quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Lobão não passa de um “cumpadre” Washington que não soube envelhecer

por Ademar Lourenço, de Brasília

Nunca gostei do grupo “É o Tchan”. Eu tinha asco do tal “cumpadre” Washington, líder da banda. Hoje eu reconheço que o cara pelo menos tem senso de humor e soube envelhecer (não falo aqui de idade). Ninguém leva o tal “cumpadre” a sério. Ele é visto como uma subcelebridade que canta músicas que as pessoas hoje têm vergonha de dizer que já gostaram. Mas o cantor leva tudo com espírito esportivo e aceita a brincadeira. Ao assumir esse papel, o ele pelo menos se livrou do ridículo de querer ser outra coisa.

O cantor Lobão agiu diferente. Ele não aceita que sua música não encanta mais ninguém, a não ser meia dúzia de fãs. Se dependesse da carreira de roqueiro, ele não iria manter o padrão de vida. Isto é um problema para o senhor João Luiz Woerdenbag Filho, principalmente agora que o plano de saúde deve ter encarecido por conta da idade avançada.

Ao invés de assumir que é uma bizarrice do passado que as pessoas gostam de se lembrar para rir, como o “cumpadre”, Lobão partiu para a ofensiva. Agora é colunista da revista “Veja” e recentemente foi contratado pela Record. Motivo: posar de esquerdista arrependido para veículos de comunicação conservadores. Em seu primeiro artigo na Veja ele tentou desmoralizar os cantores de rap, os movimentos sociais e os ex-guerrilheiros que lutaram na resistência à ditadura militar. Em resumo, defendeu ideias totalmente contrárias ao que ele defendia na época da fama.

Se antes ele era o estereótipo do esquerdista rebelde burguês, hoje ele encarna o direitista rebelde burguês. Em 1989, ele fez campanha para o Lula. Em 2000, vendia seu CD em bancas de revista para fortalecer uma alternativa às grandes gravadores.Hoje ele faz piadas das pessoas torturadas na ditadura e calunia os movimentos sociais. Nos dois papéis ele sempre foi superficial, falso e só queria fazer polêmica para aparecer. Que bom que agora ele está com a direita. Vai com Deus, Lobão. Que a Igreja Universal te abençoe.

Se ele aceitasse o papel de roqueiro decadente que só vive dos hits do passado e fizesse piada disso, poderia ir para “A Fazenda” e talvez ganhar mais dinheiro. Também teria um fim de vida mais digno. Afinal, ele pode até ter um pequeno grupo de seguidores, mas o resto do mundo enxerga nele apenas um palhaço tentando ser levado a sério. Como se o “cumpadre” Washington estivesse tentando reativar sua carreira cantando Chico Buarque. 

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