por Rodrigo Barrenechea, do Rio de Janeiro
Foi realizada na manhã desta sexta, 28/06, na sede da CSP-Conlutas do Rio de Janeiro, uma entrevista coletiva convocada pelo PSTU RJ, e que contou com a presença da Assembleia Nacional dos Estudantes-Livre (ANEL) e de Aderson Bussinger, da comissão de direitos humanos da OAB-RJ, com o intuito de esclarecer o que realmente ocorreu nas manifestações do dia 20/06 passado. Segundo os principais meios de comunicação, teria ocorrido uma "briga entre os manifestantes", entre os militantes da esquerda e movimentos sociais, e os "sem-partido".
Cyro Garcia, presidente estadual do PSTU, foi categórico ao afirmar que houve, sim, uma "ação organizada por grupos de ultra-direita, que já tinham, na manifestação da segunda-feira anterior, tentado agredir militantes das organizações de esquerda", e que estavam se organizando para provocar e agredir os partidos da esquerda, especialmente por meio das redes sociais. Essa informação baseia-se, principalmente, no relato de um dissidente do assim chamado "Movimento Integralista", Márcio Hiroshi (não se sabe se esse nome é real), que teria exposto o "modus operandi" desse grupo, expondo fotos, nomes e procedimentos daqueles que estariam organizando os ataques à esquerda.
Segundo a denúncia recebida, esses grupos estariam agindo de forma articulada, especialmente no eixo Rio-São Paulo-Belo Horizonte, sendo pagos por grandes partidos da direita, nomeando o PSDB e o DEM, com a participação de setores da inteligência das polícias, os chamados "P2". "Portanto, não há nada de espontâneo, é uma coisa orquestrada, e apoia-se num sentimento, por um lado, legítimo, de uma ampla parcela da população de rechaço aos partidos, em relação à corrupção, promessas de campanha não cumpridas, mas que também foi disseminado pela grande imprensa, estimulando este sentimento anti-partidário".
Cyro afirma ainda que tais ataques seriam injustos, devido a que os partidos da esquerda, especialmente o PSOL, o PCB e o PSTU, não estavam nas ruas porque havia um milhão de pessoas nas ruas, o PSTU, especificamente, sempre esteve nas manifestações, buscando construir uma alternativa aos partidos tradicionais, que compactuam com o atual estado de coisas. "Não nos estranha que esses grandes partidos estejam financiando, também, essas ações".
O resultado dessa agressão, com paus, pedras e rojões, como já foi relatado pelo próprio PSTU, foi o de vários feridos, com certa gravidade, sendo que o mais grave deverá submeter-se a uma cirurgia plástica reparadora, dada a seriedade do ferimento que sofreu no rosto, correndo risco de perder a visão de um olho. Outros militantes sofreram ferimentos na cabeça, fraturas, sendo 16 ligados ao PSTU e um número ainda não contabilizado entre os outros partidos. Afortunadamente, ninguém sofreu ferimentos mais graves, não havendo necessidade de internação. Julio Anselmo, da ANEL-RJ, lembrou que houveram ataques também a sindicatos, movimentos sociais, "mandando abaixar bandeiras inclusive de centros acadêmicos".
Assim, de forma a proteger os militantes, já que as manifestações ainda continuarão - domingo próximo haverão atos durante a final da Copa das Confederações -, o PSTU está reunindo fotos, vídeos e outras provas, com a intenção de entrar com uma queixa-crime contra os agressores. Já em maio deste ano, tanto o PSTU quanto o PCB foram ameaçados de agressão, por meio de cartazes, por uma organização neonazista denominada Combat 18, a mesma que teve integrantes presos pela agressão a um nordestino na Praça Araribóia, em Niterói. Houve, ainda, ameaças por carta ao Sindicato dos Comerciários de Nova Iguaçu, filiado à CSP-Conlutas, central sindical que o PSTU atua politicamente.
Note-se que aqui no Rio, diferente de outras capitais, a ação repressiva da polícia deu-se contra os movimentos sociais e não de forma indiscriminada, havendo cerco a estudantes e militantes no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e na Faculdade Nacional de Direito, ambas da UFRJ, e no SindsPrev, com o lançamento de bombas de gás - inclusive na frente do Hospital Souza Aguiar, onde manifestantes feridos, alguns do PSTU, estavam recebendo tratamento.
Aderson Bussinger, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, relatou a denúncia do PSTU, pois a OAB pretende entregar ao Ministério Público um dossiê sobre as agressões sofridas pela esquerda, "pois trata-se de um ataque à democracia, não se justificando perante qualquer setor dos movimentos sociais". Dessa forma, a Comissão de Direitos Humanos da OAB coloca-se à disposição para apurar os fatos e encaminhar as denúncias às autoridades competentes.
A ANotA - Agência de Notícias Alternativas - se solidariza com os feridos dos movimentos sociais e repudia os ataques perpetrados por movimentos nazi-fascistas, colocando-se à disposição para receber e apurar quaisquer denúncias da atividade desses grupos, e publicizando tais informações para uso dos movimentos sociais.
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