sábado, 28 de dezembro de 2013

Greves e povo nas ruas: A Primavera Sul-Coreana já começou?

por Juzerley Santos, da Redação
Greve geral e povo nas ruas na Coréia  mostram que 2013 ainda não acabou
Líder mundial da indústria de construção naval e sede da poderosa Hyundai, considerada a 13ª maior economia e um dos países mais desenvolvidos do mundo pelas Nações Unidas, pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a Coréia do Sul parece que resolveu ter sua própria “primavera”ao apagar das luzes de 2013.

No último dia 27/12 o governou sul-coreano de Park Geun-Hye ordenou, sem mandado, o uso de  4 mil policiais na ocupação da sede da Confederação dos Sindicatos da Coreia (KCTU), a demissão de mais de 8000 grevistas do Sindicato dos Ferroviários Coreanos (KRWU) e a prisão dos principais líderes sindicais. 

Nesta sábado, 28/12, uma greve geral de grandes proporções e inúmeros protestos espalharam-se pelo país em apoio à greve dos ferroviários iniciada há quase um mês contra o processo de privatização da ferrovia. A política privatista, a grande repressão aos sindicalistas e opositores do governo, as denúncias de corrupção e suspeitas de fraudes nas últimas eleições presidenciais levaram centenas de milhares de trabalhadores e jovens a tomarem as ruas da capital Seul e de outras cidades sul-coreanas.

Sindicatos e organizações populares lideram os protestos
Tudo começou quando o governo anunciou a abertura do processo de privatização do setor ferroviário - o mais importante meio de transporte do país. Os trabalhadores, através de seu sindicato, iniciaram uma greve contra a medida. O governo respondeu com a mais dura repressão ordenando a demissão de grevistas e prisão de suas lideranças e a invasão da sede da Confederação dos Sindicatos da Coreia.

Segundo a própria grande mídia tem divulgado que os protestos têm sido compostos em sua maioria por trabalhadores sindicalizados, contudo estudantes, profissionais liberais e ativistas da internet (como a aliança Koka - Korean Online Communities Alliance) aderiram em massa às manifestações. Flashmobs de protesto têm se espalhado pelas cidades da Coréia do Sul.

Mais uma vez as redes sociais
O governo e a grande imprensa como sempre tentaram boicotar e desqualificar os protestos.  A polícia se apressou, além de reprimir, em divulgar números baixos de adesão às manifestações, estimando em 20 mil os manifestantes.

Mas blogs e perfis no facebook rapidamente desmentiram estes dados e através de imagens e transmissões ao vivo mostraram que centenas de milhares de pessoas se manifestaram neste sábado (28/12), A própria polícia informou ter convocado 13 mil policias para conterem os protestos. Tudo indica que às manifestações apenas começaram e que os próximos dias serão agitas na parte sul da península coreana.

Assista a transmissão ao vivo dos protesto em Seul
A exemplo de recentes manifestações, como em Wall Street, Madrid, Barcelona, Atenas, Cairo e Rio de Janeiro um canal foi aberto no YouTube visando disponibilizar imagens ao vivo das mobilizações que ocorrem, principalmente na capital Seul. É possível acessar pelo link http://www.youtube.com/watch?v=4h4kfRGuapY#t=1521112.

Sindicalistas brasileiros em solidariedade aos trabalhadores sul-coreanos 
Ainda nesta sexta, 27/12, representantes da CSP-Conlutas estiveram na embaixada da Coreia buscando informações sobre a situação dos trabalhadores, mas, por problemas de agenda, não foram recebido pelo cônsul, e aguardam nova reunião para discutir o tema.
O movimento sindical na França também enviou seu apoio e carta de moção. A Solidaires se coloca contra a repressão e a criminalização dos movimentos dos ferroviários e contra a privatização do transporte no país.

Confira logo abaixo as cartas de solidariedade
 Moção de Apoio aos Ferroviários da Coreia – CSP-Conlutas
 Moção de Apoio aos Ferroviários da Coreia – Solidaires
dirley@agencianota.com

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