é um município ao sul do Pará, cuja região é palco histórico de conflitos fundiários que já resultaram em dezenas de mortes. O que deixa o Estado do Pará na liderança dos que mais matam no campo. Dados da CPT (Comissão Pastoral da Terra) revelam que, desde 1985 até 2013, foram 645 mortes registradas no Pará, por causa de conflitos agrários. O Maranhão vem em segundo lugar, com 138 mortes registradas no mesmo período, um número cinco vezes menor. Um dos casos de enorme repercussão nacional e internacional foi o assassinato da missionária Dorothy Stang, ocorrido há 10 anos atrás, no município de Anapu, oeste do Pará, e que até hoje não teve um desfecho definitivo. Dorothy era uma das lideranças naquela região e defendia os colonos contra os fazendeiros e grileiros de terra. Fez inimigos e recebia uma centena de ameaças.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Impeachment para quem?

por Andrés Lawner, especial para a ANotA


Foto: Murilo Rezende (Futura Press)
 Na semana passada foi uma mensagem sem assinatura que circulou país fora pelos grupos de Whatsapp. Esta semana, já é um evento. Toma corpo um movimento que visa impedir Dilma Rouseff de terminar seu mandato, aparentemente pela via constitucional, apesar de que há setores que abertamente defendem uma intervenção militar. Reivindicando a luta contra a corrupção e relembrando os caras-pintadas dos anos 1990, dizem que chegou a hora de sair às ruas e pedir a saída de Dilma, por meio de uma ação de impeachment. Ela, segundo dizem, teria sido conivente com a corrupção ou, ainda mais, estaria envolvida até o pescoço nela.

 Sem querer, num primeiro momento, julgar tais acusações, cabe aqui tentar entender a quem interessa isso. Quem estaria por trás deste movimento. E qual seria seu real alcance. Será algo como a meia-dúzia que protestou após as eleições, com Bolsonaro, Lobão e o PSDB à tira-colo? Ou vamos ver algo realmente multitudinário? Estamos vendo mais um capítulo da novela "Choro de perdedor" ou há um fenômeno novo, uma reorganização de uma direita golpista e abertamente reacionária?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Greve dos Correios em Niterói termina com vitórias e incertezas

por Rodrigo Barrenechea, de Niterói

Carteiros realizam protesto nas barcas
Foto: O Fluminense
Após uma semana de paralisação, chegou ao fim a greve dos empregados da Empresa de Correios e Telégrafos em Niterói. Os carteiros reivindicavam melhorias nas condições de trabalho, como conserto do ar-condicionado nos Centros de Distribuição Domiciliar (CDDs), mais veículos para o transporte de funcionários e mais trabalhadores, pois há falta de mão-de-obra.

Os carteiros de Niterói, nessa semana de greve, realizaram diversos protestos, como um ato na frente da estação das Barcas, na Praça Arariboia, assim como assembleias cheias, como a que reuniu 80 funcionários na frente do CDD Icaraí, na rua Saldanha Marinho, Centro da cidade. A direção da empresa manteve, durante a paralisação, uma postura de não querer negociar, assim como não quis responder em nota quando procurada pela imprensa.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Índice sobre Homicídios na Adolescência revela genocídio da juventude no Brasil

Até 2019 quarenta e dois mil jovens podem ser assassinados no Brasil, diz índice sobre Homicídios na Adolescência. 
Para o governo federal e Unicef o índice foi o mais alto dos últimos 8 anos.

por Mariana Rio, socióloga.

Segundo as conclusões do Índice de Homicídios na Adolescência divulgado no ultimo dia 28 de janeiro, quarenta e dois mil adolescentes brasileiros, entre 12 e 18 anos, correm o risco de serem assassinados de forma violenta antes de completar 19 anos. Jovens negros e moradores do nordeste serão as principais vítimas.

O índice faz parte do Programa de Redução da Violência Letal (PRVL), criado em 2007 através de uma ação conjunta entre governo federal, UNICEF em parceria com instituições da sociedade civil. Segundo o levantamento, três em cada mil adolescentes que tinham 12 anos em 2012 correm o risco de serem assassinados antes de completar 19 anos.

O Nordeste é a região com a maior taxa: quase seis adolescentes em um grupo de 1.000 correm risco de morte violenta antes dos 19 anos. Dos cinco estados com maior índice, quatro estão no Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará e Paraíba. O grupo de maior vulnerabilidade é de jovens negros moradores de periferias e favelas, o estudo revela que a possibilidade de jovens negros serem assassinados é 2.96 vezes superior do que os brancos.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Encontro em Brasília prepara campanha salarial em 2015 dos servidores federais

por Almir Cezar, da sucursal Brasília

Aconteceu nesse final de semana (31/01 e 1º/02) em Brasília a reunião ampliada do Fórum Nacional dos Servidores Públicos Federais (SPFs), que reúne sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais (CSP-Conlutas, CUT e CTB) da imensa maioria desse segmento de trabalhadores de todo o país. A partir desta segunda-feira o Fórum das entidades sindicais anunciará o calendário de lutas e a pauta unificada. As entidades sindicais também sairão construindo comitês em cada estado, apostando em um levante dos trabalhadores do funcionalismo publico federal brasileiro.

A reunião ampliada tratou-se de um evento de grande envergadura e teve uma enorme responsabilidade, ao aglutinar entidades que organizam mais de 2 milhões de trabalhadores do funcionalismo publico federal, cujas bases depositam suas esperanças de luta que tragam vitórias para a categoria em 2015. Tanto as falas das centrais sindicais quanto as intervenções dos demais participantes sinalizaram que os trabalhadores não aceitarão pagar a conta da crise.