quinta-feira, 7 de abril de 2016

No Pará, a aula hoje foi nas ruas!

Estudantes secundaristas do Pará, realizam ato contra a redução de carga horária de disciplinas e o fechamento de turmas.

 por Wellingta Macêdo, direto de Belém do Pará

Os estudantes das escolas públicas brasileiras vêm desde o ano passado, dando um exemplo de luta e organização por uma educação pública gratuita e de qualidade. Os exemplos de São Paulo, com as ocupações de escolas que se espalharam por todo país tendo repetição em estados como Minas e Goiás, o exemplo agora do Rio de Janeiro, com escolas ocupadas, demonstram que o projeto da “Pátria Educadora”, alardeado pelo PT e Dilma Roussef e implementado pelos governos estaduais, é uma falácia e um ataque brutal nos sonhos da juventude brasileira que deseja uma educação pública de qualidade.

No Pará, não é diferente. O governo de Simão Jatene do PSDB, vem desde o ano passado tentando aplicar um plano de Reorganização das Escolas Estaduais, nos moldes do que tentou Alckmim em São Paulo. Esse plano consiste no fechamento de turmas e realojamento de alunos para outras escolas. E agora tem mais uma novidade: A redução de carga horária dos professores das disciplinas de História e Geografia, sem conversar com a categoria e com os estudantes, num claro exemplo de autoritarismo do governo.


Por isso hoje de manhã, cerca de 2.000 pessoas, na sua maioria estudantes de 10 escolas públicas de Belém, 5 de Ananindeua que fica na região metropolitana da cidade e também de Barcarena, município que fica a 111 km da capital paraense, realizaram um ato unificado com os professores do Ensino Médio no centro de Belém, protestando contra essa decisão que mexe diretamente na matriz curricular do ensino médio paraense, prejudicando estudantes além de prejudicar os trabalhadores da Educação no Pará, que terão seus salários reduzidos. Em Palestina do Pará que fica no sul do estado, também teve ato.

A professora Luana Paranhos que dá aula de língua portuguesa, em uma escola pública de Belém, foi taxativa em dizer que esta decisão do governo estadual, é “um ataque frontal aos direitos dos estudantes e dos professores do estado. É uma decisão arbitrária que prejudicará todo mundo”.

Com gritos como “Não tem arrego, se tu tiras nossa escola. Nós tiramos teu sossego”, os estudantes e professores fizeram uma caminhada até à SEAD, a Secretaria de Administração do Estado, onde uma comissão seria recebida para discutir a questão da redução de carga horária e também o fechamento de turmas do Ensino Médio. Para Abel Ribeiro do coletivo Luta Educador, esses ataques do governo estadual são parte do plano de Ajuste Fiscal do governo federal. É o sucateamento e a precarização do ensino público do Pará, que tem as piores notas no Fundeb, professores que não recebem o piso nacional e um grau altíssimo, de analfabetismo e de crianças na idade pré-escolar fora da escola. “A educação paraense está um caos”, disse Abel.

A estudante Mariane Nunes de 15 anos, traduziu a angústia dos estudantes presentes no ato: “Se essas medidas do governo passarem, somos nós, os estudantes, os maiores prejudicados porque estamos em fase de estudos para o Enem e com a redução da carga horária de disciplinas importantes, não estaremos preparados o suficiente para o exame”, disse ela preocupada.

Um novo indicativo de ato está marcado para quinta-feira. Isso é apenas o começo, gritaram estudantes e professores. Que o governo de Jatene se prepare, porque ainda vai ter muita luta!

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