por Juzerley Santos, da Redação
Nos últimos dias foram divulgados os resultados das eleições e internas do Partido dos Trabalhadores (PT). À primeira vista os dados indicam, que apesar da redução de votantes, aumentou absurdamente o peso do grupo dirigente que vem conduzindo a sigla desde sua fundação no início nos anos 80.
Com este resultado ganha ainda mais força o nome de Dilma
Roussef para disputar a reeleição presidencial no ano que vem e a manutenção do
modelo político-econômico implementado pelos governos petistas, em âmbito
federal, na última década. Dilma aparece com índice de mais de 37% nas
pesquisas.
Um modelo baseado na mesma lógica neoliberal dos governos
tucanos de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que privilegia o sistema
financeiro, o agronegócio e as privatizações; criminaliza os movimentos sociais
e ataca os direitos trabalhistas e sociais.
Parece que as internas do PT não sofreram grandes abalos
com as grandes manifestações e greves ocorridas desde as Jornadas de Junho. A
exceção de uma difusa, e falaciosa, bandeira em torno à Reforma Política; será
que o PT nada tem a declarar sobre as reivindicações que sacudiram o Brasil?
O máximo da preocupação petista com as implicações dos
protestos tem sido burilar o nome de Lula, já que este parece “agregar valor”, com
índices de mais de 40%, como opção à queda da popularidade de Dilma e uma
possível inviabilização dela na disputa.
Enquanto isso, chamada oposição de direita se articula e
tenta apresentar um nome viável para a disputa com Dilma (ou mesmo com Lula). O
PSDB se esforça há algum tempo na consolidação do nome de Aécio Neves, mas tudo
indica que ele terá de esperar uma melhor chance em 2018 já que seu nome nunca
decolou. A alternativa tucana é José Serra, mas não é nada animadora também.
Já Marina Silva, antiga ex-futura REDE, não conseguiu
legalizar seu partido e acabou optando pela opção segura de embarcar no PSB. O
mais provável é de que apesar dos bons índices de intenção de voto seja
candidata a vice de Eduardo Campos, ex-aliado dos petistas. O pessebista também
tem bons índices, mas está aquém da ex-ministra verde de Lula, já que é um nome
muito restrito ao Nordeste.
Volta e meia surgem novos nomes no campo conservador,
como o do ministro do STF, Joaquim Silva. Mesmo o “quase herói” da tucanada não
indica ser uma séria ameaça ao poderio eleitoral petista, tanto de Dilma quanto
de Lula.
Se não conseguiu abalar as fileiras petistas, pelo menos
parece as Jornadas de Junho impactaram e mobilizaram os partidos mais
vinculados aos movimentos sociais. Percebendo a tentativa petista de adiantar o
debate em torno ao calendário eleitoral diante o desgaste do governo Dilma e
apostando em nova jornada de manifestações no ano da Copa do Mundo, as legendas
identificadas com a oposição de esquerda também estão se posicionando.
O PSOL, talvez por seu peso parlamentar e suas disputas
internas (tem congresso agora no final do ano) já vem apresentando alguns nomes
como pré-candidatos à presidência. O mais conhecido deles talvez o mais
conhecido seja o de Luciana Genro, ex-deputada federal, lançada pelos setores
considerados mais à esquerda no partido.
Há também os nomes de Randolfe Rodrigues, atual senador
pelo Amapá e figura política em expansão, representante da ala majoritária que
dirige o partido. Além dele também aparecem citados o ex-deputado cearense
Renato Roseno e Chico Alencar.
O PSTU, por sua vez, lançou através do seu presidente
nacional, Zé Maria uma carta aberta ao PSOL e ao PCB chamando à unidade e a
conformarem uma Frente de Esquerda capaz de responder programaticamente às
reivindicações levantadas desde junho. É o que também diz defender o PCB, ao lançar um pré-candidato, o professor da UFRJ Mauro Iasi. Sua plataforma se baseia na unidade de toda a esquerda nas ruas e nas urnas.
De acordo com a atual postura do PSOL (que se efetivou em
2010), que provavelmente lançará candidatura própria nacional e nos principais
estados, não aceitando coligação nas proporcionais a proposta de Frente de
Esquerda está ameaçada. Tendo Zé Maria como candidato em 2002 e 2012, tudo leva
a crer que o PSTU e, agora, o PCB sairão sozinhos em 2014.
O que seria uma pena. Já que as Jornadas de Junho, que se
estenderam em julho, agosto, setembro e, até o momento, outubro mostraram um
espaço nunca antes visto, desde o surgimento do PT, para uma proposta de
esquerda, claramente socialista e vincula ás lutas dos trabalhadores.
Contudo, ainda falta muito para as eleições de 2014 e
muita água ainda pode rolar e esperamos que a correnteza se direcione para à
esquerda e que uma alternativa classista, socialista e de luta se concretize. È
uma tarefa de todos nós.
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