por Rodrigo Barrenechea, editor*
Foto: Blog ENE |
O ENE foi realizado em 3 dias. Na sexta (08), foi realizada uma marcha em defesa da
educação publica, laica e de qualidade. Cerca de 2 mil pessoas caminharam pelo centro do Rio, reivindicando melhorias nas escolas, fim da destinação de verbas públicas ao ensino privado e destinação imediata de 10% do PIB para a educação pública. Destaca-se a participação de presidenciáveis, como Zé Maria (PSTU), lideranças sindicais, como Mauro Puerro (da CSP-Conlutas) e Marinalva Oliveira (do ANDES-SN), e estudantis, como os integrantes da ANEL e da Oposição de Esquerda da UNE (União Nacional dos Estudantes).
Mesa de abertura discute projetos privatistas para a educação
No segundo dia, sábado (09), foram realizados a mesa de abertura e os grupos de discussão. A mesa, realizada no Club Municipal, contou com a mediação de Marinalva Oliveira e dela participaram a professora Maria Luz Arriaga, da Universidad Nacional Autónoma de México, e os professores Roberto Leher, da UFRJ, e Valerio Arcary, do Instituto Federal de Educação de São Paulo. Os 3 conferencistas concordam que os ataques à educação pública são feitos mundialmente, no contexto das Metas do Milênio e dos planos para o setor do Banco Mundial. Por isso, a resposta a esses ataques deve ser feita também em âmbito internacional, daí a importância do ENE e da reunião internacional em defesa da educação pública e de qualidade, realizada nesta segunda (11).
Para Leher, os grupos empresariais que atuam na educação tem um claro corte classista.
Segundo ele, trata-se de treinar cérebros para dirigir a sociedade e braços para sustentá-la. "Este é o primeiro objetivo, diferenciar a educação entre quem manda e quem executa. É uma ação de classe". Já para Arcary, "O vocabulário é o mesmo em todo o mundo: meritocracia, produtividade, avaliações constantes. É um pacote do Banco Mundial que está sendo implementado". Há uma necessidade urgente de se articular lutas contra isso, porque o esse é um discurso que já está sendo incorporado por uma parte da juventude, inclusive por entidades que supostamente deveriam defender o interesse dos estudantes.
Foto: Blog ENE |
No fim da mesa de abertura, fizeram saudações ao ENE o Secretário Geral do Sindicato dos Professores da Palestina, Ahmad Anees Sihwil, e Nara Cladeira, representante do SUD (Sindicato Unitário da Educação), entidade francesa de trabalhadores da área da Educação, ligada à União Sindical de Solidariedade, o Solidaires. A vereadora na cidade de Natal, Amanda Gurgel (PSTU), também esteve presente ao encontro.
Grupos de discussão preparam propostas para o Encontro
À tarde, os grupos de discussão se formaram, no campus Fundão da UFRJ. Separados por tema, formaram-se 21 grupos, que discutiram assuntos como passe-livre, financiamento do setor, privatização, precarização etc. Os grupos tanto prepararam as propostas para a plenária final quanto serviram para a troca de experiências e ideias dos delegados dos diferentes lugares do país. Ainda na noite de sábado, foi feita uma festa no alojamento dos estudantes, em Maria da Graça, subúrbio do Rio.
No dia seguinte, domingo (10), de volta ao Club Municipal, realizou-se a plenária final. Os relatórios dos grupos foram lidos e foi aprovada a "Carta do Rio de Janeiro", que aponta os rumos da luta em defesa da educação pública. A Carta propõe a criação de Comitês
Estaduais em Defesa da Escola Pública e de uma jornada nacional de defesa da educação pública, a ser realizado na segunda quinzena de outubro. Além disso, apontou-se para um novo ENE para 2016. Aprovou-se, ainda, moções em defesa da luta dos educadores mexicanos, de apoio à greve das universidades estaduais paulistas e em solidariedade ao povo palestino.
Relatórios dos grupos são lidos na plenária final. Foto: RB |
Nas palavras de Sônia Lucio, do ANDES-SN seção Rio de Janeiro, "o encontro foi lindo. Conseguimos reunir um grupo de ativistas que organizaram este encontro, e que sai hoje com resoluções importantes. Na minha avaliação, esse encontro foi absolutamente vitorioso, porque enfrentamos uma ofensiva duríssima dos governos e da burguesia no sentido da privatização da educação pública, e esse encontro é um pólo que vai aglutinar aqueles que nesse país defendem a educação pública"
* Com informações do Blog do ENE (http://ene2014.wordpress.com/)
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