Por Las Mariposas e
por todas as Mulheres espancadas e mortas pelo Machismo!
por
Wellingta Macêdo
Elza Soares acaba de lançar um disco fodaço chamado “A
Mulher do Fim do Mundo” (não escutaram ainda? Escutem) nada mais atual com a
realidade do mundo em que vivemos cujo fim do mesmo, só este ano, foi anunciado
mais de uma vez. Numa das canções do disco intitulada “Maria da Vila Matilde”,
Elza canta: Cadê meu celular/ Eu vou ligar prum oito zero/ Vou entregar teu
nome/ E explicar meu endereço/ Cê vai se arrepender de levantar/A mão pra mim...
Elza canta a realidade que ela mesma mulher, preta, de origem humilde já
enfrentou e que diversas mulheres, sobretudo, pobres, pretas e humildes,
enfrentam todo o dia. A violência doméstica de seus maridos, companheiros,
namorados, amantes, mas também a violência do Estado, da polícia e da sociedade
provocada pelo Machismo.
O dia de hoje, 25 de Novembro, é marcado
internacionalmente, como o Dia da Não Violência à Mulher. Nessa data, em 1960, as
irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, conhecidas como “Las Mariposas”, foram
brutalmente assassinadas pelo ditador Rafael Leônidas Trujillo, da República
Dominicana. As três combatiam fortemente aquela ditadura e pagaram com a
própria vida. Seus corpos foram encontrados no fundo de um precipício,
estrangulados, com os ossos quebrados. As mortes repercutiram, causando grande
comoção no país. Pouco tempo depois, o ditador foi assassinado.
Em 1999, a Assembleia Geral da Organização das Nações
Unidas instituiu 25 de novembro como o Dia Internacional da Não Violência
Contra a Mulher, em homenagem às “Mariposas”. Ou seja, durante um dia no ano,
incitam-se reflexões sobre a situação de violência em que vive considerável
parte das mulheres em todo o mundo. O problema é que ter só um dia do ano para
refletir sobre a violência contra as mulheres além de ser pouco, não resolve. O
Machismo está nos matando todos os dias.
O último Mapa da Violência contra a Mulher divulgado este mês é assustador e preocupante, além de revelar toda a face cruel do Machismo: Um levantamento feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais mostra que 13 mulheres são assassinadas por dia, em média, no país - uma a cada duas horas - e que as mais desprotegidas são as mais pobres e as negras. O estudo mostra que os índices de violência contra a mulher subiram mais nas regiões Nordeste e Norte. E que as maiores vítimas são as negras.
A canção de Elza Soares não só é pertinente como revela
que o Machismo no Brasil aliado ao Racismo velado e mascarado do nosso país,
tem como principal vítima a Mulher Negra. Em 10 anos, o número de mulheres
brancas assassinadas caiu 10%. E o de negras subiu 54%.
Ou seja, somos não só a carne mais barata do mercado como
a carne que mais morre nas mãos dos açougueiros machistas. Açougueiros que às
vezes, se vestem de nobres deputados para melhor nos atacar como o famigerado
Eduardo Cunha que quer interferir nos direitos reprodutivos das mulheres, criminalizando
o uso da pílula do dia seguinte e impedindo à mulher estuprada o direito ao
aborto legal.
O 25 de Novembro é importante para lembrarmo-nos de todas
as mulheres espancadas, estupradas, assediadas, assassinadas pelo Machismo.
Para lembrar aos homens que nós mulheres, não somos suas propriedades. Para
lembrar que homem que ama, não bate. Porque um tapinha, ao contrário do que diz
a música, dói sim. E muito.
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