sexta-feira, 12 de junho de 2015

Acaba a greve dos Professores no Pará!

A Greve dos Professores no Pará é suspensa! E agora Jatene?

Por Wellingta Macêdo, direto de Belém do Pará.

Professores do Pará realizam o enterro da educação pública do 
estado. (Foto: Ascom Sintepp)
Foram 75 dias de muita luta, sangue, suor e lágrimas. Muitas lágrimas. 75 dias em que uma das categorias mais penalizadas pela política de arrocho salarial, desvalorização da profissão, cortes no orçamento imposto pelo governo federal e aplicado pelos governos estadual e municipal, paralisou suas atividades não apenas para reivindicar um aumento de salário, mas também, para denunciar a situação que se encontra um dos estados que mais sofre com o descaso da gestão pública. Os professores do estado do Pará na última sexta-feira, cinco, encerraram uma das maiores greves já feitas pela categoria no estado. Em uma assembleia dividida com acusações contra a direção do Sintepp, o sindicato dos professores do estado, e ameaça de desfiliação de alguns trabalhadores a categoria decidiu, em uma votação apertada suspender a greve contra o governo de Simão Jatene, do PSDB, e negociar os descontos na folha de pagamento e a reposição de aulas.

Ano passado, a presidente Dilma Roussef sancionou o Plano Nacional de Educação que estabelecia 20 metas e um prazo de 10 anos, para a melhora da qualidade na educação pública do país. Isto aconteceu no final de 2014. No início deste ano, a mesma presidente e seu ministro, dono da pasta de Planejamento, o cara que possui carta branca pra fazer o que quiser, Joaquim Levy, apresentaram o plano de Ajuste Fiscal Econômico que entre outros ataques, apresentou um corte que só na área da Educação foi de 7 bilhões de reais.


Situação das escolas públicas no Pará.
Foto: Blog do João Silvio.
Imagina como esse corte atinge um estado como o Pará, um dos lugares onde a Educação Pública nunca foi tratada com a importância que merece. Onde os alunos das escolas públicas são conhecidos como "alunos jacarés", "alunos morcegos" e outros adjetivos nem tão qualitativos assim, devido às condições precárias das instituições de ensino. Um levantamento feito pelo Ministério Público Federal do Pará em parceria com o Ministério Público Estadual em fevereiro deste ano, revelou o que os alunos já sabem: Grande parte das escolas do estado não apresentam condições mínimas de segurança e infraestrutura para atender os alunos e alunas do Pará. Falta reformas, energia, carteira, merenda, segurança. Falta tudo!

A greve dos profissionais de educação no Pará denunciava todo este drama e revelava a falta de políticas públicas do governador Jatene nesta área e seu descompromisso com a educação do estado. Durante os 75 dias de greve, os professores realizaram muitas lutas e travaram uma verdadeira guerra não só contra Jatene, mas também contra o secretário de educação do estado, Helenílson Pontes e contra a mídia burguesa. Eles contaram com o apoio de diversos pais e alunos.

Jatene foi duro e intransigente atacou a categoria instituindo os descontos dos dias parados e contratando professores temporários. Com relação ao pagamento do piso, o governo manteve a proposta de pagar em quatro parcelas fixas, duas esse ano e duas para ano que vem. Também prometeu realizar reforma nas escolas, mas não apresentou até agora nenhum calendário e retirou as aulas suplementares, um dos motivos de reivindicações da greve da categoria.

Mas Jatene fez mais. Chamou os professores de “mafiosos” num claro desrespeito à categoria. Impulsionou uma campanha publicitária na principal emissora da cidade, a TV Liberal, filiada à Rede Globo, de mentiras e calúnias a respeito do piso salarial e chegou a afirmar que um professor no início de carreira, recebe mais de 5 mil reais na folha, nada mais falso. Chegou a usar as redes sociais para se omitir da responsabilidade dos descontos nos salários dos professores em especial quando um professor que sofria de pressão alta, após receber seu contracheque com descontos, passou mal e acabou vindo à óbito, o que causou mais revolta e indignação na categoria.

“A greve dos professores do Pará foi muito dura, mas teve momentos importantes. Os professores protagonizaram uma ocupação no Centro do Governo do Estado (CIG) que contou com o apoio da população, de pais e alunos. Também fizemos o enterro da educação paraense na Feira do Livro do estado e realizamos atos que pararam a cidade. Politicamente falando, a greve desgastou o governo e as figuras de Simão Jatene e Helenilson, contra quem os professores realizaram uma campanha pedindo sua saída da pasta”, afirmou Abel Ribeiro, da CSP-Conlutas PA que constrói o Coletivo Luta Educador que é oposição à direção do SINTEPP.

O próximo passo agora, segundo Abel, é organizar as lutas da categoria para enfrentar os ataques que virão. “O governador exige que façamos a reposição das aulas durante os sábados com aulas até 15 de julho, mês das férias escolares o estado. Nós vamos discutir isso. Não tínhamos acordo e nossa posição não era sair da greve assim, sem nehuma garantia por parte do governo.No entanto, a categoria está mais forte do que nunca”, finalizou Abel que também confirmou a preparação de um plano de lutas da Educação para seguir em defesa da Educação Pública no estado do Pará.

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