quarta-feira, 20 de maio de 2015

Greve da educação do Pará completa 55 dias de luta

Professores mantêm resistência contra a intransigência do governo de Simão Jatene


por Wellingta Macêdo, de Belém do Pará.


Aluno participa de protesto dos professores paraenses
Foto: Wellingta Macêdo
  No dia 25 de março passado foi deflagrada a greve dos professores da rede estadual de ensino do estado do Pará. Os professores e professoras reivindicam há tempos a valorização do magistério, tão desrespeitado pela política implementada pelo governador do Pará, Simão Jatene (PSDB). Há mais de oito anos Janene governa o estado, que é um dos campeões em falta de estrutura nas escolas públicas, falta de merenda escolar, desvio de verba, o que acaba comprometendo a qualidade de ensino. 


Para além disso, os professores estão lutando pelo pagamento do piso salarial nacional; só que o governo alega que não tem dinheiro e ainda propõe pagar o retroativo do piso em 18 meses. A categoria briga também pela implementação da hora pedagógica e a lotação por jornada, umas das principais polêmicas com o governo, que chegou a chamar os professores de “mafiosos”. Os professores têm realizados passeatas constantes até a SEAD (Secretaria de Administração) e já ocuparam a Seduc (Secretaria de Educação). Na semana passada, ocuparam o CIG (Centro Integrado do Governo) por três dias, numa tentativa de forçar uma negociação com o governo, já que o mesmo até o momento fez apenas uma proposta indecorosa para a categoria e pagou um anúncio milionário na principal rede local, com mentiras e calúnias sobre a greve.

  Na sexta-feira passada, após desocupação do CIG, foi
Assembleia decide pela continuidade da greve
decidida a manutenção da greve, que já dura 55 dias. A desocupação ocorreu sob tensão, já que a proposta de desocupar o local, defendida pelo Sindicato dos Professores do Estado (SINTEPP), ganhou por um voto apenas, pois muita gente queria continuar ocupando a sede do governo. 


Apesar da forte campanha midiática do governo, os professores contam com o apoio de pais e estudantes, que estão sempre presentes nos atos e ocupações, como na do CIG, semana passada. Os estudantes denunciam a falta de reformas nas escolas, uma das reivindicações dos professores. O secretário de educação do estado, Helenílson Pontes, apresentou um plano de reformas nas escolas sem data pra começar e nem pra terminar, o que irritou a categoria. As condições das escolas públicas de Belém, capital do estado, são precárias. Em tempos de inverno amazônico, como esse que estamos vivendo no momento, na hora da chuva, já virou rotina, infelizmente, o alagamento das salas de aula, por conta das goteiras o que obriga as escolas a suspenderem as aulas.

 
Passeata ocupa centro de Belém, após a hora da chuva.
Por isso, os inúmeros guarda-chuvas, peça essencial na cidade.
O governo de Jatene até agora não assinou nenhum documento com a categoria, apenas promete avançar nas propostas, mas tudo da boca pra fora. Nesta quarta-feira, 20, haverá mais uma rodada de negociação e assembleia dos professores, às 15 h, na Escola Cordeiro de Farias. 


O sentimento na base é de resistência, mesmo com os assédios morais, exonerações, descontos, perdas de carga horária. Um verdadeiro terrorismo para minar a luta desta categoria. Ainda assim, mais de 100 municípios no Pará estão em greve. Só em Belém, 80% das escolas estão em greve. Alguns professores temporários foram contratados, mas os estudantes não estão indo para aula, numa clara demonstração de apoio à categoria e revolta com o governo de Jatene.

  Uma mãe de um aluno de uma escola pública, no ato desta segunda de manhã no TJE, disse que o único culpado pelo filho dela não estar em aula é o governo, por não pagar os professores, e denunciou que a escola de seu filho, está caindo aos pedaços. Ela reclamou da justiça, que concedeu ao governo liminar permitindo o desconto aos professores pelos dias parados, e no final bradou: “Eu quero mais honestidade do governo e da justiça”.

A greve continua. Jatene, a culpa é tua!

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