quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A diferença racial de salário segue no Brasil, inclusive na capital federal

por Almir Cezar, de Brasília

Pesquisa do Dieese e Codeplan/DF confirma que a diferença racial de salário segue no Brasil, inclusive na capital federal. As mulheres negras são as mais prejudicadas com relação aos salários e os afrodescendentes são maioria entre trabalhadores domésticos. Os negros têm mais oportunidades com políticas públicas específicas, embora os negros são a minoria no serviço público.

Enquanto os negros que vivem na capital do país ainda têm salários menores que os não negros, a taxa de desemprego entre os dois grupos diminui a cada ano. Números da Pesquisa de Emprego e Desemprego no DF (PED-DF) de 2011, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e Companhia de Desenvolvimento do DF (Codeplan), mostram que a diferença entre não ocupados dos dois segmentos é de apenas 1,9 ponto percentual. Em 2002, a discrepância chegava a quase 6 pontos. O rendimento médio mensal de trabalhadores brancos e amarelos é 55,26% maior. Afrodescendentes recebem R$ 1.737, contra R$ 2.697 dos indivíduos de outros grupos.

Mulheres negras

As mulheres negras são as mais prejudicadas quando o assunto é salário. O rendimento médio por hora trabalhada delas é o menor em todos os setores englobados pela pesquisa. Elas carregam dois fatores históricos, discriminação de gênero e raça/cor. Muitas empresas preferem homens por conta do cotidiano. As mulheres podem engravidar e têm direito a licença-maternidade, o que é um gasto a mais para a companhia. Além disso, têm tarefas domésticas e dispõem de mais tempo para ficar com os filhos. 

Políticas públicas

Ainda assim, em todo o Brasil, há carência de mão de obra qualificada e os negros ainda têm dificuldades para chegar ao nível superior. Os afrodescendentes ainda são minoria nas instituições de ensino. 

Entre os autônomos, por exemplo, o salário é semelhante, não tem tanta diferença. No setor público, a diferença é muito grande. Os negros correspondem a 19,8%. Como têm menos acesso à educação, eles enfrentam mais dificuldades para a ascensão na carreira profissional, pois têm menos títulos acadêmicos e uma remuneração menor. Os não negros somam 28,7%.

Entre os negros empregados no DF, 63,9% trabalham no setor de serviços, frente a 71,8% de não negros. Entre os domésticos, os afrodescendentes são maioria: 8,8%, diferença de 4,1 pontos percentuais em relação aos não negros.

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