por Rodrigo Barrenechea, da redação
Fotos: Rodrigo Barrenechea |
Na tarde desta quinta (19), a Concha Acústica da Uerj foi tomada por estudantes, trabalhadores e população - unidos em defesa da educação superior pública, laica, gratuita e democrática. O governo Temer, mesmo antes da aprovação da PEC 55, já vinha cortando verbas das universidades e laboratórios de pesquisa, aprofundando uma tendência já observada desde os governos anteriores. Com o Reuni, ao mesmo tempo em que se dava uma desenfreada expansão das vagas sem o consequente aumento do custeio, aumentava a cobrança sobre docentes e técnicos por resultados sem que lhes fossem dadas as condições para alcançá-los. Com Temer a situação piorou, já que com o corte de investimentos e a crise econômica, o que era pouco tornou-se menos ainda. Por outro lado, a educação privada não tem muito do que reclamar. Segundo dados do Sindicato das Mantenedoras do Estado de São Paulo, 78% dos formandos dos últimos 10 anos são egressos de faculdades particulares, que em muito se beneficiaram de programas como Fies e Prouni.
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O ato começou com uma plenária, no início da tarde, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), uma das instituições mais afetadas pela falta de verbas - já que docentes e servidores técnicos administrativos tendo seus salários sendo atrasados por até 2 ou 3 meses, isso desde o ano passado. Nela foi lançada a Frente Nacional em Defesa da Educação Pública Superior, impulsionada pelo Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior (ANDES-SN), pela Federação dos Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Educação Federal Básica (Sinasefe) e pela União Nacional dos Estudantes (UNE). Outras entidades ligadas à educação ou à luta dos trabalhadores, como a Assembleia Nacional Livre dos Estudantes - Livre (ANEL), o Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino (SEPE) ou a CSP-Conlutas (além de outras centrais sindicais), fizeram-se presentes. Sengudo Eblin Farage, da Coordenação Nacional do ANDES-SN, o ato foi "uma bela ação construída de forma coletiva. Vamos à luta. Agora é 25 de outubro com a mulherada na rua, 27 com todo o funcionalismo na rua e 10 de novembro,dia nacional de luta".
Também deu-se a presença de PM armados com armas letais |
Após a plenária, organizou-se uma passeata, que saiu da UERJ em direção ao ISERJ, na rua Mariz e Barros - tradicional escola de formação de professores na zona norte carioca. Fez-se uma parada em frente ao IFRJ (antiga Escola Técnica Federal de Química) - um dos centros universitarios mais atacados pelo corte de verbas do governo Temer. O ato teria transcorrido com tranquilidade não fosse o destempero de um oficial da PM do Rio, que lançou diversas bombas de efeito moral contra os manifestantes. No entanto, estes não recuaram e seguiram o ato assim que a situação se acalmou. Uma ocorrência levantou a suspeita de vários dos presentes: antes que o PM lançasse as bombas, uma pessoa que passava jogou um rojão. Ninguém dos presentes o identificou como parte do ato, o que fez vários pensarem tratar-se de um agente provocador ou infiltrado na manifestação. Os cerca de 600 presentes ao protesto, ao chegarem ao Iserj, puderam ir para casa sem maiores incidentes. Contudo, fica o alerta: aqueles que buscam defender uma melhor educação e os direitos da população a ter um serviço público de qualidade devem estar prontos a se defender do aparato repressivo do Estado, já que os governantes não estão do lado da população, mas dos ricos e poderosos.
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