segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Comunicação comunitária e alternativa: quem financia a diversidade?

por Iara Moura, pela Rede alternativa

Discussão sobre financiamento de comunicação comunitária e alternativa marca segundo dia de atividades na Semana Nacional pela Democratização da Comunicação no Rio de Janeiro

   Inexistência de políticas públicas para o financiamento de iniciativas de comunicação comunitária e alternativa, dificuldade de inserção de conteúdos independentes nas emissoras públicas, falta de transparência e equilíbrio na distribuição das verbas publicitárias do Estado, burocracia e lentidão nas outorgas e concessões e falta de formação. Estes foram os principais temas discutidos na Roda de Conversa “Desafios para o financiamento da mídia comunitária e alternativa” que ocorreu nesta segunda feira, 14, no Sindicato do Jornalistas Profissionais no Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ). O momento marca o segundo dia de atividades da Semana pela Democratização das Comunicações na cidade, organizada pela Rede Alternativa e pela Frente Ampla pela Liberdade de Expressão e pelo direito à Comunicação (Fale Rio).

   “A gente quer ter a comunicação comunitária como uma profissão mesmo. A gente sabe do sacrifício que fazemos para nos manter atuando enquanto comunicadores e militantes e, por isso, é necessário se organizar e lutar, por exemplo, pela redistribuição das verbas publicitárias. É preciso pensar esse dinheiro como dinheiro público”, defendeu André Vieira, diretor do SJPMRJ e integrante do Coletivo Tatuzaroio de Comunicação Audiovisual.



Um celular na mão e uma ideia na cabeça

   Além das faixas, cartazes e bandeiras empunhados pelos manifestantes que tomaram as ruas das cidades brasileiras nos últimos meses, outro objeto também foi largamente utilizado na tentativa de fazer ecoar as vozes indignadas das ruas. Portando aparelhos celulares, diversos jovens organizados em coletivos e redes gravavam e transmitiam ao vivo as marchas que lotavam o centro do Rio de Janeiro e outras capitais brasileiras.

   Rapidamente, a cobertura realizada por esses grupos ganhou repercussão através das redes sociais alcançando grandes audiências e mobilizando a opinião pública para um debate que se propunha a ir além do maniqueísmo que os grupos privados de comunicação encontraram na contraposição entre aqueles que seriam manifestantes pacíficos e aquele “pequeno grupo de vândalos” e que, em última instância, buscava justificar a violência policial e a intransigência do governo. Na discussão, destacou-se como a atuação destes grupos vem ganhando apoio da sociedade que vê neles a possibilidade de ter acesso a uma cobertura de qualidade e sem distorções.
   “A gente percebeu que havia uma carência de contra-informação. As redes (de TV) se batem, disputam audiência mas no fim, o discurso é o mesmo, afirmou Philippe Batista, comunicador”, integrante do Coletivo Rio na Rua.

   Os grupos apontaram a surpresa com a quantidade de visualizações e compartilhamentos que seus vídeos vêm ganhando mas também destacaram que a questão da sustentabilidade tem sido motivo de aflição. “A gente gosta e acredita no que faz e quer viver disso a vida inteira, mas fica temeroso de pedir dinheiro a esse ou aquele governo ou órgão estatal e ficar de rabo preso. É essa a grande incógnita, apontou Antônio Equi, estudante e do Coletivo Voz nas Ruas.

   A discussão reuniu comunicadores (as) que atuam em jornais comunitários e coletivos de audiovisual e apontou a necessidade de constituição de uma rede com vistas a organizar a ação política dos grupos e propor políticas públicas de fomento e financiamento da comunicação comunitária e alternativa.

   A Semana Nacional pela Democratização da Comunicação segue com programação no Rio até sábado, 19, com aulões, seminários e rodas de discussão.

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