por Ademar Lourenço, de Brasília
O primeiro “rolezinho” da história foi no dia 1º de
fevereiro de 1961, na cidade norte-americana de Greensboro, no estado da
Carolina do Norte. Não, ninguém estava tocando funk. Na verdade, o que
incomodou foi o silêncio. Quatro jovens negros se sentaram em uma lanchonete e
esperaram ser servidos. Era uma lanchonete onde só brancos poderiam frequentar.
Sem resposta, continuaram sentados, se negando a inclusive a respoder às
provocações das pessoas. Causaram um alvoroço na cidade inteira e depois no país.
“São pessoas como vocês que nos causam problemas.
Vão lá para baixo, se querem comer” advertiu uma garçonete. Parece que em mais
de 50 anos as reclamações são parecidas. O “rolezinho” que começou uma grande
mobilização pela igualdade racial no mundo inteiro ainda não conseguiu alcançar
seus objetivos. Mas pelo menos as leis de segregação nos Estados Unidos foram
banidas.
Jovens ouvindo música e flertando incomoda? Também não incomoda os playboys em seus carros
no meio trânsito, nas seis da manhã de uma puta segunda-feira com o som tocando
alto no centro da cidade? Porque ninguém
reclama? Porque não chama a polícia para reprimir carnaval de rua que cobra abadá a R$ 400,00? A discussão não é sobre
sossego público ou lugar para se divertir. É sobre RACISMO.
O fenômeno pode ser uma estupidez de adolescente.
Mas afinal, adolescentes brancos e bem vestidos são estúpidos o tempo todo e nem por isso são espancados pela polícia como foram os participantes dos últimos "rolezinhos". E olha que pelo menos ninguém no rolezinho nunca queimou uma pessoa na rua, como os playboys gostam de fazer de vem em quando.
O “rolezinho” pode ser explicado pela aquela lei básica da física: toda ação tem uma reação. Simples assim. O negócio incomoda e o objetivo talvez seja
esse mesmo. Uma pessoa negra se sente incomodada toda a vez que é barrada em um
lugar pela cor de pele, sabia?
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