sexta-feira, 8 de maio de 2015

Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem realiza eleição

por Rodrigo Barrenechea, de Belo Horizonte, MG

Pouco antes da apuração, a chapa 2 se reúne para avaliar o processo
e levantar a moral dos fiscais e escrutinadores (fotos: RB)
Ocorreram, no início deste mês de maio, as eleições para a renovação da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte, Contagem e região. A nova diretoria toma posse este ano e fica na direção do sindicato até 2019. As 47 urnas - tanto fixas quanto itinerantes - coletaram cerca de 2500 votos nas quase 900 empresas que o sindicato tem como base. Esses 2500 votos, por um lado, correspondem a menos da metade do número de filiados do sindicato - perto de 6.700 -, e muito abaixo dos 70 mil trabalhadores na base sindical.


Duas chapas se apresentaram para a disputa: a chapa 1, da situação, ligada à atual diretoria e à Central Única dos Trabalhadores (CUT), e a chapa 2 - "Chão de Fábrica", que tem o apoio da CSP-Conlutas, e que reuniu os principais ativistas, tanto das empresas da região quanto dos aposentados da categoria. Um elemento importante, apontado pela oposição, é o fato de que vários diretores da atual gestão estão afastados do trabalho há quase 20 anos, sendo que vários conseguiram novo vínculo empregatício recentemente, em situação bastante suspeita. 


Mais alguns problemas marcaram o processo: a eleição foi antecipada em quase dois meses, a chapa de oposição teve sua inscrição sob risco de impugnação por mais de uma vez e, por fim, diversos membros da chapa foram seja ameaçados, pela patronal a mando da atual gestão, seja seduzidos por vantagens e cargos na chapa da situação.

A apuração ocorreu no Ginásio do Sindicato dos Metalúrgicos,
em Contagem, e se estendeu pela madrugada de quinta para sexta
Para Luiz Carlos Araújo, o "Lobisomem", candidato a presidente pela oposição, "qualquer que seja o resultado da eleição, temos uma vitória. A partir desta eleição, a situação mudou: o sindicato agora sabe que há uma oposição que vai encaminhar as lutas". 

Já para Gilberto Gomes, o "Giba", da Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais, filiada à CSP-Conlutas, e da executiva estadual da central, recuperar este sindicato é fundamental. "Para nós, este é um sindicato muito importante. Foi nele que organizamos as lutas e por onde começamos a retomada dos sindicatos que estavam na mão dos pelegos. Foi também por onde começamos a construir a Federação. Retomá-lo, e colocá-lo a serviço das lutas, é um ponto positivo na organização da classe trabalhadora em Minas e no Brasil", afimou Giba.

Apoiadores e membros da chapa 2 - Chão de Fábrica,
prometem prosseguir a luta depois das eleições
O resultado das eleições ficou da seguinte maneira: a chapa 1 teve 2334 votos (68% dos votos válidos), a chapa 2 teve, por sua vez, 1108 votos (32%), houveram 81 votos em branco e 21 nulos. O total de votos, 3544, não apenas foi inferior ao total de filiados como ficou muito abaixo da base do sindicato, cerca de 70 mil trabalhadores - perto de 5% apenas desta base. Agora, não se trata apenas de construir a oposição para a próxima eleição, mas de reaproximar os trabalhadores de seu sindicato, que está sob severa suspeita da classe.

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