por Wellingta Macêdo, de Belém do Pará
Mais uma chacina no campo coloca o estado do Pará na liderança de
mortes provocadas por conflitos agrários no país.
Em plena terça-feira gorda, 17/02, feriado de carnaval em todo o país, o Estado do Pará acordou com mais uma notícia de uma chacina bárbara e chocante e que fez o estado se tornar, novamente, manchete nacional. Seis pessoas de uma mesma família, entre elas 4 crianças, foram assassinadas na zona rural do município de Redenção, no sul do Pará, de maneira cruel e violenta. A "chacina de Redenção", como já ficou conhecida, chocou pela forma sangrenta em que os corpos foram encontrados num rio do município e revelaram um nível extremo de violência. As vítimas, Washington da Silva, Leidiane Sousa Soares, Matheus de Sousa Barros, Sâmia Letícia de Sousa Muniz, Wesley Washington Sousa Muniz e Júlio César Sousa, foram todas torturadas, antes de serem mortas. A família assassinada tinha acabado de ocupar um assentamento disputado por dois irmãos, que são acusados de serem os mandantes do crime.
Redenção é um município ao sul do Pará, cuja região é palco histórico de conflitos fundiários que já resultaram em dezenas de mortes. O que deixa o Estado do Pará na liderança dos que mais matam no campo. Dados da CPT (Comissão Pastoral da Terra) revelam que, desde 1985 até 2013, foram 645 mortes registradas no Pará, por causa de conflitos agrários. O Maranhão vem em segundo lugar, com 138 mortes registradas no mesmo período, um número cinco vezes menor. Um dos casos de enorme repercussão nacional e internacional foi o assassinato da missionária Dorothy Stang, ocorrido há 10 anos atrás, no município de Anapu, oeste do Pará, e que até hoje não teve um desfecho definitivo. Dorothy era uma das lideranças naquela região e defendia os colonos contra os fazendeiros e grileiros de terra. Fez inimigos e recebia uma centena de ameaças.