sexta-feira, 13 de março de 2015

ENeDC 2015: Os desafios para o direito à comunicação

por Rodrigo Noel, direto de Recife

Falta canal pro povo poder se comunicar

Na mesa, H.D. Mabuse, Carol Westrup e Pedro Rocha Foto: RN
O 1º Encontro Nordestino pelo Direito à Comunicação está ocorrendo em Recife, na Universidade Católica de Pernambuco, e faz parte dos esforços de preparação e mobilização rumo ao Encontro Nacional de Comunicação que será realizado no més de abril, em Belo Horizonte. Durante 3 dias, diversos comunicadores, jornalistas, coletivos de mídia alternativa e contra hegemônica debatem os rumos da luta pela democratização da comunicação.
A primeira mesa de debate de hoje foi iniciada por Othon Jambeiro, professor da UFBA. Othon fez uma breve contextualização política mundial no século XX e a restauração capitalista nos países do leste europeu. No campo da comunicação fez uma demarcação das disputas ideológicas, do empresariado encarando o público como mero consumidores. O professor estabelece como fundamental a clara identificação do interesse público para os debates que se fazem necessários pela democratização da comunicação. Ao final do primeiro bloco, o professor fez um chamado a sermos "vozes ruidosas" na defesa da causa da democratização da comunicação.
H.D. Mabuse começou com um histórico vindo desde o século XIX, com os primeiros locais de venda/chegada das revistas e outros veículos de comunicação impressa. Lembrou de uma definição de Paulo Freire sobre comunicação que diz que "é uma relação entre sujeito necessariamente iguais onde não existem relações de poder" e que a considera romântica, pois logo após os market places do século XIX isso se perdeu. Segundo Mabuse, somente nesse período dos market places havia uma relação entre iguais, sem relações de poder. Depois de um histórico sobre a produção de conteúdo após o boom da internet na primeira metade da década de 90, Mabuse fez uma análise que "paradoxalmente o facebook marca o fim da ideia libertária da internet", pois apesar dessa produção enorme de conteúdo, ela termina em si, como "se a vida terminasse em um shopping center", onde nossa presença é encarada como a de um consumidor em potencial.
Perguntados pelo público presente ao debate sobre a importância das novas mídias nas mobilizações populares, como em 2013, o professor Othon Jambeiro ressaltou a importância da caminhada em conjunto do avanço cultural e comunicacional. Jambeiro ressaltou ainda o atraso do sistema educacional brasileiro ser extremamente deficiente na incorporação das novas tecnologias informacionais. Ambos os debatedores lembraram os momentos de criação e mobilização da lei "do cabo" e o marco civil da internet. Othon finalizou sua participação reforçando a necessidade de mobilização permanente para a regulamentação final do marco civil da internet.
 O debate foi mediado pela publicitária Carol Westrup, organizadora da Agência Voz.

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