sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Os trabalhadores rurais seguem acampados em sede do INCRA/MDA em Brasília

por Almir Cezar, da Sucursal Brasília

A sede nacional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e das maioria das secretarias do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) no Centro de Brasília (DF) amanheceu na última terça-feira (12/08) ocupada por trabalhadores rurais dirigidos pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar do Distrito Federal e Entorno (Fetraf-DFE) para pedir agilidade na reforma agrária na capital do país e no Entorno. Desde então 200 pessoas, entre eles mulheres e crianças, seguem acampados em volta do edifício.

Os manifestantes chegaram a sede por volta de 5h e tomaram a portaria, impedindo a entrada dos cerca de dois mil funcionários do prédio. Uma cozinha foi improvisada na área externa da sede e no interior do prédio diversos manifestantes, entre eles, algumas crianças, acamparam pelo térreo e estacionamento. A iniciativa visa obter do governo federal os assentamentos de famílias do Distrito Federal, obtenção de terras nos municípios do Noroeste de Minas Gerais, uma região que compõe o chamado Entorno do DF, e a implantação de infraestrutura básica (rede de água e energia, além de asfalto, por exemplo), a demarcação dos lotes e o fornecimento de condições que permitam que o grupo produza.


Após a desocupação decidida pelo movimento no final da noite de terça-feira, após obter reunião com os órgãos fundiários intermediada pelo Superintendente do Incra do DF, os trabalhadores seguem acampados em volta do edifício aguardando o atendimento das reivindicações. A ação da Fetraf-DFE sobre o prédio é a segunda similar esse ano, e a quarta de movimentos semelhantes. Ano passado a mesma entidade chegou a ocupar por três dias o mesmo edifício.

Agronegócio dita

A ação dos trabalhadores rurais aconteceu na mesma semana que ocorria no Congresso Nacional o seminário internacional sobre o Ano Mundial da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena decretada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). No Brasil, apesar de possuir menos de 1/3 das terras agricultáveis, a agricultura familiar é responsável pela produção de quase 3/4 dos alimentos. E ainda, 100 mil famílias estariam embaixo de "lonas" aguardando serem assentadas pelo Incra ou receberem créditos fundiários para comprar terras.

O campo brasileiro apesar de ser o único setor da economia que cresceu diante da crise econômica, e ser principal setor exportador e gerador de divisas internacionais, abriga mais de 50% da população em situação de miséria, apesar de concentrar apenas menos de 10% da população total.

A presidenta Dilma Rosseff e os governadores do Distrito Federal Agnelo Queiroz e de Minas Gerais Antônio Anastásia não cumpriram as promessas eleitorais de realizar os assentamentos necessários. Os atuais governos federal e estaduais investem pesado no agronegócio que ganha bilhões com a exportação de carne, soja, suco de laranja e café. Enquanto isso nosso país importa arroz, feijão, alho e outros alimentos. A agricultura familiar é quem de fato produz alimentos para nosso povo. O que explicaria que diante de sucessivas supersafras agrícolas anuais e o pais seja o campeão em agroexportação, passe por uma alta e persistente inflação cujo principal centro são os preços dos alimentos.

Os gigantes do agronegócio, como o frigorífico JBS/Friboi, financiam a campanha eleitoral dos grandes partidos como PT, PMDB, PSDB, DEM, PSB, etc, que passam a defender seus interesses. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que Dilma arrecadou R$ 6,35 milhões de empresas do setor. Os recursos levantados por Aécio e Campos somam R$ 7 milhões em doações. 

A maior doação recebida pela comitê de campanha da presidente e a direção nacional do PT foi da JBS/Friboi (R$ 5 milhões), que tem o BNDES entre seus acionistas. Isso explica porque tanto no plano federal como estadual o Brasil passa pelos piores indicadores históricos da Reforma Agrária.

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