Por Rodrigo Barrenechea, enviado especial da ANotA, de São Paulo
Estes dias foram marcados pela presença maciça de ativistas de todo o país. Em pauta, as lutas durante a Copa do Mundo e no decorrer de 2014, por mais investimento em educação, saúde, habitação e combate ao racismo e à violência contra a mulher. E como adversário principal nesta partida, a FIFA e o governo Dilma Rousseff, que lucrarão bilhões enquanto as principais necessidades da população ficarão em segundo plano.
O fim-de-semana de encontros começou na sexta, dia 21/03, com a VIII Assembleia Nacional da ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre), entidade filiada à Central Sindical e Popular-Coordenação Nacional de Lutas, a CSP-Conlutas. A reunião estudantil foi realizada na Tenda Ortega y Gasset, no campus Butantã da Universidade de São Paulo, e reuniu perto de mil estudantes de todo o país. As principais discussões giraram em torno da defesa da educação pública, no enfrentamento às opressões presentes no sistema educacional do país – como o machismo, a homofobia e o racismo – e a estratégia de construção da entidade no movimento estudantil, face à questão de que a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), entidades atualmente hegemonizadas pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), são sustentáculos do governo Dilma e, por exemplo, não se opõem à realização da Copa do Mundo no Brasil, nem fazem críticas mais agudas às prioridades no investimento feitos pelos governos.
Na mesa de abertura da assembleia, participaram diversas entidades sindicais e populares, como o sindicato nacional dos docentes universitários, o ANDES-SN, o Movimento Mulheres em Luta, o Quilombo Raça e Classe, o Movimento Luta Popular – que reúne os ativistas de associações de moradores de bairros e favelas do país –; além destas, o Levante Popular da Juventude – ligado à Consulta Popular, a Juventude Na Rua, da corrente interna do PSOL Insurgência, e os militantes do Território Livre saudaram a realização do encontro. Teve destaque a participação de Thando Manzi, geógrafo sul-africano, que participou ativamente das lutas contra a Copa do Mundo em 2010.
Como ápice das discussões, que se estenderam por toda a sexta-feira, foram votadas as campanhas e atividades que a ANEL vai organizar neste ano, assim como foi eleita a Comissão Executiva Nacional, que vai dirigir a entidade no próximo período e preparar a mobilização estudantil por mais verbas para a educação e contra a repressão durante a Copa. Houve uma importante participação dos estudantes secundaristas – já que a ANEL, diferente da UNE e da UBES, agrupa alunos de todos os níveis da educação –, assim como um significativo aumento da participação nesta assembleia em relação à anterior, realizada em 2012 no Rio de Janeiro.