quarta-feira, 25 de abril de 2012

Estupros no Rio subiram mais de 88% em 11 anos

Por Alberto Marques, em seu blog

   Embora a propaganda oficial, patrocinada com recursos públicos, continue a afirmar que o Rio de Janeiro vive em clima de paz e segurança, os próprios órgãos governamentais negam essa realidade dura. O ISP –  Instituto de Segurança Pública – que utiliza em seus estudos as estatísticas oficiais da Secretaria de Segurança, revelam o crescimento de 88,5% nos casos de estupros.

   Em 2011, foram registrados 4.871 casos, com a média absurda de 13 estupros por dia. Com isso, o crescimento do número de estupros registrados no Estado do Rio nos últimos 11 anos chegou a 88.5%. Segundo o ISP, em 2.000 houve 2.583 notificações, com a média de 7 casos por dia, contra os 4.781 registrados em 2011, isto é, no ano passado ocorreram 2.288 casos a mais do que em 2.000.

   Para a delegada Márcia Noeli, diretora da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher, há três principais motivos para explicar o aumento no número de casos de estupro. Um deles é a criação de uma lei, em 2009, que tipificou como estupro casos que antes eram considerados como atentado violento ao pudor, quando não há penetração pelo órgão sexual masculino, por exemplo.

— Essa lei também inovou ao permitir que, em caso de vítimas menores de 18 anos ou pessoa vulnerável, a ação pública seja incondicionada. Ou seja, qualquer pessoa pode denunciar. Antes, só a representante legal da vítima poderia registrar o caso. Outro fator é o trabalho da polícia, que prende os autores e encoraja as mulheres a denunciar. Mesmo com o aumento de registros, ainda há muitas mulheres que têm medo ou vergonha de denunciar.
 
   Entre as dez áreas com maior quantidade de registros de violência sexual, quatro ficam na Baixada Fluminense. Em primeiro lugar aparece a região patrulhada pelo Batalhão de Mesquita (20º BPM), que inclui as cidades de Nova Iguaçu, Mesquita e Nilópolis. Em segundo, a cidade de Duque de Caxias, área do 15º Batalhão da PM.

   Para Márcia, a quantidade de denúncias na baixada está diretamente ligada ao comportamento das mulheres na região.

— Trabalhei muito tempo na Baixada Fluminense. O que percebi é que, tanto na violência sexual quanto na doméstica, as mulheres denunciam mais. Talvez porque, em muitos casos, as casas são geminadas e os vizinhos sabem o que ocorre naquela família. Elas não têm muita coisa a perder. Já em família de alta renda vejo que, quando uma criança é violentada, eles a levam para clínicas psicológicas, mas não a levam para delegacia, pois geralmente são homens ou mulheres públicas.

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