por Almir Cezar, de Brasília
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC), ao elevar a taxa básica de juros (Selic) para 10,5% ao ano, na quarta-feira (15/01), acrescentou mais 0,5 ponto percentual à trajetória iniciada em abril de 2012, quando a Selic estava em 7,25% ao ano. Contudo, a alta da Selic, usada para baixar inflação, causada principalmente pelos preços dos alimentos, desestimula a produção e ameaça justamente o equilíbrio de preços.
Com alta dos juros o crescimento não se sustenta
Não por acaso, na sexta-feira (17/01), o Banco Central divulgou o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil), indicador que antecipa o PIB (Produto Interno Bruto), apurado oficialmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A economia brasileira não sustentou a tendência de aceleração registrada em outubro do ano passado após o fraco desempenho do terceiro trimestre.
A atividade caiu 0,31% em novembro na comparação com o mês anterior. O número é pior do que a expectativa dos analistas. Demonstrando a instabilidade no crescimento da economia no ano passado. O resultado de novembro representou o oitavo mês seguido de em que o índice alternou altas e baixas. Em outubro, havia subido 0,7%.
Severas críticas e desequilíbrios nos preços provocado pelos juros
A iniciativa taxada pela grande imprensa de inevitável, ao contrário, é criticada por economistas não-ligados ao mercado financeiro - grande beneficiário com a medida - porém pouco ouvidos. Segundo eles não haveria necessidade dessa política. Embora juros altos reduzem o consumo, também inibe os investimentos, necessários para a recomposição do parque industrial e geração de mais empregos, e que aumentam a produção, logo a oferta de bens e serviços que combateria justamente a alta de preços.
Segundo o economista Miguel Bruno, da Escola Nacional de Estatística (Ence), ligada ao IBGE, o uso dos juros para enfrentar uma pressão inflacionária com origem nos preços dos alimentos contraria a própria teoria clássica da economia, adotada pelos economistas ortodoxos. “A alta do preços dos alimentos, para os clássicos, deve incentivar a produção, equilibrando oferta e demanda e colocando os preços num patamar também de equilíbrio. O uso da taxa de juros interfere nessa dinâmica”, destaca.
Segundo o economista Miguel Bruno, da Escola Nacional de Estatística (Ence), ligada ao IBGE, o uso dos juros para enfrentar uma pressão inflacionária com origem nos preços dos alimentos contraria a própria teoria clássica da economia, adotada pelos economistas ortodoxos. “A alta do preços dos alimentos, para os clássicos, deve incentivar a produção, equilibrando oferta e demanda e colocando os preços num patamar também de equilíbrio. O uso da taxa de juros interfere nessa dinâmica”, destaca.
“Insistir em aumentar a taxa de juros nesse momento é um grande equívoco. Precisamos é ampliar a atração de investimentos para diminuir o custo de produção e expandir nossa gama de produtos”, protesta o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, ante o novo aumento da taxa de juros. “O mercado nacional será prejudicado, e a economia brasileira, que já não cresce como o esperado, ficará ainda mais estagnada”, emenda. Para concluir: “Uma nova alta dos juros apenas encarece os investimentos, aumenta o custos das reservas, sem efeito substancial sobre a inflação”.
Inflação estrutural
O economista Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destaca que o Brasil continua convivendo com uma pressão inflacionária estrutural, real motivo da persistente inflação interna e impassível de ser remedia por uso dos juros. “Nos últimos 6 anos, a inflação no Brasil é maior do que média mundial e maior do que a mediana mundial em nove anos”, critica o professor, autor de estudo comparativo baseado em indicadores do FMI sobre a economia global.
Aumento das despesas públicas
Embora considerada um dos responsáveis pela inflação, o aumento das despesas públicas, supostamente por aumentar a demanda agregada, justamente a alta dos juros funciona pressionando-a. A consultoria Tendências calcula que, a cada aumento de 1 ponto, a despesa do governo com juros cresce cerca de 0,2 ponto do PIB (Produto Interno Bruto), algo entre R$ 9,5 bilhões a R$ 10 bilhões ao ano. Isso projeta aumento anual, até aqui, de pelo menos R$ 32,5 bilhões no gasto público com o serviço da dívida interna desde o início da alta da Selic em abril.
Violando a intensão de desestimular a demanda, a alta da Selic implica em mais pagamentos de juros aos rendimentos de aplicações financeiras - renda a mais que pode virar gasto em consumo. Para complicar, a desaceleração econômica diminuí a arrecadação, complicando o quadro fiscal.
Os recursos à menos pagos com os juros poderiam ser usados em investimentos em infraestrutura para aumentar a produção e reduzir custos com gargalos logísticos, inclusive nos alimentos e demais commodities, o que poderia ajudar no combate à inflação.
PIB: teto baixo
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, é taxativo sempre que instado a explicar o baixo nível de crescimento do Brasil: “Sem investimentos produtivos, não há como esperar um desempenho mais forte do PIB . O consumo das famílias funciona como suporte, mas o que dá a dinâmica da atividade, para cima ou para baixo, são os investimentos”.
Inclusive por conta da taxa de juros, não à toa, a taxa de investimentos do Brasil em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) está estacionada entre 18% e 19%. Quando tomou posse, em 2011, a presidente Dilma Rousseff prometeu elevar, até o fim de seu mandato, esse índice para, pelo menos, 24%, com o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), porém, logo se mostrou vazio. Além de o governo não conseguir tocar os empreendimentos por total ineficiência, a alta taxa de juros desestimula os empresários ou a preferirem a pôr seu capital em aplicações financeiras.
Juros ao consumidor explodem
Apesar de muito pouco eficiente no combate a inflação, a consequência direta aos consumidores da alta será disparada na taxa de juros dos empréstimos e dos financiamentos. O Brasil possui a maior taxa de juros no cartão de crédito na comparação com outros países da América Latina, em pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Proteste Associação de Consumidores. O resultado é alarmante. A taxa média brasileira (280,82% ao ano) é 525% maior do que a do Peru, que é o país com a maior taxa dentre os analisados.
A dica é evitar o cheque especial e dívidas no rotativo do cartão de crédito cujas taxas de juros irão ainda mais à estratosfera, optando por empréstimos com taxas pré-fixados, principalmente consignados que contém juros muito menores.
Inflação estrutural
O economista Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destaca que o Brasil continua convivendo com uma pressão inflacionária estrutural, real motivo da persistente inflação interna e impassível de ser remedia por uso dos juros. “Nos últimos 6 anos, a inflação no Brasil é maior do que média mundial e maior do que a mediana mundial em nove anos”, critica o professor, autor de estudo comparativo baseado em indicadores do FMI sobre a economia global.
Aumento das despesas públicas
Embora considerada um dos responsáveis pela inflação, o aumento das despesas públicas, supostamente por aumentar a demanda agregada, justamente a alta dos juros funciona pressionando-a. A consultoria Tendências calcula que, a cada aumento de 1 ponto, a despesa do governo com juros cresce cerca de 0,2 ponto do PIB (Produto Interno Bruto), algo entre R$ 9,5 bilhões a R$ 10 bilhões ao ano. Isso projeta aumento anual, até aqui, de pelo menos R$ 32,5 bilhões no gasto público com o serviço da dívida interna desde o início da alta da Selic em abril.
Violando a intensão de desestimular a demanda, a alta da Selic implica em mais pagamentos de juros aos rendimentos de aplicações financeiras - renda a mais que pode virar gasto em consumo. Para complicar, a desaceleração econômica diminuí a arrecadação, complicando o quadro fiscal.
Os recursos à menos pagos com os juros poderiam ser usados em investimentos em infraestrutura para aumentar a produção e reduzir custos com gargalos logísticos, inclusive nos alimentos e demais commodities, o que poderia ajudar no combate à inflação.
PIB: teto baixo
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, é taxativo sempre que instado a explicar o baixo nível de crescimento do Brasil: “Sem investimentos produtivos, não há como esperar um desempenho mais forte do PIB . O consumo das famílias funciona como suporte, mas o que dá a dinâmica da atividade, para cima ou para baixo, são os investimentos”.
Inclusive por conta da taxa de juros, não à toa, a taxa de investimentos do Brasil em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) está estacionada entre 18% e 19%. Quando tomou posse, em 2011, a presidente Dilma Rousseff prometeu elevar, até o fim de seu mandato, esse índice para, pelo menos, 24%, com o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), porém, logo se mostrou vazio. Além de o governo não conseguir tocar os empreendimentos por total ineficiência, a alta taxa de juros desestimula os empresários ou a preferirem a pôr seu capital em aplicações financeiras.
Juros ao consumidor explodem
Apesar de muito pouco eficiente no combate a inflação, a consequência direta aos consumidores da alta será disparada na taxa de juros dos empréstimos e dos financiamentos. O Brasil possui a maior taxa de juros no cartão de crédito na comparação com outros países da América Latina, em pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Proteste Associação de Consumidores. O resultado é alarmante. A taxa média brasileira (280,82% ao ano) é 525% maior do que a do Peru, que é o país com a maior taxa dentre os analisados.
A dica é evitar o cheque especial e dívidas no rotativo do cartão de crédito cujas taxas de juros irão ainda mais à estratosfera, optando por empréstimos com taxas pré-fixados, principalmente consignados que contém juros muito menores.
Com informações: Monitor Mercantil, Agência Brasil, Banco Central, FGV e IBGE
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