Greve que foi decidida pela categoria
semana passada, conta com o apoio de pais e estudantes.
Mesmo
debaixo de uma forte chuva característica de nosso inverno amazônico, os
professores da rede estadual do Pará deram início oficialmente, à greve
decidida pela categoria na semana passada. Uma assembleia marcada para as 9
horas da manhã, em São Brás, pelo Sindicato dos Professores do Estado do Pará
(SINTEPP), reuniu mais de 2.500 trabalhadores da educação e contou com o apoio
de estudantes da rede pública e pais de alunos. O movimento de paralisação por
tempo indeterminado da categoria tem como principal reivindicação a exigência
de que o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB) pague o piso salarial dos
professores que está atrasado desde janeiro, além da manutenção das aulas
suplementares sem redução de salários, eleição direta para diretor e
implementação do Plano de Carreira Unificada. Cerca de 80% da categoria, aderiu
ao movimento grevista.
A
paralisação começou a ser organizada pela categoria desde segunda-feira, 23,
quando os professores reuniram-se com estudantes explicando os motivos que os
levaram à greve. Ontem, terça-feira, foi a vez dos pais dos alunos participarem
de reuniões nas escolas com a categoria. Na assembleia de hoje, estudantes de
algumas escolas estaduais como a escola Augusto Meira, umas das maiores de
Belém estavam presentes com cartazes em apoio e solidariedade à greve dos
professores. Eles chegaram à assembleia, cantando: “O professor é meu amigo,
mexeu com ele, mexeu comigo”.
Pouco
mais de dez horas da manhã, a categoria saiu em passeata com carro-som,
fechando a Avenida Almirante Barroso, principal via de entrada e saída de Belém
e se dirigindo até a Secretaria de Administração do estado, SEAD. Durante o
ato, os professores receberam o apoio e a solidariedade de diversas pessoas nas
ruas, de operários da construção civil que trabalhavam em obras próximas.
Gilmar Mendes, diretor, representando o Sindicato dos Trabalhadores da
Construção Civil de Belém, filiado à CSP-Conlutas, esteve presente no ato e
falou no carro-som que os operários do setor estão apoiando a greve dos
professores.
O pedagogo
e especialista em educação, Antônio Diniz, disse em entrevista que a situação
da educação pública no Pará é lamentável. Enquanto Jatene cria uma secretaria
especial para sua filha, os professores e alunos sofrem com escolas sucateadas,
com a falta de merenda escolar, falta de livros didáticos, e outras coisas. Ele
denuncia que Jatene quer mexer na jornada dos professores, o que acaba mexendo
também com os seus vencimentos. O atraso do pagamento do piso, que deveria ser
reajustado em 13,01%, gera revolta e indignação já que governo sinalizou pagar
só no fim de abril e não há perspectivas de os professores receberem os
retroativos correspondentes a janeiro, fevereiro e março. “A categoria não vai
aceitar parcelamento de piso”, disse Antônio.
No
meio do ato, a TV Liberal, filiada à Rede Globo, foi expulsa pela categoria por
ter chamado em seu jornal, os professores de trapaceiros e mafiosos. Josyanne
Quemel, professora que constrói a Oposição Luta Educador, filiado à
CSP-Conlutas, disse que quem mente é a Liberal e Jatene, e que a luta dos
professores é em defesa da educação pública.
O
ato terminou em frente à SEAD, onde a categoria votou uma agenda de lutas para
os próximos dias e sua participação em massa, amanhã, no dia 26 de março, dia
nacional em defesa da educação pública. A greve começou e começou forte.
por Wellingta
Macêdo, direto de Belém do Pará.
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