terça-feira, 6 de novembro de 2012

Setor pecuário concentra mais de um terço de trabalho escravo na Amazônia

Por Agência Pulsar

Mais de um terço das libertações de escravos realizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), de janeiro a outubro de 2012, aconteceram em fazendas de gado dentro dos limites da Amazônia Legal.

Os dados divulgados pela Repórter Brasil são da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Dos 150 flagrantes registrados até agora em 2012, 54 envolveram pecuária na região. Estatísticas gerais sobre o assunto foram divulgadas na semana passada e reforçam a associação entre desmatamento para abertura de pastos e trabalho escravo.

Segundo Xavier Plassat, da CPT, o número de ocorrências de trabalho escravo é alto porque a pecuária reúne tarefas que não exigem especialização e que empregam mão de obra de maneira apenas esporádica. Esses fatores estariam relacionados a baixos salários, ausência de carteira assinada e condições degradantes.

Além da pecuária, outras atividades relacionadas ao desmatamento também têm utilizado escravos na Amazônia. Ao todo, foram 91 casos na região em 2012, incluindo os 54 da pecuária, o que representa 60,7% de todos os casos do país.

Xavier ressalta que os dados são baseados nas fiscalizações do MTE e que o número de flagrantes depende das áreas em que as ações acontecem. Por isso, como explica o frei, os dados são um indicativo de onde ocorrem os principais casos de escravidão no Brasil e não um retrato exato.

No Brasil, entre os principais estados que lideram esta atividade econômica estão o Pará e o Mato Grosso, com respectivamente 18 milhões e 29 milhões de cabeças de gado bovino. Esses dados são da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) de 2011 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expansão da pecuária está ligada ao avanço do desmatamento sobre a Amazônia, no chamado "Arco de Fogo do Desmatamento", que se concentra nos dois estados.

Ocorrências na construção civil e em confecções têxteis representam 11,3% do total de flagrantes levantados pela CPT. Neste ano, o MTE chegou a libertar, em três fiscalizações diferentes, 167 vítimas do trabalho análogo ao de escravo em empreendimentos da construção civil. No ramo têxtil, este ano em São Paulo, 23 migrantes foram resgatados de condições de trabalho degradante, enquanto costuravam para a grife de roupas Gregory.

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