sábado, 1 de fevereiro de 2014

Pelo direito de amar, de ser respeitado e feliz: criminalização da homofobia já

Por Adriano Espíndola Cavalheiro,  
Especial para a ANOTA - Agência de Notícias Alternativas
  
A reação ao beijo de Félix e Nico na novela 'Amor à Vida' é
reflexo da homofobia que permeia a sociedade brasileira.
Lutar para que o respeito aos gays não fique na ficção.
Pasmem, mas o Brasil é o país onde há mais assassinatos de homossexuais no mundo. Em 2012 foram 338 assassinatos; em 2013 mais de 300. Em 2014, apenas no mês de janeiro, mais de 30 gays e lésbicas foram assassinados.

Essas mortes são resultados de uma sociedade onde a homofobia oprime aos LGBT’s (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros e Simpatizantes) nas escolas, no trabalho, na família, na igreja e nas esquinas escuras das pequenas cidades ou largas avenidas dos grandes centros urbanos, o que é um absurdo inominável pois os LGBT’s lutam apenas pelo direito de amar e de serem respeitados enquanto seres humanos.

No Brasil, mesmo depois de cerca de 25 anos de redemocratização e quase 12 anos de governo de um partido, refiro-me ao PT, que dizia combater toda a forma de opressão, se você ofender alguém por causa da cor da pele, chamando a pessoa de macaco, preto safado, etc., estará cometendo crime racismo, o qual é imprescritível e inafiançável, medida que, vale dizer, é mais do que correta. Contudo, se você chamar um gay de “pecador nojento”, “promíscuo sujo”, “viadinho”, “mulherzinha”, em vez de ser punido, será visto por muitos como defensor dos bons costumes e a moralidade.

Crimes de ódio contra homossexuais não são punidos em nosso país. O Congresso Nacional segue incapaz de avançar no projeto de criminalização da homofobia e a bancada homofóbica do fundamentalismo religioso, cujo um dos expoentes é o Sr. Feliciano, segue se sentindo à vontade para transformar a tribuna do Congresso em púlpito da opressão. Fanáticos religiosos, a maioria formada por evangélicos, não aceitam a ideia de não poderem exclamar, incitar, propagar o ódio aos quatro cantos contra homossexuais e que sua postura é que faz aumentar a violência física e assassinatos dos homossexuais.

A reação negativa de alguns ao beijo entre os personagens de Mateus Solano (Felix) e Thiago Fragoso (Nico) na novela recém-encerrada “Amor à Vida”, o primeiro beijo gay das novelas brasileiras, é exatamente o reflexo da homofobia que permeia, muitas vezes de forma contida, parte da sociedade brasileira.

Entretanto, esse beijo foi uma grande vitória da luta contra a homofobia, pois, tanto o autor da novela Walcyr Carrasco, como o ator Mateus Solano, construíram a personagem de tal modo que ele, Félix, angariou a simpatia de todos, pois, ao contrário do que normalmente ocorre nas novelas brasileiras, tal personagem não foi a personificação do bem ou do mal, mas sim uma pessoa como qualquer outra, com qualidades e defeitos e que passou ser um ser humano melhor, quando resolveu encarar o desafio de assumir sua sexualidade.

Passado o beijo televisivo, o que homossexuais ou heterossexuais tem que fazer, é lutarem para que o respeito aos gays não fique apenas na ficção. É preciso muita luta para que a homofobia seja não apenas criminalizada, mas adotada medidas que ajudem a extirpá-la do seio da sociedade, para que todos entendam que o direito ao amor, ao respeito e à dignidade humana é devido a toda e qualquer pessoa, independente de sua orientação sexual.

Adriano Espíndola Cavalheiro é advogado trabalhista, militante em Minas Gerais. 
É articulista da Agência de Notícias Alternativas. 
Mantém o blog Defesa do Trabalhador - (blog integrante da rede ANOTA). 
Contato: defesadotrabalhador@terra.com.br .

A DIVULGAÇÃO, CITAÇÃO, CÓPIA E REPRODUÇÃO AMPLA DESTE TEXTO É PERMITIDA E ACONSELHADA, desde que seja dado crédito ao autor original (cite artigo de autoria de Adriano Espíndola Cavalheiro, publicado originalmente pela ANOTA – Agência de Notícias Alternativas)

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