por Almir Cezar, da Sucursal Brasília
da Editoria de Economia da ANotA
Apesar da safra recorde, alimentos puxam inflação, que se encontra acima do teto da meta oficial (Foto: EBC) |
Inflação do grupo alimentos - Na última sexta-feira (05), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 6,51% em 12 meses, encerrados em agosto, acima do teto da meta, que é 6,5%. O centro da meta de inflação, que deve ser perseguida pelo BC, é 4,5%.
A pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) mostra que o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) subiu de 0,12% para 0,21%, na primeira prévia de setembro. Sete dos oito grupos pesquisados apresentaram acréscimos. A maior pressão foi do grupo alimentação (de 0,13% para 0,29%), com destaque para as frutas (de 0,99% para 2,30%). O destaque que três dos cinco itens restantes que mais pressionaram o índice, são alimentos: leite tipo longa vida (3,22%); tangerina (28,40%); refeições em bares e restaurantes (0,32%). Os outros dois têm variações de seus preços indexados pela inflação geral: aluguel residencial (0,64%) e plano e seguro de saúde (0,73%).
A pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) mostra que o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) subiu de 0,12% para 0,21%, na primeira prévia de setembro. Sete dos oito grupos pesquisados apresentaram acréscimos. A maior pressão foi do grupo alimentação (de 0,13% para 0,29%), com destaque para as frutas (de 0,99% para 2,30%). O destaque que três dos cinco itens restantes que mais pressionaram o índice, são alimentos: leite tipo longa vida (3,22%); tangerina (28,40%); refeições em bares e restaurantes (0,32%). Os outros dois têm variações de seus preços indexados pela inflação geral: aluguel residencial (0,64%) e plano e seguro de saúde (0,73%).
Supersafra de commodities - Em junho a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgou o levantamento da produção de grãos no Brasil que chegou a 193,6 milhões de toneladas na safra 2013/2014. Esta estimativa representa aumento de 2,6% ou o equivalente a 4,9 milhões de toneladas acima da safra passada (188,7 milhões de toneladas).
Em relação à pesquisa do mês maio, houve incremento de cerca de 2,3 milhões de toneladas, devido à recuperação das lavouras de milho na primeira e segunda safras, feijão na terceira safra e trigo. A cultura desse grão apresentou crescimento 33,4%, atingindo 7,37 milhões de toneladas. O feijão total cresceu 32,3%, com 3,71 milhões de toneladas. O milho total (primeira e segunda safras) teve aumento de 3,6%, devendo ser colhidas 77,9 milhões de toneladas.
Segundo a Conab, a área total destinada ao plantio de grãos deve chegar a 56,9 milhões de hectares, com uma alta de 6,2% se comparado à área de 53,6 milhões de hectares da última safra. A soja cresce 8,5%, passando de 27,7 milhões para 30,1 milhões de hectares. Outras culturas que ampliaram a área foram trigo (18,4%), arroz (0,2%), feijão total (11%).
A área plantada de soja deve ficar entre 26,42 e 27,32 milhões de hectares no período atual, contra 25,04 milhões de hectares na safra 2011/2012, o que representa um aumento de 5,5% a 9,1%. Apesar do crescimento de vários cultivos, mesmo aqueles ao consumo alimentar básico, o levantamento confirma que o plantio de soja tomou a área que foi destinada a outros grãos em anos anteriores, o que o mercado já prévia nos últimos meses.
O primeiro levantamento da Conab com relação à safra passada 2012/2013 a área total ocupada pelo plantio de grãos ficou em 52,21 milhões de hectares, resultado de 2,7% superior ao de 2011/2012. A produção, por sua vez, 182,27 milhões de toneladas, contra 165,7 milhões da safra passada, ou seja, há expectativa de crescimento de 10%.
Além do milho e do algodão, o arroz sofreu uma redução 2,9% na área plantada (de 2.426,7 para 2.356,7 a 2.393,7 mil hectares), e o feijão, de 2,3% (de 3.256,7 para 3,181,9 mil hectares). Como resultado, o consumidor esse ano (2014) acabou impactado por uma inflação desses alimentos.
Mercado prevê alta na inflação - A projeção de instituições financeiras para a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu de 6,27% para 6,29%, este ano, de acordo com pesquisa feita semanalmente pelo Banco Central. Para 2015, a estimativa segue em 6,29%.
Na última sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA chegou a 6,51% em 12 meses, encerrados em agosto, acima do teto da meta, que é 6,5%. O centro da meta de inflação, que deve ser perseguida pelo BC, é 4,5%.
Juros em alta são inócuos e "recessão técnica" - Um dos instrumentos usados para influenciar a atividade econômica e, consequentemente, a inflação, é a taxa básica de juros, a Selic. Na semana passada o Banco Central decidiu manter a Selic em 11% ao ano. A explicação é que as elevações anteriores foram suficientes para gerar os efeitos esperados na economia.
Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), de modo a fazer com que a inflação fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, aumenta a taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. O centro da meta é 4,5%, com limite superior de 6,5%.
Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida alivia o controle sobre a inflação. E quando mantém a taxa básica, como fez na semana passada, o comitê indica que elevações anteriores foram suficientes para produzir os efeitos esperados na inflação. Apesar do BC tem reiterado que os efeitos de alta da taxa básica se acumulam e levam tempo para aparecer, o patamar alta da taxa de juros mostra-se que não vem resolvendo o problema, enquanto isso paralisa a economia.
Juros altos exercem um efeito perverso sobre a mercado, pois são diretamente repassados aos preços dos produtos, o que dificulta vendas e compromete as margens das empresas, muitas vezes já pressionadas pelos importados. A atividade econômica registrou queda no segundo trimestre deste ano, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado (ajustado para o período). A redução foi de 1,2%, comparado com o período de janeiro a março deste ano. Ao mostrar dois trimestres seguidos de contração, a economia entra em recessão técnica.
Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), de modo a fazer com que a inflação fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, aumenta a taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. O centro da meta é 4,5%, com limite superior de 6,5%.
Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida alivia o controle sobre a inflação. E quando mantém a taxa básica, como fez na semana passada, o comitê indica que elevações anteriores foram suficientes para produzir os efeitos esperados na inflação. Apesar do BC tem reiterado que os efeitos de alta da taxa básica se acumulam e levam tempo para aparecer, o patamar alta da taxa de juros mostra-se que não vem resolvendo o problema, enquanto isso paralisa a economia.
Juros altos exercem um efeito perverso sobre a mercado, pois são diretamente repassados aos preços dos produtos, o que dificulta vendas e compromete as margens das empresas, muitas vezes já pressionadas pelos importados. A atividade econômica registrou queda no segundo trimestre deste ano, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado (ajustado para o período). A redução foi de 1,2%, comparado com o período de janeiro a março deste ano. Ao mostrar dois trimestres seguidos de contração, a economia entra em recessão técnica.
Combate eficiente à inflação - Desde 2012, especialistas e o governo olham com atenção para o arroz e o feijão, os vilões da inflação daquele ano. Algumas medidas, como aumento dos estoques reguladores de arroz, reajuste do preço mínimo do feijão e mais crédito para os produtores do grão vêm sendo debatidas pelos órgãos públicos ligados ao setor de abastecimento, para estimular a produção desses grãos. Contudo, desde então pouco avançou.
O último Censo Agropecuário do IBGE, de 2006, mostra que a solução para a alta dos alimentos no Brasil é um grande desafio político, pois passa pela adoção, pelo poder público, de medidas estruturais que têm a ver com a justiça fundiária. Pela primeira vez o IBGE conseguiu levantar dados para ter um perfil da distribuição fundiária do país e medir a participação da agricultura familiar na produção nacional de alimentos. Com 30% de toda a área plantada, a pequena produção responde por 70% dos produtos da cesta básica.
Os números oficiais revelam ainda que 87% da produção nacional de mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 34% do arroz, 50% das aves, 59% dos suínos e 30% dos bovinos procede da agricultura familiar. Mas o modelo de política agrícola que prevalece no país desde o período colonial não facilita a vida dos pequenos agricultores. O país optou pela produção de commodities agrícolas para exportação e nunca fez reforma agrária.
Apesar da grande riqueza no campo gerado pelo agronegócio, o impacto é pequeno sobre o Produto Interno Bruto (PIB), o indicador para medir a atividade econômica do país. No cálculo do PIB a indústria responde por 30% e serviços por 65% do total, enquanto que a agropecuária por meros 5%. E, embora, o PIB seja um bom indicador de crescimento, não é de desenvolvimento, que inclui outros dados como distribuição de renda, investimento em educação, entre outros aspectos.
Atualizado às 16h23
Apesar da grande riqueza no campo gerado pelo agronegócio, o impacto é pequeno sobre o Produto Interno Bruto (PIB), o indicador para medir a atividade econômica do país. No cálculo do PIB a indústria responde por 30% e serviços por 65% do total, enquanto que a agropecuária por meros 5%. E, embora, o PIB seja um bom indicador de crescimento, não é de desenvolvimento, que inclui outros dados como distribuição de renda, investimento em educação, entre outros aspectos.
Atualizado às 16h23
Com informações: Agência Brasil, Banco Central, IBGE e FGV
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