Manifestantes fazem ao final da marcha um ato em frente ao gramado do Congresso Nacional (Foto: ANOTA) |
por Almir Cezar, de Brasília
As centrais sindicais
fizeram nesta quinta (11) um ato em Brasília levando a pauta de reivindicações
da classe trabalhadora. Entre as cobranças levadas pelos cerca de 5 mil
presentes, estava a redução da jornada de trabalho, o fim do fator
previdenciário e melhorias na saúde e na educação.
O movimento em Brasília
não foi forte como em Porto Alegre, mas teve
um impacto. Servidores da Universidade de Brasília (UnB) e do Ministério do
Desenvolvimento Agrário pararam.
Alguns trabalhadores de
outras categorias, como correios, pararam por conta própria, mesmo sem nenhuma
divulgação por parte do sindicato. Trabalhadores rurais, indígenas e estudantes
também compareceram.
“Somos contra a
política econômica do governo, que gasta metade do orçamento em dívida pública”,
disse no carro de som Rodrigo Dantas, da CSP-Conlutas (Central Sindical
Popular - Coordenação Nacional de Lutas). Para ele “o país vai mudar com a
entrada em cena da classe trabalhadora”.
A crítica ao governo foi o tom da maioria das
falas, tanto dos representantes de partidos de oposição (PSTU e PSOL) como até
mesmo de sindicalistas historicamente
vinculados ao governo.
Antes da manifestação
unificada, servidores da Caesb (empresa de água da cidade), junto com o
Movimento do Passe Livre (MPL) e outros movimento fizeram um ato em que a principal
via da cidade, o Eixo Monumental, foi fechado por uma hora. Cerca de cem pessoas
compareceram. Famílias do MST também ocuparam a sede regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Pautas
dos trabalhadores
Além de total liberdade
de expressão para partidos e sindicatos, a manifestação teve como diferencial a
pauta. Transporte, educação, saúde, combate a corrupção foram lembrados, mas o
movimento sindical apresentou sua próprias reivindicações.
Entre elas está a
redução da jornada de trabalho. Isto só aconteceu uma vez desde a criação da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943: passou de 48 horas para 44
horas na Constituição de 1988. A tecnologia, ao invés de facilitar a vida dos
trabalhadores, gerou desemprego. A redução seria um meio para que este
desenvolvimento não gere apenas mais lucro para os patrões, mas também melhoria
na qualidade de vida dos trabalhadores.
Outra reivindicação é o
fim do fator previdenciário. O governo Fernando Henrique Cardoso mudou em 1999
as regras para a aposentadoria. Além de chamar aposentado de “vagabundo”, o
então presidente criou entraves para quem quer se aposentar. O pretexto seria o suposto “rombo na
previdência”. Pelas contas do movimento sindical, o “rombo” não é causado pelas
aposentados, mas pelo desvio do dinheiro da previdência para pagamento da
dívida pública. O PT, depois de 10 anos de governo, mantém o fator
previdenciário.
Outra reivindicação é o
cancelamento da reforma da previdência feita em 2003. Segundo o Supremo
Tribunal Federal no julgamento do chamado “mensalão”, ela foi aprovada mediante
compra de votos de deputados. Isto abre margem para que a reforma que
prejudicou milhões de servidores públicos seja anulada.
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