quarta-feira, 25 de novembro de 2015

25 de Novembro! Dia Internacional de Não Violência à Mulher

Por Las Mariposas e por todas as Mulheres espancadas e mortas pelo Machismo!

por Wellingta Macêdo

Elza Soares acaba de lançar um disco fodaço chamado “A Mulher do Fim do Mundo” (não escutaram ainda? Escutem) nada mais atual com a realidade do mundo em que vivemos cujo fim do mesmo, só este ano, foi anunciado mais de uma vez. Numa das canções do disco intitulada “Maria da Vila Matilde”, Elza canta: Cadê meu celular/ Eu vou ligar prum oito zero/ Vou entregar teu nome/ E explicar meu endereço/ Cê vai se arrepender de levantar/A mão pra mim... Elza canta a realidade que ela mesma mulher, preta, de origem humilde já enfrentou e que diversas mulheres, sobretudo, pobres, pretas e humildes, enfrentam todo o dia. A violência doméstica de seus maridos, companheiros, namorados, amantes, mas também a violência do Estado, da polícia e da sociedade provocada pelo Machismo.

O dia de hoje, 25 de Novembro, é marcado internacionalmente, como o Dia da Não Violência à Mulher. Nessa data, em 1960, as irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, conhecidas como “Las Mariposas”, foram brutalmente assassinadas pelo ditador Rafael Leônidas Trujillo, da República Dominicana. As três combatiam fortemente aquela ditadura e pagaram com a própria vida. Seus corpos foram encontrados no fundo de um precipício, estrangulados, com os ossos quebrados. As mortes repercutiram, causando grande comoção no país. Pouco tempo depois, o ditador foi assassinado.


Em 1999, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas instituiu 25 de novembro como o Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher, em homenagem às “Mariposas”. Ou seja, durante um dia no ano, incitam-se reflexões sobre a situação de violência em que vive considerável parte das mulheres em todo o mundo. O problema é que ter só um dia do ano para refletir sobre a violência contra as mulheres além de ser pouco, não resolve. O Machismo está nos matando todos os dias.
           

O último Mapa da Violência contra a Mulher divulgado este mês é assustador e preocupante, além de revelar toda a face cruel do Machismo: Um levantamento feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais mostra que 13 mulheres são assassinadas por dia, em média, no país - uma a cada duas horas - e que as mais desprotegidas são as mais pobres e as negras. O estudo mostra que os índices de violência contra a mulher subiram mais nas regiões Nordeste e Norte. E que as maiores vítimas são as negras.


A canção de Elza Soares não só é pertinente como revela que o Machismo no Brasil aliado ao Racismo velado e mascarado do nosso país, tem como principal vítima a Mulher Negra. Em 10 anos, o número de mulheres brancas assassinadas caiu 10%. E o de negras subiu 54%.

Ou seja, somos não só a carne mais barata do mercado como a carne que mais morre nas mãos dos açougueiros machistas. Açougueiros que às vezes, se vestem de nobres deputados para melhor nos atacar como o famigerado Eduardo Cunha que quer interferir nos direitos reprodutivos das mulheres, criminalizando o uso da pílula do dia seguinte e impedindo à mulher estuprada o direito ao aborto legal.

O 25 de Novembro é importante para lembrarmo-nos de todas as mulheres espancadas, estupradas, assediadas, assassinadas pelo Machismo. Para lembrar aos homens que nós mulheres, não somos suas propriedades. Para lembrar que homem que ama, não bate. Porque um tapinha, ao contrário do que diz a música, dói sim. E muito.

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