Partida foi realizada no dia 25/05, em Montevidéu. Foto: Rodrigo Noel. |
Por Rodrigo Noel, do Rio de Janeiro
Há alguns dias tenho escutado a música "Vem pra rua" em algumas rádios aqui do Rio. A música, cantada por Falcão, é tema de uma ação de marketing de uma montadora de automóveis. Essa música me fez pensar sobre um assunto que vem martelando e muito minha mente: a elitização do futebol.
Não sou um especialista nesse esporte, mas acompanho com entusiasmo as notícias do meu time do coração. Desde o início do Campeonato Carioca eu acompanhava o preço dos ingressos, seja em clássicos ou em partidas do meu time contra os chamados "times pequenos" (ou "de menor expressão"). Os preços são um fator fundamental para uma maior presença do público ou não, sem excluir outros fatores como transporte, horário de realização da partida e localização do estádio. Mas, o que mais me chamou atenção foi a notícia relacionada ao jogo entre Flamengo e Santos (realizada no último final de semana, em Brasília, como evento-teste do estádio Mané Garrincha): os ingressos mais baratos custaram R$160!
No vizinho Uruguai, uma partida realizada no mesmo final de semana do Torneio Clausura, no histórico Estádio Centenário, me chamou atenção. Foi entre o Progreso e Nacional. O Progreso lutava contra o rebaixamento, e o Nacional seguia com chance (ainda que remota) de conquistar uma vaga para a Copa Libertadores da América. O público presente não foi dos maiores, afinal a situação dos dois times não animava muito, mas o preço do ingresso era positivamente espantoso: 100 pesos (algo equivalente a R$10). Isso em uma partida da principal liga do país e em um estádio importante como o Centenário. Crianças, adultos, senhoras e senhores... pessoas de toda idade ocupavam as arquibancadas.
Ora, se o ingresso aqui no Brasil custa o equivalente a 23,5% do salário mínimo, não precisa ser um gênio da pelota pra constatar que os jogos de futebol não são mais feitos para a presença do povo. Para o esporte que virou negócio lucrativo, é mais importante as cotas de patrocínio das tv´s do que a presença do público, seja o fanático pelo seu time ou por quem gosta de ver a bola rolar.
Expressão disso é o caso do Maracanã...
Essa política de afastamento do povo dos estádios não vem de hoje. As seguidas reformas que ocorreram no Maracanã diminuíram o a capacidade de público do estádio e ainda acabaram com um setor popular, a geral. A geral era o local que contava com o ingresso mais barato de todo o estádio. Além do público que ia apenas torcer pelo seu time querido, tinham os personagens quase folclóricos, os chamados “geraldinos”. Com a recente privatização do Maracanã, a tendência é essa situação de elitização dos jogos e encarecimento dos ingressos piorar.
No refrão da música que citei ali em cima, Falcão diz: "Vem pra rua, porque a rua é a maior arquibancada do Brasil". Talvez Falcão esteja certo. O único local que ainda se pode torcer democraticamente é a rua. Se "a praça é do povo", como disse Castro Alves, é bom que a ocupemos antes que a privatizem também.
Há alguns dias tenho escutado a música "Vem pra rua" em algumas rádios aqui do Rio. A música, cantada por Falcão, é tema de uma ação de marketing de uma montadora de automóveis. Essa música me fez pensar sobre um assunto que vem martelando e muito minha mente: a elitização do futebol.
Não sou um especialista nesse esporte, mas acompanho com entusiasmo as notícias do meu time do coração. Desde o início do Campeonato Carioca eu acompanhava o preço dos ingressos, seja em clássicos ou em partidas do meu time contra os chamados "times pequenos" (ou "de menor expressão"). Os preços são um fator fundamental para uma maior presença do público ou não, sem excluir outros fatores como transporte, horário de realização da partida e localização do estádio. Mas, o que mais me chamou atenção foi a notícia relacionada ao jogo entre Flamengo e Santos (realizada no último final de semana, em Brasília, como evento-teste do estádio Mané Garrincha): os ingressos mais baratos custaram R$160!
No vizinho Uruguai, uma partida realizada no mesmo final de semana do Torneio Clausura, no histórico Estádio Centenário, me chamou atenção. Foi entre o Progreso e Nacional. O Progreso lutava contra o rebaixamento, e o Nacional seguia com chance (ainda que remota) de conquistar uma vaga para a Copa Libertadores da América. O público presente não foi dos maiores, afinal a situação dos dois times não animava muito, mas o preço do ingresso era positivamente espantoso: 100 pesos (algo equivalente a R$10). Isso em uma partida da principal liga do país e em um estádio importante como o Centenário. Crianças, adultos, senhoras e senhores... pessoas de toda idade ocupavam as arquibancadas.
Ora, se o ingresso aqui no Brasil custa o equivalente a 23,5% do salário mínimo, não precisa ser um gênio da pelota pra constatar que os jogos de futebol não são mais feitos para a presença do povo. Para o esporte que virou negócio lucrativo, é mais importante as cotas de patrocínio das tv´s do que a presença do público, seja o fanático pelo seu time ou por quem gosta de ver a bola rolar.
Expressão disso é o caso do Maracanã...
Essa política de afastamento do povo dos estádios não vem de hoje. As seguidas reformas que ocorreram no Maracanã diminuíram o a capacidade de público do estádio e ainda acabaram com um setor popular, a geral. A geral era o local que contava com o ingresso mais barato de todo o estádio. Além do público que ia apenas torcer pelo seu time querido, tinham os personagens quase folclóricos, os chamados “geraldinos”. Com a recente privatização do Maracanã, a tendência é essa situação de elitização dos jogos e encarecimento dos ingressos piorar.
No refrão da música que citei ali em cima, Falcão diz: "Vem pra rua, porque a rua é a maior arquibancada do Brasil". Talvez Falcão esteja certo. O único local que ainda se pode torcer democraticamente é a rua. Se "a praça é do povo", como disse Castro Alves, é bom que a ocupemos antes que a privatizem também.
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