quarta-feira, 17 de julho de 2013

Saúde do Homem: um olhar sobre o machismo

SAÚDE
Por Jorge Henrique, de Brasília

Na semana em que se comemora o dia nacional do homem, atividades são promovidas para chamar atenção da população à saúde masculina. Encarado como um capricho da altivez masculina, o dia do homem soa como brincadeira de mau gosto numa sociedade em que nos 365 dias do ano se ‘comemora’ a superioridade masculina. Talvez a indiferença com a data, inclusive no meio masculino, seja reflexo do próprio machismo do opressor que, além de oprimir, se torna vítima da sua própria condição. 

Negaram-se, como num martírio sindrômico típico de super-homens, aos sentimentos, às emoções e às doenças. Mal sabem que a manutenção do seu status quo os leva para o caminho da autodestruição. Contudo, se faz necessário lembrar - com maior importância - da situação da mulher no Brasil, que sofre com a violência sexual em ambiente doméstico, no trabalho e no transporte público, que resiste a três jornadas de trabalho com salários até 30% mais baixos comparados ao do homem e que no final das contas tem sua vida ceifada pela intrépida opressão machista.


Devido aos aspectos culturais – ligados às questões de gênero, logo, dos espaços de inclusão e exclusão nas relações humanas - os agravos do sexo masculino constituem verdadeiros problemas de saúde pública.  A cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. Quando comparado com as mulheres, o tempo de vida dos homens é 7,6 anos menor. As doenças isquêmicas do coração, como o infarto do miocárdio, seguida das doenças cardiovasculares (como o Acidente Vascular Cerebral, o AVC), pneumonia, cirrose e diabetes estão entre as principais causas de mortes do sexo masculino.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de próstata é uma das causas mais frequentes de mortes, com o crescimento de 120% nos últimos 34 anos. Somam-se a todos esses agravos as causas externas como a violência, em que o predomínio de óbitos é devastador, pois atinge o dobro de homens em relação às mulheres e o triplo se considerarmos a faixa etária de 20 a 39 anos.

Para aumentar o acesso do público masculino aos serviços de saúde, o Ministério da Saúde lançou em 2009 o Programa Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. A iniciativa tem como público alvo os homens de 20 a 59 anos de idade, que correspondem a 41,3 % da população masculina ou 20% do total da população, totalizando 2,5 milhões de brasileiros.

Os estudos revelam que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo as enfermidades graves e crônicas. A resistência masculina à prevenção e ao autocuidado aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas também o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família. 

A política de Atenção Integral à Saúde do Homem preconiza cuidados tanto da Atenção Básica com foco na Estratégia de Saúde da Família, quanto nos demais níveis de atenção, no que diz respeito à promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde. Pra efetivação da política é necessário aumentar os investimentos na atenção básica e aumentar o valor repassado às unidades de saúde para realização de planejamento familiar e procedimentos urológicos, como a vasectomia, e para a ampliação do número de ultrassonografias de próstata. 

Os problemas que afetam a saúde do homem, em que pese a opressão sofrida pela mulher, estão intimamente ligados à questão da desigualdade de gênero na sociedade. É preciso que os homens superem seu machismo como forma de adquirir, inclusive, seus direitos fundamentais. O título de provedor da sociedade, aquele que trabalha e sustenta a casa, já era, é pura balela. As mulheres já são maioria. O problema é que a sociedade se utiliza das diferenças para explorar os grupos mais oprimidos, e como forma de manter a ideologia do opressor. Ao homem resta o status de bravura inabalável. Mal sabe que quando adoecer será a mulher que irá leva-lo ao doutor. 

Até o dia 19 de julho, na maioria das cidades do Brasil, serão realizadas campanhas de prevenção e diagnóstico das DST/AIDS e Hepatites Virais, testes de glicemia capilar, além de palestras sobre hipertensão, diabetes, controle da tuberculose, pré-natal do homem e planejamento familiar. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário