quarta-feira, 23 de julho de 2014

Atos reivindicando democracia agitaram o Rio nesta terça-feira (22)

Manifestações democráticas contrastaram 
com ofensiva dos governos e da grande mídia

Por Rodrigo Noel*, do Rio de Janeiro
 

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
  A manhã de ontem começou agitada no Rio. Com um ato marcado pela ampla unidade dos setores democráticos da política fluminense, a OAB-RJ recebeu em sua sede, no Centro do Rio, o ato "Em defesa da democracia - Contra a criminalização da liberdade de manifestação". O auditório da seccional ficou pequeno. Marcaram presença parlamentares de esquerda, ativistas de direitos humanos, jovens estudantes, sindicalistas, militantes feministas, advogados e toda uma gama de bravos lutadores e lutadoras que estavam ali em defesa da democracia, em defesa do direito a reunião e organização política.

   Os informes e relatos de arbitrariedades promovidos pelo Governo do Estado do RJ são alarmantes. Vão desde a invasão a casa de militantes sem mandado de busca, com confisco de livros e documentos pessoais, até inquéritos intermináveis, no intuito de perseguir politicamente aqueles que defendem uma sociedade mais justa e fraterna.


   Em sua fala, o presidente do PSTU-RJ, o ex-deputado federal Cyro Garcia, contextualizou a repressão que vivemos nos dias atuais: "O Rio de Janeiro vive com mais intensidade esse recrudescimento da criminalização dos movimentos sociais, mas esse é um processo nacional. Em Porto Alegre nosso companheiro Matheus Gordo teve sua casa invadida, documentos e livros confiscados e é acusado de formação de quadrilha. Em São José dos Campos (interior de SP), o companheiro Renatão foi processado pela mesma juíza que ordenou o massacre do Pinheirinho, por organizar um tradicional bloco de carnaval do sindicato dos metalúrgicos da região", disse.

   A deputada estadual Janira Rocha (PSOL) relatou os diversos casos de perseguição aos bombeiros que lutaram por melhores salários em 2011. Janira lembrou ainda que os bombeiros foram anistiados pelo Congresso Nacional e pela ALERJ (Assembleia Legislativa do RJ).

   Ao final do ato, foram organizadas comissões de diálogo com os movimentos sociais, de profissionais do Direito e outra comissão que reúne os parlamentares, a fim de organizar a luta em defesa da democracia nos mais diversos âmbitos de atuação. Antes de encerrar a atividade, chegou a todos e todas a informação que a ALERJ acabara de abrir um inquérito disciplinar contra a deputada Janira Rocha por esta ter dado carona a advogada Eloisa Samy ao sair do Consulado do Uruguai, onde foi pedir asilo na terça-feira.

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Mídia criminaliza e faz o serviço sujo dos governos

   Em matéria publicada no jornal O Globo, são feitas acusações a diversos sindicatos, como o Sepe/RJ e o Sindipetro-RJ, de envolvimento com os ativistas acusados. Tanto o Sepe/RJ quanto o Sindipetro-RJ responderam as absurdas acusações desse mesmo grupo de comunicação que apoiou o golpe civil-militar de 1964. Como disse Cátia Guimarães, no artigo Imprensa renova instrumentos da ditadura, "um jornalista que não só aceita como passa adiante a informação de que a polícia encontrou provas “robustas e consistentes” de que os prisioneiros cometeriam ações violentas na final da Copa, sem confrontar os adjetivos com as evidências materiais, não vale o diploma nem o crachá que exibe, seja ele qual for".

À noite, ato cultural pede libertação dos presos políticos

   No fim do dia, outra manifestação, realizada também no centro do Rio, pediu pela liberdade aos presos políticos. Reunidos em frente ao Tribunal de Justiça do RJ, os ativistas lavaram a escadaria do prédio, em protesto às prisões arbitrárias e em alusão ao caso de Rafael Braga. Rafael foi preso por supostamente portar explosivos e levado ao complexo penitenciário de Bangu, quando na verdade estaria levando um "Pinho Sol" em sua mochila.

   Apesar da forte presença policial, o ato - que depois seguiu do TJ até a Cinelândia, onde foi realizado uma atividade cultural - transcorreu em calma. Uma fotógrafa que esteve presente ao ato foi continuamente provocada pelos policiais, que diziam a ela que "isso não ia dar em nada", "que todo mundo ia mofar na cadeia", entre outras afrontas.

Depois da tempestade...

   No início da noite de hoje (23) o desembargador Siro Darlan, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), concedeu liberdade provisória aos 23 ativistas perseguidos. Apesar de ser uma vitória parcial, fruto da pressão democrática que os mais amplos setores políticos estão exercendo, temos muito a comemorar. Veja aqui quem  teve o pedido de liminar deferido, podendo aguardar o julgamento da ação penal em liberdade.

*Colaborou Rodrigo Barrenechea

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