quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Levantamento inédito mostra caos na Saúde do Rio de Janeiro

por Max Laureano, da Redação

Um levantamento inédito realizado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), entre os dias 12 e 19 de agosto de 2013, em 50 unidades de saúde do município, revelou uma realidade preocupante.

Dos 1.225 pacientes encontrados nas emergências, 812 (66%) aguardavam internação. Destes, 220 (27%) esperavam ser internados em leitos de UTI adulto. No mesmo período, foram identificados 32 leitos vagos, para onde já poderiam ter sido transferidos 14,5% destes pacientes. Durante esse período, 209 pessoas morreram, sendo 45 delas (22%) nas UPAs.

A fiscalização realizada pelo Ministério Público constatou graves problemas nas filas de espera para acesso aos leitos hospitalares federais, estaduais e municipais situados no município do Rio (sistema regulatório). Os principais problemas constatados foram: falta de leitos hospitalares, falta de sistema informatizado para organizar as filas dos pacientes que esperam por vaga, falta de critérios claros para definição de quem deve receber primeiramente a vaga no hospital (protocolos de hierarquização dos casos e classificação de risco), ausência de cooperação entre hospitais federais, estaduais e municipais, desorganização na divisão de tarefas entre os hospitais (perfis hierarquizados de atendimento) e carência de recursos humanos.


Os dados apontam que o maior tempo de espera é verificado nas especialidades de infectologia (16 dias), oncologia (12 dias) e ortopedia (9 dias). Em algumas unidades, pacientes que estavam nas macas ou em cadeiras foram considerados internados, tendo tido até mesmo alta nesses locais. Em uma das emergências foi encontrado um paciente aguardando vaga há 40 dias para correta internação no hospital.

 A vistoria, feita em 30 UPAs, 5 CERs (Coordenação de Emergência Regional) e 15 hospitais, constatou que a maioria dos pacientes (52,7%) tem mais de 60 anos. Entre os que aguardavam transferência, 3% eram portadores de doenças infectocontagiosas.

A Secretaria Estadual de Saúde informou que só vai se pronunciar após receber a lista das unidades fiscalizadas. Já a Prefeitura do Rio disse que precisa entender a metodologia usada.

Uma audiência pública será realizada no MP com as Promotorias de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Capital, que será presidida pelas promotoras Anabelle Macedo Silva, Madalena Junqueira Ayres e Patrícia Silveira Tavares e contará com a participação de gestores públicos, conselhos profissionais e representantes do Poder Judiciário e da Defensoria Pública, além de outras entidades da sociedade civil relacionadas ao tema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário