quarta-feira, 26 de junho de 2013

Mais crônicas de um Brasil "acordado"

Crônicas de um Brasil “acordado” 4

Túlio. Idade: 16 anos. No metrô de Brasília rumo a sua casa, em Águas Claras (bairro de classe média para quem não tem dinheiro de morar nas famosas asas) ele ainda veste a camisa contra a PEC 37. Está feliz porque ela foi rejeitada. Levou dois amigos. Sabe o que é PEC 37, cura gay, royalties do petróleo para educação, discursa como especialista. Quer se reunir com militantes depois das mobilizações, “mas nada se seja um grupo organizado”, diz ele. Acha um absurdo a violência policial: “não é só com os vândalos, o gás lacrimogênio é para quem está lá pacificamente”. Um amigo, com a mesma camiseta conta a PEC 37, comenta: “nos bairros centrais é bala de borracha, mas na periferia estão matando de verdade”. Será Túlio um fascista manipulado pela direita como muito militante "que já está acordado há muito tempo" diz? O que sei é que meninos como ele levou milhões na rua e dobrou o Congresso Nacional, coisa que muito militante sabichão, “quadraço”, como se diz, nunca sonhou em fazer.

Crônicas de um Brasil “acordado” 5

Rodoviária de Brasília sitiada. Paralização de rodoviários. Polícia dispersa a população na base de gás lacrimogênio, cassetetes e escudo. Vândalos e não vândalos apanham por igual. Gente se escondendo no banheiro. Enquanto a multidão ainda estava aglomerada, entoava as mesmas palavras de ordem das manifestações. “Você aí fardado, está do lado errado”. “Sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor”. Ninguém com cara da classe média manipulada pela mídia que alguns militantes sabichões denunciam.

Crônicas de um Brasil “acordado” 6

Santa Helena de Goiás fica a 250 quilômetros de Goiânia, no sul de Goiás. Os 35 mil habitantes vivem de atividades relacionadas à agropecuária. Até a bandeira da cidade tem um ramo de algodão, riqueza do lugar. Desde que surgiu, em 1937, nunca houve manifestação de rua ou de qualquer tipo. Não existem grêmios estudantis, sindicatos, associações de bairro, nunca existiram. No sábado, pela primeira vez, moradores locais se manifestaram por alguma coisa. 

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