quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Trabalhadores do Comperj acampam no Rio por salários

por Rodrigo Barrenechea, do Rio de Janeiro

Fotos: RB
Cerca de 100 trabalhadores da Alumini (ex-Alusa) estão em frente da Petrobrás desde a manhã desta quinta (29), pedindo que a empresa resolva a crise da empreiteira. Esta deve tanto a demitidos quanto a trabalhadores ainda empregados, porém estes não recebem seus salários desde novembro. A dívida chega à cerca de R$ 14 milhões, entre passivos trabalhistas, salários, 13º, férias vencidas e benefícios indiretos. 


A construtora, que alegava não ter recursos, impetrou pedido de recuperação judicial, aceito pela justiça. O bloqueio dos bens da Alumini foi devido a uma ação impetrada pelos trabalhadores da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Vindos de Itaboraí, onde fica o canteiro de obras do Comperj, os operários foram chegando perto das 7 da manhã no Edifício Sede da Petrobrás, no centro do Rio. Eles levaram seus uniformes, deixados no chão propositalmente para serem pisados, assim como um caixão com um boneco também uniformizado, simbolizando a morte da empresa. A manifestação contou com o apoio do Sindipetro-Rio e de diversos outros movimentos sociais que por lá passaram. A intenção dos trabalhadores é permanecer acampado até que a Petrobrás resolva o problema deles.
Desde cedo, os trabalhadores se reuniram em frente ao
EDISE, no centro do Rio

A estatal se recusa a ajudar

Fac-símile de trecho da sentença, onde
a Petrobrás é intimada a depositar valor em juízo
Em função da crise, não apenas na Alumini, mas em outras empreiteiras - fruto da Operação Lava-Jato -, o Ministério Público do Trabalho de Niterói vêm realizando uma série de audiências entre trabalhadores, sindicatos, empresas e a Petrobrás. Tais esforços, até agora, não tiveram sucesso em conseguir uma conciliação. Depois do fracasso da última audiência, realizada nesta terça (27), o procurador do trabalho, dr. Maurício Guimarães, impetrou ação junto à Justiça do Trabalho pedindo o bloqueio dos bens da estatal. 

Pela decisão do juiz do trabalho de Itaboraí, a Petrobrás tem 48 horas (que encerram nesta quinta) para depositar R$ 13.222.565,10 referentes à salários, parcelas do acordo de demissão etc., sob pena de pagamento diário de multa de R$ 10 mil em caso de descumprimento. Há também, neste valor, valores a título de indenização por danos morais - R$ 1 milhão por dano coletivo e R$ 1 mil para casa trabalhador.

A estatal declarou, em nota, que não é responsável pelo pagamento, por entender que a relação trabalhista se dá entre os empregados e a Alumini. No entanto, a própria estatal vem firmando contratos com um fundo para casos como esse, por entender que casos como esse estão se tornando recorrentes. Só que agora, independente do que diga a Petrobrás, há uma decisão judicial que obriga a empresa a depositar o valor em juízo para futuro pagamento.
A situação dos trabalhadores da Alumini é bastante precária
Os trabalhadores, por sua vez, entendem que não apenas devem lutar pelos seus direitos na justiça, mas devem permanecer na rua para garantir o que lhes é devido.
Luta dos trabalhadores da Alumini deve prosseguir até
a resolução das pendências
Neste sentido, defendem que as estatal dispense as empreiteiras e as empresas terceirizadas, contratando diretamente a mão-de-obra, por meio de uma empresa estatal criada para este fim.

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