sábado, 25 de maio de 2013

Futebol feminino: Reflexões

Por Eduardo Tacto, presidente da ATFF-RJ

   Apesar da influência significativa que o futebol tem na cultura brasileira, a figura da mulher se apresenta de forma tímida e oprimida, como comprova o Decreto Lei 3.199 de 1941, vigente até 1975, que proibia a prática de futebol para as mulheres.

   Considerando o papel pedagógico das práticas corporais e esportivas torna-se necessário colocar em suspeição os discursos preconceituosos, com relação ao futebol feminino. Se o esporte é abre um espaço, que possibilita o exercício de sociabilidades, por que a prática feminina, no futebol, ao invés de ser incentivada, é considerada, em pleno século XXI, uma despesa e não um investimento, além de uma ameaça?

   Internacionalmente o futebol feminino hoje possui o reconhecimento da FIFA, que organiza a Copa do Mundo, nos moldes da masculina, de quatro em quatro anos, desde 1991, além de mundiais de categorias de base (sub 20 e sub17), de dois em dois anos e também cursos para mulheres tornarem-se árbitras e treinadoras.

   Em países como Estados Unidos, Alemanha, Noruega, Suécia, Japão, França e Canadá a modalidade tem boa aceitação cultural, organização e, por consequência, grande número de praticantes e nível técnico (coletivo) em estágio mais avançado que o do Brasil. Até os dias de hoje o Brasil nunca foi Campeão Mundial (em qualquer categoria) ou Olímpico de Futebol Feminino. Mesmo que não venha a ter as cifras milionárias do futebol masculino, o futebol feminino nestes países citados e mais alguns, está estruturado e possibilita retorno (também financeiro) à atletas, treinadores e demais profissionais atuantes no meio.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Delegado da PF responderá a inquérito por apreender equipamentos de jornalista

Por Daniel Santini e Verena Glass, em Repórter Brasil

Durante ação de desocupação de indígenas Terena, delegado Alcídio de Souza Araújo apreende computador e gravador de jornalista. Entidades de classe repudiam ação

O delegado Alcídio de Souza Araújo, da Superintendência da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul, responderá a inquérito interno pela apreensão irregular de equipamentos do jornalista Ruy Sposati no sábado, dia 18, durante ação de desocupação de indígenas Terena em uma fazenda em Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul. Sem apresentar ordem judicial ou dar explicações, o policial determinou a apreensão de um computador, um gravador e lentes para câmara fotográfica, todos retirados da mochila do profissional. O jornalista fazia a cobertura para a página do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organização que acompanha questões indígenas.

A Repórter Brasil tentou ouvir o delegado, mas ele informou que não poderia dar entrevistas sem autorização do superintendente Edgar Paulo Marcon.  O superintendente, por sua vez, por meio da assessoria de imprensa, informou que ele responde a inquérito sobre o caso e não está autorizado a se pronunciar enquanto não apresentar relatório justificando o procedimento.

A apreensão foi registrada em vídeo:



Além de responder a inquérito na Polícia Federal, o delegado pode ter problemas em outras esferas. De acordo com o advogado do Cimi, Adelar Cupsinski, a entidade está entrando com representações contra Araújo no Ministério da Justiça, no Ministério Publico Federal (MPF) e na Ouvidoria da Polícia Federal. “As representações são por abuso de autoridade, uma vez que o delegado não tinha ordem de busca e apreensão e feriu explicitamente o direito constitucional do exercício de profissão do jornalista Ruy. Mas também estamos pedindo a abertura de investigações criminais, uma vez que a retenção ilegal do equipamento do repórter pode configurar vários outros crimes previstos no código penal. Num segundo momento, entraremos também com um processo por danos morais e materiais”, afirma Cupsinski. Clique aqui para ler a representação do Cimi.

No MPF, quem acompanha a questão envolvendo os Terena é o procurador Emerson Kalif Siqueira. A reportagem tentou contato nesta segunda-feira, 20, sem sucesso.

Direito à informação
A apreensão de equipamentos do jornalista também provocou reações entre organizações que defendem o trabalho da imprensa. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul acompanham a questão. O presidente da Fenaj, Celso Schröder, vê com preocupação ações contra jornalistas não só no Estado, mas em todo o país.

“Pessoas incomodadas com atividade jornalística movem-se no sentido de inibi-la, impedi-la. Essas ações têm elementos cerceadores e acontecem em vários níveis no Estado Brasileiro. No Judiciário, jornalistas enfrentam ações para tirar blogs do ar sem praticamente nenhuma possibilidade de defesa. No Executivo, há ações de agentes de estado como polícias federais e policiais militares. Em alguns casos existe uma incompreensão, uma confusão; em outros há má fé. É uma vertente com viés autoritário”, afirma.

“A ideia de impedir que a informação circule a partir de uma ação de autoridade é perigosa e precisamos reagir a isso. No Brasil está aumentando o número de morte e violência contra jornalistas. E, enquanto em outros países a violência está relacionada à cobertura de guerra ou policial, no Brasil ela aparece na área política. Quando o trabalho do jornalista é considerado impertinente, a autoridade o inibe. Isso é uma ameaça ao Estado de Direito. Se olharmos países como México, Colômbia e Honduras, estados paralelos se estabeleceram a partir da impressão que a imprensa precisava ser calada, que aquilo que se produzia não era do interesse de determinados setores”, completa, para finalizar:

“Não combatemos mau jornalismo com não jornalismo. Bom jornalismo é aquele livre. Tem que ser regrado, submetido a princípios republicanos, legais, porque ninguém está acima da lei, mas em que os jornalistas tenham liberdade para trabalhar”.

Entenda o caso

A operação em que o jornalista teve equipamentos apreendidos aconteceu na Fazenda Buriti, em Sidrolândia (MS), a cerca de 70 km de Campo Grande (MS). Conforme determinação judicial,  600 famílias Terena devem ser retiradas do local. Além da Polícia Federal, também foram destacadas para ação a Tropa de Choque da Companhia Independente de Gerenciamento de Crises (Cigcoe) e a Polícia Rodoviária Militar

Os indígenas alegam que a área faz parte da Terra Indígena Buriti, declarada em 2010 como de ocupação tradicional pelo Ministério da Justiça. Em nota sobre a reintegração em si, a assessoria de imprensa da Polícia Federal reitera a necessidade de cumprir a determinação judicial, e alega que o Cimi prejudicou as negociações. “As diversas reuniões ocorridas com lideranças indígenas em busca da solução pacífica da crise não chegaram ao resultado esperado, especialmente em razão da presença de indivíduos estranhos  à comunidade indígena, que se apresentaram como sendo representantes do CIMI e da COPAI/OAB/MS [Comissão Permanente de Assuntos Indígenas da Ordem dos Advogados do Brasil / Mato Grosso do Sul], apontados pelos próprios indígenas como os motivadores do agravamento da ocupação e os estimuladores da desobediência à ordem judicial vigente”, diz o texto. Leia na íntegra.

Não é a primeira vez que o delegado Alcídio comanda uma operação contra indígenas Terena. Em 2010, em Miranda (MS), ele esteve à frente da negociação frustrada de desocupação, que resultou em uma ação violenta com uso de bombas de efeito moral e disparo de balas de borracha. O episódio também foi registrado em vídeo, confira: 




sexta-feira, 17 de maio de 2013

Futebol Feminino: Derrubando preconceitos

Por Eduardo Tacto, presidente da ANAFF-BRASIL

   No país do futebol, preconceito ainda impõe barreiras à prática feminina. Parece incrível mais essa é uma dura realidade que milhares de atletas enfrentam em nosso país todos os dias. Muitas enxergam no esporte um objetivo de vida, uma chance para o sucesso ou simplesmente a realização de uma vontade pessoal. Contudo, o esporte que deveria ser valorizado e que vai muito além de uma atividade física ou de uma brincadeira, hoje é marginalizado.As mulheres em geral já enfrentam problemas em nossa sociedade, pois ganham menos que os homens, são consideradas inferiores, tem enormes dificuldades para alcançar postos mais altos nas empresas e ainda são vulgarizadas por músicas e etc. E em relação ao futebol feminino essa realidade não muda.

   No país do futebol, onde são investidos milhões de reais todos os anos no masculino, muito pouco é usado para o desenvolvimento da modalidade para mulheres. Muitos clubes relutam ou não apostam em montar equipes femininas. Nas escolas não há incentivo e poucas são as políticas públicas para a massificação do esporte. Quantas meninas espalhadas pelo Brasil, não devem sonhar e ter vontade de jogar futebol? Mas muitas vezes deixam esse sonho de lado, por não ter onde praticar, por preconceito, por medo e até por vergonha.

   Será que nossas meninas não têm o direito de querer ser uma Marta? Um grande espelho para o futebol feminino e para milhares de jovens. Em termos de seleção feminina o Brasil evoluiu muito, tendo conquistado por mais de uma vez, o título de campeão Sul-americano, vice-campeão mundial e medalhas nos Jogos Olímpicos. Entretanto, por mais que nossas atletas corram em campo, suem a camisa e façam belos gols que encantam diversos jogos, muitos deles em campos esburacados, as dificuldades são enormes. Não existem patrocínio ou incentivo e nossa cultura geral do senso comum acha que futebol é só para homem.

   Devemos apostar no futebol feminino sim, teremos agora pela frente eventos de grande porte, como a Copa e Olimpíadas, e por que não acreditar que nossas meninas podem trazer uma medalha de ouro. Independente do resultado do campo e do número de gols, cada menina que joga bola merece uma medalha de ouro. Medalhas por lutar contra o preconceito, medalhas por acreditar em um sonho e medalhas por jogarem futebol. Devemos mudar nossa cultura e valorizar o futebol feminino e ai sim estaremos marcando um dos maiores golaços que já poderíamos ter visto dentro do campo de futebol.

Ex-ditador da Argentina morre na prisão


   O ex-ditador da Argentina, Jorge Videla, morreu, aos 87 anos, nesta sexta-feira, dia 17, de causa ainda não revelada. Ele cumpria prisão perpétua por comandar o aparato que matou mais de 30 mil pessoas em seu país.

   Videla encabeçou o golpe de 24 de março de 1976 que derrubou o governo de Isabel Perón e deu início a um período de forte repressão na Argentina. Sob seu comando, o país conviveu com casos de sequestros, desaparecimentos e torturas de quem se opusesse ao regime. O governo de Videla foi considerado um dos mais cruéis e repressores da América Latina.

   Estima-se que durante o seu governo mais de 500 bebês (filhos de guerrilheiros e militantes desaparecidos) foram sequestrados e entregues a famílias de militares. Videla ficou no poder entre 1976 e 1983. Ainda hoje, mães e avós mantêm uma campanha de busca aos sequestrados.

Condenação
   Na década de 80, após a queda do regime militar, ele chegou a ser julgado e condenado, mas foi beneficiado pela lei de anistia. Videla só voltou aos tribunais em 2010, com a revogação da lei que beneficiava os criminosos da ditadura. Em novo julgamento, o ditador foi condenado à prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade.

   No Brasil, os crimes cometidos pelo regime militar, entre 1964 e 1985, continuam impunes. Assim como Argentina, a ditadura promoveu sequestros, assassinatos e torturas contra os opositores ao regime. Entretanto, a Leia da Anistia brasileira não permite a punição dos criminosos. Na Argentina, desde 2010 aconteceram mais de 700 julgamentos.

   Hoje, a Comissão Nacional da Verdade investiga os crimes cometidos durante a ditadura brasileira, mas tem trabalho limitado, pois ninguém pode ser preso.

   “O Brasil precisa rever a Lei da Anistia e punir com rigor todos aqueles que mataram e torturaram em nome da ditadura. A Justiça Argentina é um exemplo a ser seguido por nosso país”, afirma o secretário-geral do Sindicato, Luiz Carlos Prates, o Mancha.

Internet avança, mas segue limitada

Por Alexandre Haubrich, em Jornalismo B

   Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011, divulgados no último dia 15, mostram avanços e limitações da internet no Brasil e, como consequência, dão indícios do potencial e da limitação do ativismo político via web e do uso da internet como espaço de comunicação alternativo. Em 2011 menos de 50% da população brasileira acessava a internet. Porém, o crescimento de pessoas conectadas entre 2005 e 2011 foi assombroso e animador.

   Em 2005, 20,9% dos brasileiros usavam a internet. Em 2011 já eram 46,5%. Um crescimento de 45,8 milhões de pessoas, média de 21 mil por dia, como mostrou matéria do site do Estadão. O crescimento é consistente, mas os dados não mostram como se dá, se através de computadores pessoais, lan houses ou acesso nas escolas. Nas escolas públicas há também um aumento importante (24,1% para 65,8%).

   O que os dados mostram é que, por um lado, o ritmo de crescimento é muito alto, e a penetração da internet e, consequentemente, a influência e a capacidade de inserção de seu conteúdo têm se expandido com força. Por outro lado, menos de metade da população está conectada, o que mostra que ainda estamos muito limitados, especialmente se considerarmos que certamente a grande maioria dos que acessam a internet não passam perto de conteúdos políticos críticos. Ou seja, nossa capacidade de transformação política em ações que se limitam à internet é muito pequena.

   Ficam demonstradas, assim, as possibilidades que vão se abrindo com a expansão da internet, mas, ao mesmo tempo, a necessidade de que o online seja entendido como mais uma plataforma, com suas especificidades, para formas de luta e pautas que a transbordem.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Em um ano, triplica número de registros de famílias removidas no Rio; megaeventos esportivos servem de justificativa oficial

Trator derruba casas no Largo do
Tanque, uma das comunidades afetadas
(Foto: Liane Milton/ RioOnWatch)
   De acordo com o Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro, lançado nesta quarta-feira (15) pelo Comitê Popular da Copa e Olimpíadas, cerca de três mil famílias já foram removidas de seus locais de moradia em função dos megaeventos esportivos.

   Há um ano, quando o grupo publicou a primeira versão do documento, estavam registradas mil famílias deslocadas. Orlando Júnior, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur-UFRJ), ressalta que outras 7 mil estão ameaçadas de remoção. No total, são cerca de 10 mil famílias impactadas.

   Ele avalia que a situação de violação ao direito à moradia pode ser ainda pior, explicando que esses dados são subestimados diante “de uma completa falta de informações oficiais”. Segundo Orlando, está em curso uma “ política de relocalização dos pobres na cidade” do Rio.

   Ravel Mendonça, presente ao lançamento do Dossiê, é jogador de vôlei de praia da seleção brasileira sub-19 e treina diariamente por pelo menos seis horas para participar das Olimpíadas de 2016. Porém, este objetivo se tornou mais difícil depois que sua família foi expulsa do Largo do Tanque, na Zona Oeste da cidade. A comunidade foi cortada pela construção da Transcarioca, via expressa que irá da Barra da Tijuca, polo empresarial do Rio, até os arredores do Aeroporto Galeão.

   O atleta conta que ele, seus pais e seus dois irmãos foram “pegos de surpresa” e que a indenização pela casa foi tão baixa que forçou a família a se mudar para “um local improvisado”, sem serviços públicos básicos. Desde então, o adolescente abandona o último horário de aula na escola para conseguir chegar aos treinos. Além disso, um dos irmãos de Ravel é portador de autismo e enfrenta problemas para prosseguir com seus tratamentos.

Arte do chargista Latuff
   O Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio aponta que situações como essa refletem um processo de “elitização e mercantilização da cidade” que avança em um “sentido oposto ao da integração e promoção da dignidade humana”. O Dossiê traça um quadro de violações que envolvem questões relacionadas à moradia, segurança pública, meio ambiente, mobilidade, esporte, trabalho e acesso à informação. (pulsar)
Ouça e baixe os áudios no link de origem da matéria aqui

terça-feira, 7 de maio de 2013

Vazamento de óleo diesel suspende captação de água em municípios do Rio

Por DB, Agência Rio

   Aproximadamente 8.000 litros de óleo diesel vazaram de um oleoduto da Transpetro em São João do Barreiro, São Paulo, na tarde de segunda-feira (6) De acordo com nota divulgada pela Companhia, criminosos invadiram as instalações da Transpetro para furtar óleo diesel e com isso danificaram uma válvula da unidade.

   A empresa disse ainda que assim que foi detectada a ação criminosa, o Centro Nacional de Controle Operacional da Companhia bloqueou a movimentação do diesel no duto.

   O combustível atingiu os rios Formoso, Sesmaria e Paraíba do Sul. Foram mobilizados cerca de 100 homens, barreiras de contenção e barreiras absorventes. As equipes da Transpetro estão utilizando helicóptero, barcos de apoio, caminhões vácuo, entre outros equipamentos. Os trabalhos de contenção do produto estão sendo realizados em parceria com a Defesa Civil.

   Para evitar contaminação no abastecimento de água, os municípios de Volta Redonda, Barra Mansa e Pinheral, no Rio de Janeiro, suspenderam preventivamente a captação de água do rio Paraíba do Sul. De acordo com a Cedae, empresa responsável pelo abastecimento de água na maioria das cidades do Estado do Rio de Janeiro, não há risco de contaminação.