Ato reuniu dezenas de milhares nas ruas do Rio (Foto: Rodrigo Noel) |
por Rodrigo Noel, do Rio de Janeiro
Em greve há mais de 50 dias, trabalhadores dão show de democracia e organização. Em contrapartida, tropa de choque da polícia militar aterroriza as ruas do Rio e prende mais de 200 manifestantes
O dia 15/10/2013 foi mais um dia para entrar na história da capital fluminense. Ontem os profissionais de educação (Rede Estadual, Rede Municipal do Rio e Niterói, além dos trabalhadores da FAETEC), em greve há mais de 50 dias, organizaram uma grandiosa manifestação que contou com cerca de 100 mil presentes, segundo o SEPE/RJ.
Os ativistas se concentraram na Candelária e seguiram em marcha até a Cinelândia. Não houve nenhum registro de provocação por parte da polícia neste trajeto, o que não significa que a polícia militar não tenha dado seu já tradicional show de perversidade, covardia e abuso de autoridade.
Os profissionais de educação tiveram, ainda no dia de ontem, duas importantes vitórias judiciais: a cassação da liminar concedida ao governo do Estado que permitia o corte de ponto pelos dias parados e a concessão de uma liminar que suspende a cassação da carta sindical do SEPE/RJ. Segundo o site do sindicato, "o desembargador que concedeu a liminar ainda fez uma boa conexão do assunto com as greves atuais nas redes municipal e estadual e o papel do Sepe como legítimo representante dos profissionais das escolas públicas do Rio de Janeiro".
Tudo correu muito bem. Até que...
Como na semana anterior, ao final do percurso orientado pelo comando de greve, a ação de um grupo isolado da manifestação deu a justificativa que faltava para que a tropa de choque da polícia militar fizesse um verdadeiro espetáculo de ataque aos direitos democráticos. O acampamento "Ocupa Câmara", que era mantido nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto, foi desmantelado sob pontapés, agressões e diversos ativistas detidos. As ruas do Centro, na região da Cinelândia (tradicional palco de manifestações populares), viraram um verdadeiro campo de batalha, onde a PM jogava bombas indiscriminadamente, usava balas de verdade/chumbo, atacava jornalistas e fotógrafos e terminou com o saldo de mais de 200 presos.
Contando com o auxílio da polícia civil, a noite do Rio de Janeiro se transformou num show de arbitrariedades. Os manifestantes presos foram levados para 6 delegacias em diversos pontos da cidade. Até o fechamento desta nota, cerca de 70 pessoas ainda permaneciam detidas. A maioria está sendo enquadrada na nova lei de "organização criminosa", sancionada por Dilma em agosto, e considerada pelo DDH inconstitucional, pois "sua redação ignora direitos já conquistados na Constituição de 1988 e autoriza o Estado a interceptar ligações telefônicas, ter acesso sem autorização judicial a dados de empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito, além de prever que policiais possam se infiltrar em atividade de investigação.".
No final da tarde de hoje foi realizado um ato em frente a Câmara de Vereadores do Rio, na Praça Floriano, em que foi exigida imediata liberação dos presos políticos. O aparato policial destacado para esta manifestação era completamente desproporcional: 4 motos, 2 ônibus e 4 viaturas da pm estavam no local, além de cerca 20 guardas municipais (equipados com escudos) que permaneceram de prontidão nas escadarias da Câmara. Outros 2 ônibus e mais 20 praças "aguardavam" na Rua Evaristo da Veiga o fim do ato pacífico.
As denúncias de abuso de poder e cerceamento a liberdade de imprensa também são inúmeras, contando com prisões arbitrárias de fotógrafos e agressão a diversos ativistas da mídia alternativa. Todas denúncias de arbitrariedade por parte do governo do Estado contarão com nosso apoio e ajuda na divulgação em nossos espaços. O DDH tem solicitado apoio para reunir vídeos, fotos e demais materiais que ajudem na divulgação das barbaridades cometidas pela PM no dia de ontem.
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