por Almir Cezar, da Sucursal Brasília
Semana decisiva dos servidores federais. (Charge: Nico) |
Esta semana (17 a 21/03) será marcada por novas ações de pressão dos servidores públicos federais que buscam negociação com o governo. Com diálogo estagnado e sem respostas oficiais para a pauta de reivindicações unificadas da campanha salarial 2014, servidores das universidades federais entraram em greve desde ontem e os da base do Poder Executivo decidirão dia 21. Com uma série de acordos pendentes e em busca do atendimento de demandas urgentes, a greve geral por tempo indeterminado não está descartada. Entidades que compõem o fórum nacional dos servidores voltam a promover um ato em frente ao Ministério do Planejamento nesta quarta-feira, 19, a partir das 9h.
Lado a lado servidores aposentados e da ativa fazem duras criticas a política econômica adotada por este governo, que segue privilegiando grandes empresários e banqueiros enquanto deixa em segundo plano as reais necessidades da população. No início de fevereiro um ato marcou o lançamento da campanha salarial. Na ocasião o Planejamento se comprometeu a apresentar resposta formal à pauta dos servidores federais antes do feriado de carnaval, o que não ocorreu.
Entre as bandeiras de luta dos servidores também estão a busca pela antecipação de parcela de reajuste negociada para janeiro de 2015 e reajuste em benefícios como auxílio-alimentação. A inflação levou embora poder de compra dos servidores – a expectativa é de que as ações de pressão consigam reabrir o processo de diálogo com o governo que não vê avanços significativos desde 2012, isso apesar de uma série de termos de acordo que garantem a continuidade das negociações em temas importantes para a categoria.
Essas demandas estão baseadas em estudos feitos pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) apontam que a inflação consolidada e divulgada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) levou embora o poder de compra dos servidores pois a inflação já anulou qualquer ganho proporcionado pelo acordo assinado em 2012.
O corte de 44 bilhões no orçamento de 2014, anunciado recentemente pelo governo de Dilma, soa como uma afronta às reivindicações dos servidores. Enquanto o governo alega que não tem recursos para atender as demandas da categoria, segue com os altos gastos em estádios e ignorando os problemas gerados pela falta de investimentos em serviços básicos como saúde e educação.
Na avaliação de sindicalistas das entidades dos servidores federais "somente com todas as categorias juntas vai ser possível conseguir o almejado. Para os este ano o calendário (Copa do Mundo e eleições) é apertado e importante a unidade para a mobilização". O reajuste concedido em 2012, ainda que pífio, foi uma vitória para a categoria, uma vez que "foi a união dos servidores que fez com que a Dilma se dobrasse e conseguíssemos alguma coisa. Por isso, a necessidade de nos mobilizarmos desde já. Vamos agir com coordenação e unidade, entrando e saindo juntos da luta. Vamos exigir um serviço público padrão FIFA, a começar pela remuneração dos servidores”.
Servidores das universidades federais entram em greve por tempo indeterminado
Servidores técnico-administrativos das universidades começaram hoje (17/3) greve nacional por tempo indeterminado. Os trabalhadores da Universidade de Brasília (UnB) têm reivindicações locais. Entre elas, o restabelecimento da carga horária de 30 horas semanais, reconhecimento dos diplomas de mestrado e doutorado feitos em países do Mercosul e a não implementação do ponto eletrônico. Os servidores também pedem que seja revogada a terceirização do Restaurante Universitário (RU) e a cessão dos servidores do Hospital Universitário à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Os serviços da Biblioteca Central (BCE) foram suspensos. A prefeitura e o almoxarifado central também foram fechados. A garagem da UnB e o serviço de vigilância trabalha com 50% do pessoal. O restaurante universitário funciona normalmente.
Base da Condsef votará greve em plenária nacional
Nesta terça, 18, a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), entidade que reúne a maioria das categorias dos servidores federais do Poder Executivo, especialmente das carreiras gerais (os "carreirões"), realiza reunião do seu Conselho Deliberativo de Entidades (CDE), onde fará avaliação das assembleias que ocorreram ao longo das últimas semanas nos estados e discutiram a situação das negociações com o governo e a necessidade de aderir a uma paralisação por tempo indeterminado. Na quinta, 20, a Condsef realiza uma plenária nacional com os servidores de sua base. A plenária acontece no auditório do Teatro Dulcina, no Centro de Brasília.
Além de debater as últimas ações e avaliar o resultado dos processos de pressão feitos até agora, a categoria, que representa 80% do total de servidores do Executivo, votará se deve ou não apontar o início de uma greve para buscar avanços junto ao governo. Até o momento, pouco mais de 87% dos que responderam a uma enquete que está no ar no site da Condsef são a favor da greve geral por tempo indeterminado.
A Condsef destaca a importância de reforçar a mobilização e unidade entre os servidores em torno de sua pauta emergencial de reivindicações. A pressão seria o diferencial para que a categoria consiga os avanços esperados no atendimento de suas principais demandas.
Com informações: Condsef, Sindsef-SP e Correio Brazilienese
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